segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Doenças cardiovasculares são maior inimigo das mulheres, dizem médicos

 
As doenças cardiovasculares são o inimigo número um das mulheres. De cada dez, seis morrem de infarto, principalmente após a menopausa. E a maioria não tem consciência disso, pois concentra toda a preocupação em exames ginecológicos, como os de mama e do colo do útero.
Para alertar o sexo feminino sobre os riscos do coração, o Bem Estar desta terça-feira (15) convidou os cardiologistas Roberto Kalil, que também é consultor do programa, e Otávio Gebara, professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP.
Segundo Gebara, as doenças cardiovasculares matam seis vezes mais que o câncer de mama, por exemplo. E as brasileiras são líderes das Américas em acidente vascular cerebral (AVC): têm três vezes mais o problema que as americanas e canadenses.
 
Entre os principais fatores de risco das mulheres estão: hipertensão, colesterol, diabetes, obesidade abdominal, sedentarismo, cigarro e interação entre fumo e anticoncepcional (que a partir dos 30 anos pode causar trombose venosa e uma consequente embolia pulmonar). De acordo com o especialista, 90% dos riscos são determinados por esses fatores e pelo estilo de vida, contra 10% da carga genética. Ou seja, é possível mudar esse quadro.
Gordura pera e maçã (Foto: Arte/G1)
Após a menopausa, o risco aumenta ainda mais: a mulher deixa de ter o corpo em formato de pera e passa a ser “maçã” (veja arte acima). Isso significa que o depósito de gordura abandona as coxas e o bumbum para se concentrar ao redor do abdômen e na parte superior do corpo. Cinturas acima de 80 cm para o sexo feminino e de 94 cm para o masculino já devem acionar o sinal de alerta, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes.
 Ao lado do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) - divisão do peso pela altura ao quadrado -, a circunferência da cintura é usada para medir o risco cardiovascular de uma pessoa, pois é simples e de fácil acesso: basta uma fita métrica.
 
Coração a mil
Como prometido pelo Bem Estar na semana passada, o resultado do teste cardíaco de duas presidentes de escolas de samba de São Paulo foi divulgado. Antes da apuração das notas do carnaval, Angelina Basílio, da Rosas de Ouro, e Solange Bichada, da Mocidade Alegre, mostravam batimentos comportados: 86 e 76, respectivamente.
Nenhuma das escolas chegou à reta final como favorita, mas a expectativa provocou fortes emoções. “Não tem jeito, sou uma pessoa extremamente ansiosa, é da minha natureza”, disse Solange. Já Angelina recordou a festa de cinco anos atrás, quando perdeu no último quesito: bateria. “Comecei a sentir um calor infernal. Passei por um cardiologista, que constatou que eu não era hipertensa. Foi extremamente emocional”, lembrou.
Às 18 horas da última terça-feira (8), o resultado: Mocidade em sétimo e Rosas em oitavo. Como ficaram o coração das presidentes? Bateram forte, mas sem perder o ritmo. A frequência cardíaca de Solange chegou a 118 e a de Angelina, a 116 – valor considerado normal se levado em conta o momento de estresse e ansiedade pelo qual as duas passaram.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Secretário de Vigilância em Saúde abre fórum AIDS com mapa da doença no país

Na manhã da última quarta-feira (11/12), o “Fórum AIDS e o Brasil” abriu suas atividades com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Ele fez um panorama sobre a doença no país, chamando a atenção para problemas como o estigma de se fazer o teste para diagnóstico, os grupos de pessoas e regiões brasileiras com maior prevalência da doença e a inovação com unidades móveis de testagem.

imagesBarbosa relatou que os homens que fazem sexo com homens são o grupo que mais cresceu na prevalência da doença na última década, representando um aumento de 30%. Tanto é que, se na população em geral a prevalência é de cerca de 0,5%, entre os homens ela é de 10,5%. Esse deve ser um fator importante da concentração da epidemia quando comparada entre as mulheres.
Ainda assim, equilibrou-se bastante a relação entre os gêneros. Se no passado, quando a epidemia começou, havia registros de casos de uma mulher para cada sete homens, o cenário se estabiliza hoje em 1,7 casos em homens para cada um em mulher. Outro grupo em que a doença se concentra, aliás, é o das prostitutas, com 4,9%. Segundo ele, daí a necessidade de estratégias especiais para falar com esse grupo.
Entre as unidades federativas, se em São Paulo há uma tendência importante de redução, no Nordeste ela é de crescimento. E é preciso ter um cuidado especial em estados do sul, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que lideram as taxas de incidência, por motivos não esclarecidos. “Pode-se apenas pensar em hipóteses, por enquanto, como a cultura masculina gaúcha mais machista, que o faria evitar mais os centros de saúde, por exemplo”, imagina ele.
Como resposta a isso, houve um compromisso com o governo do Rio Grande do Sul para um plano estratégico sobre seus 11 municípios com maior prevalência, que se concentram na região metropolitana de Porto Alegre. Isso inclui mais monitoramento continuado. Estados do norte, como Amazonas e Acre, também estão entre as incidências mais altas.
 
Testagem
Barbosa também chamou atenção para a necessidade de se disseminar a testagem de Aids. Ele estimou que haveria 160 mil pessoas que ainda precisariam conhecer sua condição com a doença. “Tem que saber. Se é terrível saber que está com câncer, leucemia, grávida aos 14 anos? Mas parece que no caso da Aids o médico não se sente muito à vontade em indicar o teste. Parece que está sugerindo que a pessoa pulou a cerca se tem uma relação estável, ou que teria relação homossexual.”
Ele lembra que, às vezes, aumentar a taxa de detecção de Aids em alguma região é positivo, porque significa que o serviço de saúde está se organizando melhor. De todo modo, estamos falando de casos antigos. Normalmente, encontram-se casos de infecções de 15, 20 anos atrás.
Ao menos, o secretário afirmou que, devido a um esforço muito grande do Brasil, hoje calcula-se que 80% das gestantes são alcançadas pelo exame.
Ele lamentou ainda que o assunto não esteja muito em evidência atualmente, apesar da enxurrada de informações dos anos 80 e 90. “Os novos jovens parecem ter a falsa impressão de que Aids tem cura, não seja tão perigosa”. Em razão disso, ele destaca a importância de um evento como este.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Parcela de Fumantes cai 20% em seis anos

Número vem de estudo da Unifesp com mais de 4.600 pessoas em 149 municípios
 
O consumo de tabaco na população brasileira caiu 20% entre 2006 e 2012, de acordo com um estudo divulgado ontem pela Unifesp.
A prevalência do tabagismo caiu de 19,3% para 15,6% nesse período.
Em um recorte apenas com os adolescentes, a redução foi ainda maior, de 45% (de 6,2% em 2006 para 3,4% em 2012).
O 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pelo Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas, da Unifesp, foi feito com 4.607 pessoas de 14 anos de idade ou mais de 149 municípios, entrevistadas em suas casas.
A conclusão confirma a tendência de queda do tabagismo no Brasil, puxada por medidas de controle nas últimas décadas, como a Lei Antifumo, a proibição da publicidade de cigarros e a contrapropaganda nos maços.
O Vigitel, inquérito telefônico anual feito pelo Ministério da Saúde com mais de 50 mil pessoas, já havia mostrado que entre 2006 e 2011 o percentual de fumantes caiu de 16,2% para 14,8%.
O levantamento da Unifesp também aponta que o consumo de cigarros é maior entre os grupos de baixa renda. Em todas as classes, houve redução do tabagismo, com exceção da classe A, na qual a prevalência do fumo aumentou de 5,2% para 10,9%.
Para Clarice Madruga, pesquisadora da Uniad (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas) da Unifesp, a explicação mais provável para esse aumento é o acesso fácil da classe A ao cigarro. Segundo ela, a informação sobre os males que o cigarro causa não tem tanta força para frear o consumo quanto a falta de dinheiro para comprá-lo.
“Além disso, nosso levantamento anterior já mostrou que as classes mais altas têm maior resistência às políticas antifumo, como se não aceitassem que outros dissessem o que devem fazer”, diz.
Madruga diz ainda que o pico da imagem do cigarro como “vilão”, acentuada após a implementação das restrições do fumo em lugares públicos, está passando.
“Agora a indústria vende o cigarro eletrônico como uma versão mais moderna e cool’ do cigarro, para que o fumo volte a ser moda”, afirma.
O estudo da Unifesp também mostrou que 11,3% da população é de ex-fumantes. A maioria cita a preocupação com a saúde como principal fator para abandonar o cigarro e, em segundo lugar, a vontade de economizar dinheiro.
A maioria dos fumantes (90%) disse que gostaria de parar, mas só 5,4% já tentaram e 17% estão fazendo planos para isso. Outros 21% disseram que “fumar não é tão prejudicial como dizem”.
 
