Nos últimos Jogos Olímpicos de Londres,
atletas do sexo feminino desempenharam performances incríveis e fizeram
parte de momentos marcantes cada qual em seu esporte. Na verdade, a
participação das mulheres em modalidades esportivas vem aumentando
significativamente nas últimas décadas em todo o mundo. Durante o mesmo
período, o número de atletas incorporando exercícios físicos durante a
gravidez também tem crescido de forma expressiva.
Assim sendo, mais recentemente surgiram importantes
investigações científicas examinando o impacto fisiológico de tais
atividades durante a gestação. Um número crescente de pesquisadores
internacionais na cadeira da fisiologia do exercício vem obtendo
conhecimentos e dados pertinentes sobre o assunto. De fato,
as conclusões e provas de tais investigações não deixam dúvidas que a
prática física moderada desempenhada ao longo da gestação acarreta
importantes benefícios em prol da saúde.
Em conversa por telefone, o Dr. Gregory Davies, professor da Divisão
de Medicina Materno-Fetal e da Faculdade de Motricidade Humana da Queen’s University
no Canadá, destacou os riscos à saúde associados com a falta de
atividade física durante a gravidez, que incluem a perda de
condicionamento físico, o ganho excessivo de peso materno, um maior
risco de diabetes gestacional, a hipertensão induzida pela gestação, o
desenvolvimento de outras doenças circulatórias, dores lombares e a
deterioração do bem-estar psicológico.
No entanto, a questão do exercício praticado com cargas de alta
intensidade, ou seja, frequências cardíacas mais elevadas ao longo da
gestação, ainda é tema de debate e muita discussão dentro do âmbito da
fisiologia do exercício. Muitas atletas de alto rendimento, assim como
outras mulheres em geral, optam por continuarem a praticar as atividades
físicas durante a gravidez com cargas excessivas. Consequentemente, é
muito importante determinar quando tais protocolos se tornam nocivos,
potencialmente predispondo o feto a riscos.
A atividade física com programas de alta intensidade pode precipitar
alterações cardiovasculares que potencialmente podem comprometer o
bem-estar do feto. A hipótese levantada por muitos especialistas, é que o
exercício praticado com uma frequência cardíaca elevada durante este
período poderia causar uma drástica redistribuição do débito cardíaco
(um redirecionamento do fluxo sanguíneo dos órgãos viscerais para a
musculatura esquelética), em detrimento das necessidades fisiológicas do
feto, ocasionando a hipóxia fetal.
Infelizmente, notamos que há uma falta de estudos que investigam de forma rigorosa o impacto fisiológico da prática
do exercício com cargas de alta intensidade neste caso específico. Além
disso, quase não há estudos examinando o assunto por um período maior.
Assim sendo, a informação que temos sobre o tema é de certa forma
limitada e pouco conclusiva para que os pesquisadores da área cheguem a
um consenso definitivo, sobre exatamente quais devem ser as diretrizes a
serem adotadas.
Mesmo assim, em um estudo recente, examinando atletas de alto
rendimento durante a gravidez, pesquisadores noruegueses concluiram que o
bem-estar fetal pode ser comprometido quando o exercício é praticado de
forma extenuante.
Kjell Salvesen, o professor que liderou o estudo, advertiu
para não tirarmos conclusões precipitadas sobre os resultados da
investigação, pois poucos participantes fizeram parte da mesma.
“No entanto, acredito que as observações constatadas em nosso
laboratório são suficientemente alarmantes e merecedoras de pesquisas
mais aprofundadas no futuro, com o intuito de averiguar o assunto mais a
fundo, não somente em atletas de alto nível, como foi feito em nosso
estudo, mas também em outras mulheres que almejam se exercitar durante a
gravidez com cargas caracterizadas por intensidades mais altas,” disse
ele.
“Assim sendo, durante a gestação as mulheres devem ter cautela quando
adotarem cargas mais intensas e não devem se submeter a nenhum
protocolo de exercício, cuja intensidade da atividade física ultrapasse
90% da frequência cardíaca máxima materna,” acrescentou o Dr. Salvesen.
Quando perguntei ao doutor sobre a quantidade de exercício
considerada apropriada para as mulheres praticarem durante a gestação,
ele afirmou que, “A prática física composta por uma caminhada ou jogging
de 4 a 5 dias por semana durante 30 a 45 minutos, caracterizada por uma
intensidade durante a qual um bate papo seja possível, é considerada
segura e recomendável para todas as gestantes saudáveis.”
Entretanto, é importante notar, que a caminhada e o jogging
não são as únicas modalidades disponíveis para aquelas mulheres que
procuram os benefícios fisiológicos do exercício ao longo do período de
gestação.
Robert McMurray, um renomado fisiologista da University of North Carolina, me disse que durante a gravidez a prática de certos esportes pode ser mais apropriada que outras.
“Eu ainda acredito que a natação é a melhor modalidade esportiva
durante esse período por diversas razões: ela é benéfica para o sistema
cardiovascular, ela mantém e desenvolve o tônus muscular, ela facilita
a fluidez do fluxo sanguíneo materno-fetal, e causa menos problemas
relacionados ao equilíbrio. A natação também ocasiona uma menor
sobrecarga sobre as articulações, e menos riscos relacionados à elevação
da temperatura corporal, pois, a água ajuda a dissipar o calor com
maior eficiência do que o ar,” afirmou o Dr. McMurray.
Em suma é sempre aconselhável que as mulheres discutam suas práticas
físicas e cargas de exercícios com seus médicos. No entanto, para
aquelas sem nenhum risco adicional na gestação, um regime de exercícios
de intensidade moderada deve fazer parte do seu cotidiano.
Consequentemente, elas devem sempre desempenhar atividades físicas
durante a gravidez e se preparar fisicamente para o nascimento do bebê.
“Elas deveriam treinar para tal dia como se fosse as ‘Olimpíadas do
Nascimento’, incorporando o exercício em suas rotinas diárias até mesmo
durante todo o terceiro trimestre caso seja tolerável,” afirmou o Dr.
Davies, que completa dizendo que, “Elas também deveriam seguir os seus
programas físicos específicos às necessidades da gravidez da mesma forma
que os atletas olímpicos se dedicam para a preparação de uma
competição.”
Fonte: Boainformacao.com.br http://www.boainformacao.com.br/2012/08/o-impacto-do-exercicio-na-gravidez/
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