“A sífilis congênita, transmitida da mãe para o bebê, é uma doença de fácil prevenção, e o acesso precoce à testagem é essencial ao tratamento, não só para o recém-nascido, mas também para a gestante durante o pré-natal”, ressalta o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. Segundo ele, o ideal é que todas as mulheres grávidas façam esse exame durante as consultas do pré-natal, ao longo da gravidez, conforme recomendado pelo Ministério da Saúde.
Rede cegonha - Para avançar no cumprimento do objetivo de eliminar a doença enquanto problema de saúde pública até 2015, o Ministério da Saúde conta também com a implantação da Rede Cegonha, visando ampliar a oferta do teste rápido de sífilis no pré-natal. Uma grande vantagem dessa estratégia é a possibilidade da gestante sair da consulta de pré-natal já com o resultado do teste e, com seu tratamento iniciado, caso necessário.
O número desses exames rápidos distribuídos até setembro de 2012 foi sete vezes maior do que todo o ano de 2011 – de 31,5 mil para 237 mil unidades. Com essa nova tecnologia, a gestante tem a oportunidade de saber se já teve contato com o agente causador da doença (Treponema pallidum), em apenas 30 minutos, durante a consulta de pré-natal.
Para que o tratamento da mãe seja efetivo e evite a transmissão ao recém-nascido, o procedimento deve ser realizado até um mês antes do parto. Se infectado pela sífilis, o recém-nascido deve ficar internado por dez dias para receber a medicação adequada. O maior desafio para interromper a cadeia de transmissão da sífilis congênita, segundo o secretário, é tratar também o parceiro. “Os homens resistem mais em cuidar da saúde, fato que acaba causando impacto na família. É que a parceira pode ser reinfectada, mesmo que a mulher tome corretamente a medicação,” explica Jarbas Barbosa.
O Estudo Sentinela Parturiente 2012 - Projeto de verificação da prevalência do HIV e sífilis em parturientes -, do Ministério da Saúde, confirma: das mulheres que foram identificadas com sífilis em 2011, durante o pré-natal, apenas 11,5% tiveram seus parceiros tratados.
No ano de 2011, foram diagnosticados 9.374 casos de sífilis congênita, com taxa de incidência de 3,3 casos para cada 1.000 nascidos vivos. A região que apresenta a maior taxa de incidência de sífilis congênita é a Nordeste, com 3,8 casos a cada 1 mil nascidos vivos, seguida da Sudeste, cujo índice é de 3,6. O Centro-Oeste é o que tem o menor número proporcional de recém-nascidos com a doença: 1,8.
No ranking dos estados, o Rio de Janeiro é o que tem a maior taxa de sífilis congênita - 9,8 ocorrências da doença a cada 1 mil recém-nascidos. O estado do Ceará é o segundo com (6,8) e Sergipe o terceiro com (6,7). O local com menor taxa de sífilis em recém-nascidos é o Piauí (0,8), entretanto, esse dado pode refletir a subnotificação.
O Dia Nacional de Combate à Sífilis foi criado pela Sociedade Brasileira de DST em 2006, para mobilizar o poder público e a sociedade para ações que visem eliminar a sífilis congênita. A data é sempre lembrada no terceiro sábado de outubro, que neste ano ocorrerá no dia 20.
Campanha – Reduzir o número de pessoas infectadas pela sífilis e aumentar a testagem para detecção da doença são estratégias da campanha nacional pelo diagnóstico prevista para entrar em circulação em rádios e TVs a partir de novembro. A campanha, que tem o apoio do Ministério da Saúde é uma iniciativa da Organização não Governamental Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida.
O filme para TV incentiva a testagem e o spot para rádio ressalta a importância da prevenção com o uso da camisinha. O material apresenta também os principais sintomas da doença e informa sobre a importância do diagnóstico precoce da sífilis. As peças serão veiculadas por dois meses e voltadas ao público em geral, com foco em homens e mulheres de 15 a 24 anos de idade. A expectativa é que a campanha atinja 25 milhões de pessoas.