Fonte: Cebes

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Ministério anuncia ampliação de políticas contra a aids

imagesO Ministério de Saúde anunciou no Dia Mundial de Luta contra a Aids, mudanças no atendimento a pessoas portadoras do HIV. A partir de agora, a pessoa diagnosticada com o vírus receberá tratamento imediato na rede pública.
A medida tem como objetivo reduzir as possibilidades de transmissão e oferecer melhor qualidade de vida ao paciente, que será tratado com antirretrovirais, disse o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa. O tratamento reduz a carga viral e diminui a propagação do HIV.
A estimativa é incluir mais 100 mil pessoas no tratamento, em 2014, com a mudança de protocolo. Desde o início da oferta de antirretrovirais pelo sistema de saúde, há 17 anos, 313 mil pessoas foram atendidas. “Esse novo protocolo clínico mudará a história da epidemia da aids no Brasil”, disse Barbosa, sobre a mudança no tratamento.
 
Nova estratégia
O Ministério anunciou ainda que vai testar uma nova estratégia para prevenir a infecção pelo HIV com o uso de remédio. A partir de 2014, as unidades de saúde do Rio Grande do Sul, em projeto piloto, disponibilizarão antirretrovirais para grupos vulneráveis ao contato com o vírus. A medida foi anunciada pelo ministro Alexandre Padilha no Rio de Janeiro.
De acordo com ele, serão distribuídos medicamentos de uso diário para pessoas com risco elevado de infecção na tentativa de bloquear a contaminação. Neste primeiro momento, a medida vai focar homens que fazem sexo com homens, gays, profissionais do sexo, travestis, transexuais, pessoas que usam drogas, detentos e pessoas em situação de rua.
Para ampliar a prevenção, o ministério também informou que distribuirá na rede básica de saúde medicamentos que impedem a infecção por HIV se tomados em até 72 horas depois do contato com o vírus. Atualmente, já tomam esse coquetel profissionais de saúde que, por acidente, tiveram contato com o HIV ou quem, por falha, foi exposto ao vírus durante relação sexual.
Padilha também disse que a pasta fornecerá o “três em um” no Rio Grande do Sul e no Amazonas a partir de 2014. Produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o medicamento consiste em uma única cápsula com três princípios ativos, reduzindo o número de remédios que devem ser ingeridos pelos pacientes em tratamento.
A estimativa do Ministério é investir R$ 1,3 bilhão em programas de combate e prevenção à aids em 2014. Rio Grande de Sul e Amazonas foram escolhidos por serem os estados com a maior incidência de aids e de mortes em decorrência da doença, respectivamente.
 
Teste rápido
Para facilitar o diagnóstico do HIV e antecipar o tratamento de pessoas que podem desenvolver a aids, o Ministério da Saúde deve autorizar a venda, em farmácias, de um teste rápido para detectar o vírus, a partir de fevereiro de 2014. Produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o exame é feito em 20 minutos, com coleta de saliva pela própria pessoa, e deverá custar R$ 8.
A informação foi confirmada pelo diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do ministério, Fábio Mesquita. Segundo ele, o teste rápido tem duas vantagens: “Uma delas é a confidencialidade. A pessoa vai à farmácia pega o teste e faz em casa, sem precisar ver um agente de saúde e dividir isso com ninguém. A segunda vantagem é a rapidez, não tem fila, não precisa ir ao posto, não precisa esperar o tempo que leva [para sair] o resultado de um exame normal”, esclareceu Mesquita.
Ao disponibilizar o teste rápido de HIV, vendido na internet por um laboratório americano por cerca de R$ 160, o ministério pretender iniciar o tratamento mais cedo e melhorar a qualidade de vida de pessoas com HIV, além de reduzir em cerca de 96% o risco de contágio, principalmente para parceiros fixos ou durante a gestação, quando o vírus pode passar da mãe para o bebê.
Dados do ministério apontam que cerca de 150 mil pessoas, de um total de 700 mil estimadas com a doença, não sabem que têm o vírus HIV. No Brasil, embora a prevalência de pessoas convivendo com o vírus seja considerada baixa para o conjunto da população (0,4%), a infecção é alta entre meninas entre 14 e 19 anos e meninos gays, de acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Segundo Padilha, grande parte dos casos de detecção de HIV em meninas ocorre durante o pré-natal. “Nessa faixa etária tem muita gravidez na adolescência, em situação vulnerável, por isso, descobrimos mais meninas que homens [com o vírus]”, disse. “Elas engravidam já infectadas”, reforçou.
 
Por: Saúde Web

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

SVS fortalece preparação para responder a eventuais casos importados de cólera

Revisar e atualizar as estratégias de contingência para enfrentar a ocorrência de possíveis casos de cólera em viajantes ao Brasil.Este foi o objetivo da reunião entre dirigentes da Vigilância Epidemiológica das Secretarias de Estado da Saúde (SES) das Unidades da Federação, técnicos da Funasa e do Ministério da Saúde – das secretarias de Vigilância em Saúde (SVS), Saúde Indígena (Sesai), Atenção à Saúde (SAS) eCiência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) – nesta quarta-feira (4), em Brasília.
Na reunião foi apresentada a situação da cólera no Haiti, onde a transmissão da doença começou em outubro de 2010, e a ocorrência de casos importados para a República Dominicana, Cuba e México. A expectativa é queaté meados de dezembro as SES remetam ao Ministério seus Planos de Contingência revisados, com capacidade de promover uma rápida detecção, assistência, tratamento e contenção dos casos de cólera, na eventualidade de ocorrer algum caso importado.
Esses Planos fazem parte do fortalecimento da preparação do SUS para enfrentar potenciais emergências de saúde pública, como novas pandemias de influenza, surtos de febre amarela e novos vírus emergentes, entre outras. A Secretaria de Vigilância em Saúde vem trabalhando no aperfeiçoamento da detecção e resposta a essas situações.
Na abertura do encontro,o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, chamou a atenção para a necessidade de uma boa preparação para qualquer emergência de saúde pública, tendo em vista o compartilhamento rápido de riscos que pode ocorrer no mundo de hoje, com o incremento de viagens e comércio internacionais. Por isso, reforçou o secretário, o Brasil vem adotando várias iniciativas para que o SUS esteja bem preparado para essas situações, revisando diretrizes técnicas para o vírus de influenza A H7N9, o novo coronavírus que circula no Oriente Médio, entre outras doenças emergentes e reemergentes.
Nesse contexto, também é importante estar preparado para apresentar uma reposta eficaz e oportunacaso haja algum caso detectado de cólera em turista ou migrante. “Nosso país conta com um bom sistema de vigilância de Doenças Diarreicas Agudas (DDA). O cenário atual é muito diferente do que enfrentamos na década de 90,quando havia transmissão em larga escala, mas precisamos revisar nossa capacidade e nos preparar, pois o trânsito de pessoas que vêm de países com a doença pode fazer com que haja detecção de casos em qualquer país do mundo, inclusive o Brasil”, comentou o secretário.
Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis da SVS, reiterou a fala do secretário da SVS e apontou para importância de que se faça um planejamento racional. “É preciso ter em mente que a detecção oportuna é a melhor garantia de que caso haja algum caso entre viajantes ou migrantes, as medidas de contenção sejam aplicadas imediatamente, evitando riscos à saúde de nossa população.”Para isso, ele cita a relevância de se sensibilizar as equipes dos serviços de saúde para o manejo clínico, preparar técnicos para diagnóstico laboratorial e garantir insumos.
O cenário da cólera na América Central e um plano de contingência, bem como a relevância da implementação da monitorização da Doença Diarreica Aguda (DDA) para detecção de casos da doença, foram apresentados pelo coordenador-geral de Doenças Transmissíveis, Ricardo Pio Marins e pela gerente da Unidade Técnica de Doenças de Veiculação Hídrica e Alimentar, Rejane Alves, respectivamente.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Novas Vacinas no Calendário Nacional de Vacina

Duas novas vacinas entrarão para o Calendário Nacional de Vacinação. A partir de março de 2014, a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) deverá ser ministrada em três doses em todas as meninas de 11 a 13 anos. Já a vacina contra a hepatite A estará disponível em dose única para todas as crianças de 12 meses até menores de dois anos.
 
O vírus HPV é um dos principais fatores de risco que levam ao surgimento do câncer de colo de útero. Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil este é o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres. Mesmo tendo alta incidência, a doença possui forte potencial de prevenção e cura, quando diagnosticada precocemente.
 
De acordo com a diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Márcia Regina Cortez, a vacinação contra o vírus HPV será importante aliada no trabalho de prevenção ao câncer. “O objetivo da vacinação será auxiliar na prevenção ao câncer de colo de útero, trabalhando como aliada ao exame preventivo e a ações educacionais de prevenção”, afirma.
 
A vacinação contra a hepatite A também deverá começar a partir do ano que vem, mas ainda sem data específica. Essa é uma doença infecciosa aguda causada pelo vírus VHA e que afeta o fígado. Sua transmissão está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e higiene pessoal. “A hepatite A pode ser uma doença silenciosa e que atinge um índice alto de crianças. A vacinação vem integrar o combate às hepatites virais”, afirma Márcia Cortez.
 
Vacina dtp acelular adulto - para gestantes na 20a. semana de gestação, chegando no 2º semestre de 2014 (SIC)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Campanha Outubro Rosa busca estimular detecção precoce do câncer de mama

Divulgação/Ministério da Saúde
No Brasil, o câncer de mama é a segunda causa de morte entre mulheres
O ano de 2012 registrou crescimento de 37% na realização de mamografias na faixa prioritária – de 50 a 69 anos – em comparação com 2010, no Sistema Único de Saúde (SUS). Os procedimentos somaram 2,1 milhões no ano passado, contra 1,5 milhões em 2010. Se incluídas todas as faixas etárias, o número de exames realizados no último ano atingiu a marca de 4,4 milhões, representando um crescimento de 26% em relação a 2010.
Para estimular a detecção precoce do câncer de mama, o Ministério da Saúde dá início à campanha para conscientização das mulheres sobre o tema, reforçando as ações do movimento Outubro Rosa.
 
Outubro Rosa
O movimento popular Outubro Rosa é internacional. Em qualquer lugar do mundo, a iluminação rosa é compreendida como a união dos povos pela saúde feminina. Em Brasília, às 18h40 desta terça-feira (1º), o prédio do Ministério da Saúde e o Congresso Nacional serão iluminados com luzes cor-de-rosa. O câncer de mama é a segunda causa de morte entre mulheres. Somente no ano de 2011, a doença fez 13.225 vítimas no Brasil. O rosa simboliza alerta às mulheres para que façam o autoexame e, a partir dos 50 anos, a mamografia, diminuindo os riscos que aparecem nesta faixa etária. Para que mais mulheres possam fazer o exame, o Ministério da Saúde investiu, em 2012, R$ 92,3 milhões – um aumento de 17% em relação a 2011.
 
Assistência
Em 2011, a presidenta Dilma Rousseff lançou o Plano Nacional de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama, estratégia para expandir a assistência oncológica no País. Atualmente, o SUS tem 277 serviços na assistência oncológica que atendem a 298 unidades hospitalares distribuídas nas 27 unidades da federação para a detecção e tratamento de câncer em todo País. Com o investimento do governo federal, mais de 3,6 milhões de sessões de radioterapia e quimioterapia foram feitas pelo SUS, com investimento de R$ 491,8 milhões. As cirurgias oncológicas também representam a preocupação com o combate à doença. No ano passado, foram investidos R$ 16,8 milhões.
Para agilizar o acompanhamento dos serviços oncológicos, o Ministério da Saúde criou o Sistema de Informação do Câncer (Siscan). O software, disponível gratuitamente para as secretarias de saúde, permite o monitoramento do atendimento oncológico na rede pública por meio da inserção e processamento de dados, gerido pelo Ministério da Saúde. O sistema funciona em plataforma web e já tem a adesão dos 27 estados brasileiros, dos quais 17 já começaram a inserir os dados no sistema. O prazo para substituição dos demais sistemas pelo Siscan termina em janeiro de 2014. A cobertura das informações também se estenderá a todos os tipos de câncer. Até o momento, o sistema já recebeu mais de 104,3 mil requisições de exames, sendo 39,6 mil referentes a mamografias.
Para este ano, o Ministério da Saúde instituiu a centralização da compra do L-Asparaginase. Usado no tratamento de câncer, o medicamento era comprado pelos serviços do SUS habilitados em oncologia. A medida foi tomada após a empresa brasileira que distribuía o medicamento comunicar ao governo federal a interrupção do fornecimento por parte de uma empresa estrangeira. A partir de 2015, o L-Asparaginase passa a ser produzido no Brasil por meio de parceria firmada em junho entre a Fiocruz e os laboratórios privados NT Pharma e Unitec Biotec. Assim, o país fica livre de ser surpreendido pela suspensão da oferta por uma empresa privada internacional sem atividades produtivas no País.
Sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a Lei 12.732/12, conhecida como Lei dos 60 dias, garante aos pacientes com câncer o início do tratamento em no máximo 60 dias após a inclusão da doença em seu prontuário, no SUS. O prazo máximo vale para que o paciente passe por uma cirurgia ou inicie sessões de quimioterapia ou radioterapia, conforme prescrição médica.
Fonte:

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Rio de Janeiro terá novos serviços para assistência a pessoas com deficiência

Serão três centros de reabilitação com transporte gratuito e uma oficina de próteses no estado, que passará também a ofertar mais exames do teste do pezinho. Ministério da Saúde anunciou R$ 205,2 milhões por ano para atendimento especializado, inclusive oferta de cadeira de rodas motorizadas
 
As pessoas com deficiência passarão a ter acesso a novos serviços e equipamentos no Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (7), em Brasília, uma série de ações que terão aporte de R$ 205,2 milhões e vão beneficiar 944 mil pessoas por ano. Serão inaugurados 29 Centros Especializados de Reabilitação (CER) e 18 oficinas de órteses e próteses sendo três centros e uma oficina no Rio de Janeiro. O estado receberá ainda um micro-ônibus para transporte desses pacientes até os serviços de saúde de um total de 20 que serão entregues no país. Além disso, passará a oferecer mais exames no teste do pezinho para diagnóstico de doenças em recém-nascidos e receberá recursos para a qualificação do atendimento a esse público em cinco Centros de Especialidade Odontológica (CEO).
O Sistema Único de Saúde passará a ofertar mais seis novos modelos de cadeiras de rodas e o sistema FM, acessório para aparelhos auditivos. Ministério da Saúde inaugura também 18 oficinas de órteses e próteses e vai liberar recursos para qualificar o atendimento a pessoas com deficiência em 47 Centros de Especialidade Odontológica (CEO) no país, aumentando em 50% o valor para que os profissionais sejam capacitados para usar técnicas especializadas para tratamento desse público. Cada CEO terá uma cadeira de rodas 40 horas por semana para atendimento. Mais de 200 CEOs já foram qualificados.
Essas são as primeiras medidas do programa Viver Sem Limite, Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, lançado pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, em 2011. Os novos serviços e equipamentos estão voltados à inclusão social dos brasileiros com deficiência, garantindo autonomia e independência a esse público e possibilitando melhor qualidade de vida.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que “o Sistema único de Saúde está se organizando para que as pessoas com deficiência não tenham limitações. Quem impõe limites a esses brasileiros é a sociedade que não se organiza”, disse, acrescentando que "quando o governo federal lançou o programa Viver Sem Limite inaugurou um novo padrão de atendimento para essa grande população brasileira”, completou.
Padilha disse ainda que a “a presidenta Dilma Rousseff, ao lançar o Viver Sem Limite obrigou os centros de saúde a se organizar para atender esses cidadãos para que possam viver plenamente, sem limites, com qualidade de vida e autonomia”, concluiu.
Os CER são serviços de qualidade assistencial em reabilitação que atendem pessoas com deficiência física, visual, auditiva e intelectual, conforme o número de modalidades habilitadas. Os três centro do Rio de Janeiro, vão funcionar na capital do Estado para atendimento de pessoas com deficiência física, intelectual e auditiva – e receberá um micro-ônibus adaptado para pessoas que não apresentam condições de mobilidade e acessibilidade autônoma aos meios de transporte convencional ou que manifestem grandes restrições ao acesso e uso de equipamentos urbanos até os serviços de saúde. Ao todo, 20 automóveis serão doados pelo Governo Federal aos estados e municípios.
Também está prevista, até o fim de 2014, a entrega de outras 88 vans. As 18 oficinas ortopédicas, que serão inauguradas em Uberlândia (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Teresina (PI) e Goiânia (GO), vão confeccionar órteses sob medida e fazer ajustes das próteses para cada usuário.
Atualmente, as unidades de reabilitação da Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência do SUS recebem recursos do Ministério da Saúde por produção. Além disso, essas unidades não ofertam serviços de reabilitação integrados, geralmente abarcam apenas uma modalidade. Com a nova política, os CER serão custeados pelo ministério mensalmente, o que dará sustentabilidade para os serviços, que também deverão ser ofertados integrando todas as modalidades. Além dos CER que estão sendo habilitados hoje, 22 CER estão em construção e 13 convênios para qualificar como CER. O Brasil já conta com 60 oficinas de órteses e próteses.
CADEIRAS DE RODAS– Serão incorporadas mais 6 tipos de cadeiras de rodas no Sistema Único de Saúde, além das cadeiras de rodas padrão – adulto e infantil – e cadeira de rodas para tetraplégico manual, que continuarão a ser ofertadas na rede pública de saúde. Com as novas incorporações, o SUS passa a ofertar, dentro de 6 meses, a cadeira motorizada, equipada com motor elétrico, que pode ser movida por controle remoto, pelo queixo ou boca. Também ofertará a cadeira monobloco, leve e portátil, que possui mecânica favorável à propulsão e manobras em terrenos acidentados. Serão incorporadas ainda cadeira de rodas para pessoas acima de 90 quilos, para banho em concha infantil, com encosto reclinável, com aro de propulsão –, adaptação postural em cadeira de rodas.
Outra nova incorporação será um dispositivo auditivo para crianças de 5 a 17 anos com deficiência auditiva (de grau leve, moderado, severo ou profundo) matriculadas no ensino fundamental I e II e ensino médio. O acessório, acoplado ao aparelho auditivo, elimina o excesso de ruídos que interferem na interpretação do aluno. Um microfone posicionado próximo a boca do professor capta a fala com boa intensidade, reduzindo os efeitos de reverberação e ruídos, e o som captado é enviado via FM diretamente para o receptor, qualificando o aprendizado do estudante. Após a publicação das portarias que incorporam as novas tecnologias, o SUS tem até 6 meses para efetivar a oferta à população.
TESTE DO PEZINHO Já a ampliação do acesso a exames do Programa Nacional de Triagem Neonatal, que realiza o Teste do Pezinho, abarcará os estados do Acre, Alagoas e Sergipe na Fase III, e São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul na Fase IV. A Fase III é capaz de identificar em recém-nascidos as doenças hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doença falciforme e fibrose cística. E a Fase IV, além dessas, identifica deficiência da biotinidase e hiperplasia adrenal primária. Com as incorporações, um total de 16 estados terá o teste do pezinho na Fase III e quatro na fase IV. Os testes são implantados nos estados em quatro fases, conforme a estruturação dos serviços – capacidade de oferta dos testes de laboratório, contratação de profissionais para o acompanhamento do paciente e a estrutura para o tratamento. Com, isso, cerca de 545 mil crianças devem ser beneficiadas por ano.
VIVER SEM LIMITE– OPlano Viver Sem Limite visa a atender os cerca de 45 milhões de brasileiros - 23,9% da população - que possuem algum tipo de deficiência. Por meio de ações estratégicas em educação, saúde, inclusão social e acessibilidade, o plano visa promover a cidadania e o fortalecimento da participação da pessoa com deficiência na sociedade, promovendo sua autonomia, permitindo o acesso e o usufruto, em bases iguais, aos bens e serviços disponíveis a toda a população. Serão investidos no plano um total de R$ 7,6 bilhões até 2014, sendo R$ 1,4 bilhão do montante destinado ao eixo da saúde.
Por Tatiana Alarcon, da Agência Saúde – Ascom/MS
(61) 3315 3580 e 3315-6249

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

HPV é o tema do Ligado em Saúde

O Ministério da Saúde ampliou a faixa etária de vacinação contra o vírus do papiloma humano, o HPV. Em 2014, meninas dos 11 aos 13 anos vão receber, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as duas primeiras doses necessárias para a imunização contra o vírus responsável pela maioria dos casos de câncer do colo do útero. A terceira dose deverá ser aplicada cinco anos após a primeira. A partir de 2015, a vacinação vai abranger também as pré-adolescentes dos 9 aos 11 anos.

E nesta segunda-feira (14), o Ligado em Saúde vai falar sobre o HPV. No estúdio, a apresentadora Marcela Morato conversa com o ginecologista, professor e chefe do setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Mauro Romero Leal Passos. O programa vai ao ar às 11h.

Na entrevista, Passos vai tirar dúvidas sobre o vírus, explicar os diferentes tipos de HPV e os diferentes sintomas e problemas que eles podem provocar, quais têm relação com o câncer e como o Ministério da Saúde vai oferecer as doses da vacina a partir do ano que vem. Também serão abordadas outras formas de prevenção e a importância de as famílias aderirem ao programa de vacinação do governo.

Mauro Romero Leal Passos é um militante pela inclusão das vacinas contra o vírus do papiloma humano no sistema público de saúde e é autor de livros como Doenças Sexualmente Transmissíveis, da Editora Biologia e Saúde, e HPV que bicho é esse?, da RQV Editora.

Sobre o Ligado em Saúde
É um programa de entrevista e serviço sobre temas de saúde voltado para o público em geral, apresentado por Marcela Morato. O ponto de partida são sugestões de pauta do público e o programa vai ao ar às segundas e quartas-feiras, de 11h às 11h30. Os assuntos abordados referem-se à promoção da saúde, prevenção e esclarecimento sobre doenças.

Participação do público
O público pode participar do programa, que é gravado, sugerindo pautas e enviando perguntas antecipadamente para a produção através do e-mail ligado@canalsaude.fiocruz.br ou ligando, gratuitamente, para 0800 701 8122. Você pode ainda interagir com o programa com comentários na Fan Page do Canal Saúde (facebook/canalsaudeoficial).

Como assistir
Internet: acesse www.canalsaude.fiocruz.br e clique na WEB TV, na página principal.
Televisão: parabólica digital (freqüência 3690) ou TVs parceiras de veiculação. Consulte a página Como Assistir no site do Canal Saúde. Os conselheiros de saúde em todo o Brasil podem assistir pela Oi TV, canal 910.

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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Dia das Crianças: Transmissão vertical zerada. Chegaremos a isso quando?


Na Semana da Criança, a melhor notícia que poderíamos ter é a de que a transmissão vertical (TV) do HIV/aids, ou seja, a infecção de bebês pelas mães durante a gravidez, o parto ou a amamentação, está totalmente zerada. Ou estará em 2015, como prevê a meta do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Aids (Unaids). Mas, embora a incidência da TV venha diminuindo significamente ao longo dos anos, ainda vamos levar mais tempo para chegar lá. É o que preveem gestores, médicos e ativistas ouvidos pela Agência Aids. Eles apontam a dimensão do país, a diversidade e a falta de investimento no combate à doença como fatores que impedirão o país de chegar à meta.

Segundo dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, a incidência de aids em menores de 5 anos em 2011 ficou em 5,4 para cada 100 mil habitantes, o que representa 745 casos notificados. A média se mantém mais ou menos estável desde 2006. O mesmo relatório mostra que em 2011 foram 386 casos de aids notificados na categoria TV. Número bem menor do que os 867 de 2001. Outro dado positivo é a redução da mortalidade: em 2011 foram 45 óbitos por aids em menores de 5 anos contra 212 no ano 2000.

“Embora seja uma meta que a gente queira alcançar, não será possível se chegar a ela até 2015”, diz Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. “Há cidades em que a meta foi atingida muito antes de o compromisso do Unaids ser assinado, como é o caso de São Paulo, de Santos. Mas será impossível chegar ao sucesso absoluto em todo o Brasil.”

Diversas influências

Marinella Della Negra, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, diz que, embora tenha muito a melhorar, o Brasil está evoluindo na questão da TV. “Temos muitos recursos disponíveis: os antirretrovirais, o consenso de normas. Mas o Brasil é muito grande, o que torna difícil, inclusive, a análise dos dados”, diz Marinella. Para a médica, a gestante ter consciência da importância do teste de HIV/aids e os serviços de saúde pedirem que ela o faça são dois fatores que podem levar, não ao cumprimento da meta de 2015, mas para bem perto dele.

A infectologista acrescenta que as falhas que impactam nas transmissões dificilmente estão isoladas. E, se a prevenção, o diagnóstico e o atendimento andam bem, só pode haver uma diminuição na transmissão. “Se os números aumentam, é sinal de que algo não está funcionando, mas a análise é mais complexa, os dados são influenciados por muitos fatores. O desafio é que, em cada local, se faça uma autocrítica e um estudo para ver o que está acontecendo, onde está o erro”, aconselha.

O Boletim Epidemiológico de 2012 indica também uma tendência de aumento na taxa de detecção do HIV em gestantes nos últimos 10 anos. Será que as mulheres soropositivas estão engravidando conscientemente, agora mais confiantes no sucesso dos tratamentos? Marinella Della Negra não acredita nisso. “ Elas já chegam grávidas no serviço de saúde e depois descobrem que têm HIV. O aumento na taxa de detecção nos faz pensar: foi o diagnóstico que melhorou ou os casos aumentaram? Todos os fatores devem ser analisados se quisermos chegar a uma real melhora.”

Fábio Mesquita diz que o fato de ter mais mães soropositivas querendo engravidar não tem associação com o aumento de gestantes infectadas. “Hoje, temos técnicas de controle que são muito mais efetivas quando a mulher já sabe que é soropositiva antes do que quando descobre no meio da gravidez”, explica Mesquita. “Evidentemente, as ações de aumento de diagnóstico levadas a cabo na atenção básica (pré-natal) através da estratégia da Rede Cegonha podem levar a um aumento na notificação de casos em gestantes.”

José Araújo Lima, diretor do Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (EPAH), ressalta que a meta de zerar a TV está ameaçada em todo o Brasil e no mundo. “No estado de São Paulo, fizemos grandes avanços, estamos muito próximos de atingir a meta do Unaids. Ou estávamos, porque passamos por um gargalo no sistema de saúde.” Araújo aponta a dificuldade de as mulheres terem acesso ao pré-natal como um impedimento. “ E não é só no Brasil, não. Todo o mundo vai estender a meta por mais uma década, pois não há uma política consistente para cumpri-la.”

Incidências inexplicáveis

Os dados da TV no Brasil mostram significativas diferenças regionais. O Rio Grande do Sul apresenta a maior taxa de incidência em menores de 5 anos, com 16,5 casos a cada 100 mil habitantes, número que é mais que o triplo da média nacional. Depois, vêm Espírito Santo (12,6), Santa Catarina (10,5), Rio de Janeiro (10,1) e Rondônia (10,1). O estado com a incidência mais baixa é o Tocantins, com 1,6 casos a cada 100 mil habitantes.

Os estados da região sul, especialmente o Rio Grande do Sul, se destacam no cenário nacional da epidemia por suas altas taxas de incidência e de mortalidade por aids, o que também reflete nos dados relativos à TV. Por exemplo, a média nacional de detecção de HIV em gestantes é de 2,3 a cada mil nascidos vivos. No Rio Grande do Sul, o número é de 8,4. Em Santa Catarina, de 6.

Sempre reforçando a complexidade de se ler os dados da doença no Brasil, a infectologista Marinella Della Negra questiona. “O sul não é uma das regiões mais carentes. Então, o que explica essa taxa alta de TV? Temos lá um problema de gestão? De diagnóstico? É difícil analisar. O que é certo é que algo lá não está funcionando.”

Fatores do sul

O coordenador do Programa Estadual de DST/Aids do Rio Grande do Sul, Ricardo Charão, assume que a situação no estado é preocupante. Segundo ele, a capital Porto Alegre apresenta índices consideravelmente maiores que os nacionais e do que o resto do estado há cerca de 10 anos.

“As causas são multifatoriais. Temos, principalmente, a dificuldade de acesso da população às redes de atenção. As mulheres chegam tarde nos serviços, sem terem feito pré-natal e, sendo HIV positivas, é claro que a chance da TV é maior”, diz ele.

Charão conta que a qualidade do pré-natal também é um problema no estado. “Os dados mostram que as gestantes fazem em média seis ou sete consultas no pré-natal, o que é um número bom. Mas, aparentemente, a quantidade não é acompanhada da qualidade”. Segundo o gestor, o investimento agora é no sentido de garantir que etapas fundamentais, como o teste rápido para o HIV e a sífilis, o monitoramento durante a gestação e o cumprimento de todos os protocolos sejam cumpridos.

“O caminho é reforçar a saúde básica para melhorar o atendimento à gestante com o vírus diz diz Carlos Alberto Duarte, vice-presidente do Grupo de Apoio a Prevenção à Aids (Gapa). Mas, de maneira nenhuma, vamos cumprir a meta em 2015, até porque o estado, historicamente, investe pouco em saúde. Isso traz consequências. Desmantelar serviços é rápido, mas reerguê-los e reestruturá-los leva tempo. Não vamos reverter esse quadro em um ou dois anos.”

O coordenador estadual Ricardo Charão concorda que houve um “desinvestimento” na aids e um certo abandono institucional. “Mas não foi só no Rio Grande do Sul, vemos essa situação no Brasil e nos outros países”, defende Ricardo. Charão frisa que os indicadores do estado são resultado de um processo histórico e as taxas de hoje, reflexo de políticas de muitos anos. “Não vivemos num paraíso, mas o Rio Grande do Sul tem sim compromisso com a política de aids”, diz ele. “A meta da coordenação estadual é reduzir a transmissão vertical no mínimo 10% a cada ano.”

Risco na amamentação

Já em Santa Catarina, o problema foi o uso de estratégias que não deram certo, segundo Vanessa Vieira da Silva, da gerência do Programa Estadual de DST/Aids. Ela diz que de 2004 para a frente a linha adotada pelo Programa não foi produtiva. “Em 2012, houve a percepção disso e a mudança.” Vanessa diz que, para os gestores do estado, embora os números de transmissão do HIV sejam preocupantes, a sífilis congênita preocupa mais. Segundo ela, a doença é totalmente evitável, tem tratamento barato e, mesmo assim, apresenta números altos, com tratamento inadequado no pré-natal.

“Quanto à transmissão vertical, estamos inserindo o teste rápido como diagnóstico precoce para diminuir o número de casos”, continua Vanessa. Ainda no que diz respeito ao HIV, ela Vanessa conta que, em Santa Catarina, a transmissão na amamentação vem desenhando um cenário preocupante. “Os serviços têm identificado mulheres soropositivas que fizeram tratamento e não transmitiram o HIV durante a gestação e o parto, mas houve uma transmissão posterior, pois elas amamentaram o bebê.”

Vanessa também diz perceber o aumento do número de mulheres soropositivas querendo engravidar, confiantes no avanço da terapia antirretroviral e destaca a melhora na qualidade do diagnóstico. “Tanto é que a nossa previsão para 2013 é de que a transmissão tenha diminuído, mas o número de novos casos venha a aumentar.” Ainda assim, admite não ser possível zerar a TV em 2015. “Nossa meta é diminuir esse número para 5 a cada 100 mil habitantes.”

Possíveis mudanças

“Duas regiões em particular, o Norte e o Rio Grande do Sul, a partir do segundo semestre, terão ações focalizadas do Departamento”, promete Fábio Mesquita. “Essas ações poderão dar mais clareza para entender por que essas regiões têm uma disparidade em relação às outras e como nós podemos intervir na TV e em outros indicadores.”

Para finalizar, Mesquita conta que a versão atualizada em 2012 do documento “Recomendações Para Terapia Antirretroviral em Adultos Infectados pelo HIV” traz uma nova recomendação de tratamento para gestantes, que é a de indicação de tratamento independentemente do nível de CD4 (contagem das células que protegem o organismo de doença) e a manutenção da terapia após o parto. “Isso vai em direção ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está chamando de B-Plus, a alternativa de começar o tratamento e não interromper nunca mais. Não apenas pensando na criança, mas também na mãe”, conclui Mesquita.

Nana Soares


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Secretaria de Saúde comemora Outubro Rosa

Secretaria Municipal de Saúde (SMS) promoveu quarta-feira, dia 02, ação em comemoração ao Outubro Rosa na estação do bondinho do Cosme Velho e no Corcovado. Os jovens do RAP da Saúde e profissionais da SMS estiveram no local para promover ações de conscientização sobre o câncer de mama e do colo de útero, entre outras atividades.
Em parceria com a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia e o Inca, a SMS também vai promover uma série de exibições de filmes nas Naves do Conhecimento, além de uma exposição virtual retratando a história do controle do câncer de mama no Brasil. Quem for aos locais, vai poder participar do quiz "Mitos e verdades sobre câncer de mama", que, com a presença de técnicos do INCA, vai proporcionar atividades de educação e informação.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Um Sorriso Muda Tudo - Operação Sorriso!

Dias de seleção dos pacientes: 8 e 9 de outubro de 2013
Local: Policlínica Piquet Carneiro
Endereço: Avenida Marechal Rondon, 381 - São Francisco Xavier-RJ
Horário: a partir das 8h
Datas das cirurgias: de 12 a 16 de outubro de 2013
Local: Hospital Pedro Ernesto (Avenida 28 de Setembro, 77 - Vila Isabel)
Informações: (21) 8515-8307
 
OSBA ONG internacional Operação Sorriso reunirá cerca de 80 profissionais da área médica para realizar um programa humanitário no Rio de Janeiro. A equipe médica reúne especialistas voluntários de diversos países para oferecer cerca de 100 vagas para cirurgias corretivas gratuitas em pacientes portadores de fissuras labiopalatinas (conhecidas também como lábio lascado, lábio leporino, fenda palatina ou goela de lobo). A seleção dos pacientes será realizada nos dias 8 e 9 de outubro de 2013, na Policlínica Piquet Carneiro (que fica na Avenida Marechal Rondon, 381 - bairro São Francisco Xavier-RJ), a partir das 8h. Já as cirurgias acontecerão, entre os dias 12 a 16 de outubro, no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Avenida 28 de setembro, 77 - Vila Isabel). As informações podem ser obtidas por meio do telefone (21) 8515-8307 ou www.operacaosorriso.org.br.
Para participar não é necessário fazer pré-inscrição, apenas comparecer ao local nos dias indicados levando documentos. Pacientes e mais uma familiar que residam fora do município podem solicitar no dia por hospedagem gratuita, oferecida pela Marinha do Brasil. A ONG oferece também transporte até o hospital e alimentação sem custo. "A preocupação da Operação Sorriso no mundo inteiro é realizar um programa humanitário com qualidade. Vamos receber pessoas que precisam de ajuda e queremos que se sintam acolhidas. Para isso, montamos uma grande estrutura de recepção aos pacientes e seus familiares, onde contamos com a Marinha do Brasil no apoio à logística e alojamento", explica Clóvis Brito, vice-presidente para desenvolvimento de negócios internacionais da Operação Sorriso.
Ao todo, cerca de 80 voluntários virão do mundo inteiro para a missão do Rio de Janeiro. Os colaboradores pertencem a diferentes especialidades como cirurgia plástica, enfermagem, anestesia, psicologia, ortodontia, fonoaudiologia, pediatria etc. "A ideia é operar, e capacitar centros locais. As crianças que não forem atendidas serão encaminhadas para o serviço local, atingindo a população com resultados mais permanentes", enfatiza Luciana Glaser, coordenadora Nacional de Programas da OSB.
O programa humanitário será realizado em parceria com as empresas abaixo:
 
Obs.: Não é necessário fazer pré-inscrição para pleitear a cirurgia, apenas comparecer ao local informado acima no dia da triagem dos pacientes.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Paracoco: uma endemia brasileira - Documentário em 03/10, na FIOCRUZ!

No dia 3 de outubro, às 14 horas, será lançado, no auditório do Museu da Vida, no campus de Manguinhos, o documentário Paracoco: uma endemia brasileira, que aborda os aspectos sociais e epidemiológicos da enfermidade. A produção tem como objetivo tornar mais conhecida a paracoccidioidomicose, doença endêmica e negligenciada na América Latina, mais frequente nas populações rurais, que pode causar a morte se não detectada precocemente. Em muitos casos, é confundida com tuberculose, pois pode apresentar tosse persistente como único sintoma aparente.

O filme é uma parceria entre três unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz): a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP), o Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (Ipec) e o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict).

Segundo Ziadir Coutinho, pesquisador da ENSP/Fiocruz e um dos organizadores do filme, a produção é um projeto contemplado por edital de apoio, promovido pela Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, e, em breve, estará disponível para todos os interessados. Serão produzidas 400 cópias, distribuídas pela VideoSaúde - Distribuidora da Fiocruz, para instituições vinculadas ao SUS e a entidades da sociedade civil, principalmente as representativas dos trabalhadores rurais.

“A Paracoccidioidomicose só existe na América Latina, e o Brasil detém 80% dos casos. Por conta disso, denominamos o vídeo Paracoccidioidomicose: uma endemia brasileira. A produção reúne três instituições da Fiocruz (ENSP, Ipec e Icict), e conseguimos ainda o apoio das Secretarias Estaduais de Saúde do Paraná e de Rondônia”, explicou Ziadir.

Para a composição do conteúdo do produto, foram gravadas entrevistas com profissionais de saúde e portadores da doença, além de imagens de trabalho rural. Com 24 minutos de duração, o filme foi rodado em quatro estados do país, em diversas locações: 1) no campus da Fiocruz, que possui um ambulatório, no Ipec, com mais de 60 anos de experiência em tratamento da doença; 2) em Paty do Alferes (RJ) e em Botucatu (SP), dois importantes polos da doença no país; 3) na periferia de Curitiba, no Paraná – o primeiro estado a dar atenção especial à doença, transformando a paracoco em uma doença de notificação compulsória; 4) em Rondônia, considerado atualmente o epicentro da micose no Brasil, com a mais alta taxa de mortalidade.

Classificada como negligenciada, a doença não é contagiosa e tem cura, mas causa graves sequelas, inclusive a morte, se não for diagnosticada e tratada precocemente. É muito mais comum em homens em idade produtiva, entre 30 e 50 anos. Em muitos casos, é confundida com a tuberculose, pois também pode apresentar-se apenas como um sintomático respiratório com tosse persistente. Alguns de seus principais sintomas são: feridas na boca, garganta e nariz; emagrecimento e fraqueza; rouquidão; falta de ar; perda dos dentes; e ínguas (caroços, gânglios) no pescoço ou na virilha.

A paracoccidioidomicose possui duas apresentações clínicas básicas, a forma tipo adulto e a forma tipo juvenil, que é mais rara. O indivíduo pode ter contato com o fungo e manifestar a doença imediatamente ou muito tempo depois, podendo ficar inativo no organismo. O fungo, contraído por meio da respiração, vive no solo das plantações. Por isso, a paracoccidioidomicose aparece principalmente entre trabalhadores rurais, marceneiros, jardineiros, tratoristas, pequeno trabalhadores rurais etc. Vale lembrar que a doença não é contagiosa, nem transmitida por alimentos ou objetos de uso pessoal.

O diagnóstico e tratamento estão disponíveis em algumas unidades da rede pública, e os medicamentos mais usados devem ser distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Os doentes também podem ter acesso ao diagnóstico e tratamento por meio do Programa de Saúde da Família. No Rio de Janeiro, o Ipec/Fiocruz é um dos centros de referência para a doença.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

MMABH no Jornal GLOBO....Matéria Jornalistíca de 23/09/2013!


Vacina contra catapora passa a ser ofertada no SUS

O público alvo é formado por crianças de 15 meses que já tenham tomado a primeira dose da tríplice viral. Com a nova vacina, o Ministério pretende reduzir as internações por varicela (catapora)
 
 
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI), passa a oferecer a partir deste mês de setembro, em toda a rede pública de saúde, a vacina varicela (catapora) incluída na tetra viral, que também protegerá contra sarampo, caxumba e rubéola. A nova vacina vai compor o Calendário Nacional de Vacinação e será ofertada exclusivamente para crianças de 15 meses de idade que já tenham recebido a primeira dose da vacina tríplice viral. Com a inclusão da vacina, o Ministério da Saúde estima uma redução de 80% das hospitalizações por varicela (catapora).
“Com apenas uma injeção o Brasilvai poder proteger suas crianças contra quatro tipos de doenças. Hoje, temos dados que mostram que quase nove mil pessoas são internadas por ano pela varicela e temos mais de 100 óbitos. Além disso, facilita o trabalho dos profissionais e traz economia, pois usa-se apenas uma agulha, uma seringa, um único local de conservação”, declarou o ministro Alexandre Padilha.
Com a tetra viral, o SUS passa a ofertar 25 vacinas, 13 delas já disponibilizadas no Calendário Nacional Vacinação. Foraminvestidos R$ 127,3 milhões para a compra de 4,5 milhões de doses por ano. A população deve se informar no posto de saúde mais próximo para saber se a vacina tetra viral já está disponível. Isso porque alguns municípios ainda estão adequando a rotina à nova vacina, por causa da necessidade de capacitação dos profissionais para administração da dose ou pela dificuldade de distribuição para as salas de vacina em locais de difícil acesso. A previsão é que todas as 34 mil salas de vacinação distribuídas no Brasil estarão ofertando as doses até o final do mês.
A vacina tetra viral é segura - tem 97% de eficácia e raramente causa reações alérgicas. Não haverá campanha de vacinação, pois a vacina tetra viral será disponibilizada na rotina dos serviços públicos em substituição à segunda dose da vacina tríplice viral. A vacina evita complicações, casos graves com internação e possível óbito, além da prevenção, controle e eliminação das doenças sarampo, caxumba e rubéola.
PARCERIAS - A produção nacional da vacina tetra viral é resultado da parceria para transferência de tecnologia entre o laboratório público Bio-Manguinhos e o laboratório privado britânico GlaxoSmithKline (GSK). Nos acordos de transferência de tecnologia, firmados pelo Ministério da Saúde, a produção se dá por meio de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), feito com os laboratórios públicos. Nessa parceria, os laboratórios da rede privada, são responsáveis por produzir o princípio ativo e transferir a tecnologia. Como contrapartida, o governo garante exclusividade na compra do medicamento por cinco anos.
Esta é a sétima parceria entre o laboratório privado GSK e o laboratório público Bio-Manguinhos. Desde 1980, os laboratórios produzem juntos as vacinas poliomielite, Haemophilus influenzae tipo b (Hib) – que causa meningites e outras infecções bacterianas –, tríplice viral, rotavírus, dengue e pneumocócica conjugada, que protege contra a pneumonia e meningite causada por pneumococo.
Ao total, estão em vigor 35 PDPs para a produção de 33 produtos, sendo 28 medicamentos e quatro vacinas. As parcerias envolvem 37 laboratórios, 12 públicos e 22 privados, nacionais e estrangeiros.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ministério da Saúde muda faixa etária e esquema de vacina contra HPV

Meninas de 11 a 13 anos serão imunizadas contra o vírus a partir de 2014.
Em 2015, a vacinação vai abranger garotas entre os 9 anos e os 11.


O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (18) que meninas de 11 a 13 anos serão vacinadas a partir de 2014 contra o vírus papiloma humano (HPV), que pode causar o câncer do colo de útero. A partir de 2015, a vacinação vai abranger meninas dos 9 anos até os 11. A imunização ocorrerá de forma estendida – a segunda dose da vacina será aplicada seis meses depois da primeira; a terceira dose, cinco anos após.
 
Evento em Brasília que celebra os 40 anos do programa nacional de imunização do Ministério da Saúde (Foto: Rafaela Céo/G1)Evento em Brasília que celebra os 40 anos do programa nacional de imunização do Ministério da Saúde (Foto: Rafaela Céo/G1)
 
“A forma estendida tem duas vantagens. A primeira é que ela possibilita a gente alcançar a cobertura vacinal mais rápido, com duas doses, e não com três. Segundo, quando a gente dá a terceira dose, cinco anos depois, a gente está dando uma espécie de reforço, que prolonga o efeito protetor. Para o ministério não há diferença do orçamento”, explica o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
 
A vacinação ocorrerá em unidades de saúde e em escolas públicas e privadas. Para receber a dose, as meninas precisarão apresentar autorização dos pais ou responsáveis.
O anúncio das mudanças na vacinação contra o HPV foi feito durante evento do Ministério da Saúde para celebrar os 40 anos do Programa Nacional de Imunização (PNI). De acordo com o ministério, o Sistema Único de Saúde disponibiliza anualmente mais de 300 milhões de doses de vacinas, soros e imunoglobulinas.
HPV (Foto: Arte/G1)
Calendário
Pelo calendário estabelecido pelo Ministério da Saúde, em março de 2014, estará disponível a primeira dose da vacina para meninas de 11 a 13 anos. Seis meses depois, elas tomam a segunda dose. Cinco anos após o início da imunização, o terceiro reforço.

A partir de 2015, as pré-adolescentes de 9 a 11 anos iniciam o mesmo procedimento. “A imunização fica realmente completa quando ela toma a segunda dose”, afirma Barbosa.
Para introdução da vacina no calendário serão adquiridas 12 milhões de doses a um custo de R$ 360,7 milhões. A meta da Saúde é imunizar em dois anos 80% do público-alvo, formado por 5,2 milhões de pessoas.
 
HPV
O HPV é capaz de infectar a pele ou as mucosas e possui mais de cem tipos. Desse total, pelo menos 13 têm potencial para causar câncer.

A vacina que será aplicada no Brasil protege contra quatro tipos de vírus do HPV – 6, 11, 16 e 18. Dois deles, o 16 e o 18, respondem por 70% dos casos de câncer de colo de útero, segundo o Ministério da Saúde. Em 2011, 5.160 mulheres morreram em decorrência da doença.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Gordura para tratar o diabetes

Pesquisa brasileira pretende extrair células-tronco do tecido adiposo para, em laboratório, identificar aquelas que produzem insulina. O estudo pode ajudar pacientes a controlar melhor a glicemia


Daniel Camargos


Belo Horizonte Na indesejada gordura retirada em uma cirurgia de lipoaspiração pode estar a cura para uma doença que atinge mais de 12 milhões de brasileiros: o diabetes. O caminho, porém, depende de muita pesquisa, e uma delas será feita pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais. Um laboratório está sendo montado para receber equipamento capaz de extrair células-tronco do tecido adiposo. A máquina vai ser instalada no Hospital Vila da Serra, e o excedente de células-tronco será repassado para a fundação desenvolver o estudo.


A diretora de Pesquisa da Funed, Esther Margarida Bastos, diz que, inicialmente, o trabalho vai ter foco na terapia definitiva para o diabetes. Essa doença faz mais vítimas que o câncer de mama e o HIV juntos, mas também pretendemos tratar outras patologias no futuro. O objetivo, segundo Bastos, é que, com a validação do laboratório, as descobertas possam ser usadas para tratamentos do Sistema Único de Saúde (SUS).


Segundo a pesquisadora responsável pelo projeto, Alessandra Matavel, quando a célula-tronco é colocada de volta no tecido, outras iguais são geradas. Porém, no caso do diabetes, se o material for injetado no pâncreas (lesado pela doença), pode surgir uma pancreatite. A ideia é fazer uma diferenciação in vitro para as células produtoras de insulina , comenta Matavel. O estudo será iniciado com ratos, e o objetivo é testar se as células-tronco conseguem controlar a glicemia (nível de açúcar no sangue).


De acordo com a pesquisadora, células-tronco do tecido adiposo podem ser encontradas em qualquer fase da vida, e seu uso não está associado a questões éticas e religiosas. Outra vantagem é que o procedimento pode ser autólogo, ou seja, são usadas estruturas do próprio paciente. Elas podem ser facilmente retiradas do corpo, por meio de lipoaspiração ou cirurgia abdominal, sendo imediatamente disponíveis para utilização no próprio paciente ou para a diferenciação in vitro , destaca. Segundo ela, estudos também demonstram que essas células são capazes de inibir o processo de rejeição pelo organismo, além de modular o processo inflamatório, propiciando uma melhor cicatrização.


Doutora em bioquímica e pós-doutora em pesquisas com células embrionárias, Alessandra Matavel detalha que as células-tronco ainda não são usadas no tratamento de diabetes. Precisamos de um ponto de partida e acredito que o diabetes é uma das doenças crônicas que mais oneram o SUS , acredita. O tratamento convencional com injeção de insulina demanda seu uso pelo resto da vida, e a alternativa do transplante de ilhotas encontra barreiras na escassez de doadores e na utilização de imunossupressores para evitar o risco de rejeição.


O tratamento com células-tronco do próprio paciente, transformadas em ilhotas produtoras de insulina e com nenhum risco de rejeição, aumentaria enormemente a qualidade de vida dessas pessoas, além de reduzir o custo para o sistema de saúde. Seria uma terapia definitiva , afirma Matavel.


O projeto conta com o apoio do Hospital Vila da Serra, do Banco do Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais (BDMG) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A empresa GID Brasil vai fornecer para a Funed os equipamentos de laboratório para a realização das pesquisas. As células serão retiradas e processadas no Vila da Serra por meio de uma cirurgia de lipoaspiração; em seguida, o material será encaminhado para a Funed, onde será realizado o processo de caracterização e diferenciação em células produtoras de insulina.


Segundo Esther Bastos, a plataforma que será disponibilizada já é usada em outros países para terapias de reconstrução corporal pós-trauma ou câncer, para cicatrizar feridas complexas causadas por diabetes e radioterapias, queimaduras, artrites e rejuvenescimento, entre outros procedimentos. O diretor médico da GID Brasil, Sérgio Duval de Barros Vieira, destaca que a gordura é um dos maiores reservatórios de células-tronco do organismo, e que, de acordo com estudos já realizados no exterior, 1g do tecido produz aproximadamente 250 mil células, quantidade muito superior ao número isolado a partir de outras fontes do corpo humano. Aproximadamente, 220 mil cirurgias estéticas de lipoaspiração são realizadas no Brasil a cada ano, produzindo rotineiramente grandes volumes de valiosos tecidos , cita.


Palavra de especialista


Cuidados éticos


Toda pesquisa que envolve ser humano precisa de alto conhecimento de quem está envolvido. É preciso que haja a assinatura de um termo de consentimento esclarecido. A pessoa precisa saber qual é o objetivo da pesquisa e não pode existir a possibilidade de que tenha uma finalidade negativa. A regra é que o paciente conheça todos os detalhes do procedimento. A expectativa em estudos com células-tronco é grande, e muitas pessoas pensam que vai ocorrer um milagre. É preciso passar muita informação. Os cuidados não inviabilizam a pesquisa e são fundamentais para o desenvolvimento da ciência. João Batista Gomes Soares, presidente do Conselho Regional de Medicina/MG
 
 
 





quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Dieta, exercícios e possivelmente café 'reduzem riscos' de câncer de útero

Pesquisa britânica pondera, entretanto, que evidências sobre café não são suficientes para estimular consumo da bebida.

 
Da BBC
Café pode reduzir riscos, mas evidências ainda não suficientes para aumentar o consumo. (Foto: Thinkstock/BBC)Uma pesquisa conduzida por cientistas britânicos indica que seguir uma dieta saudável, praticar exercícios diários e possivelmente tomar café podem reduzir os riscos de câncer de colo do útero.
Os pesquisadores, do Imperial College, de Londres, observaram que, apesar de terem encontrado indícios de que o café pode ajudar a proteger mulheres contra o tumor, não há evidências suficientes para estimular consumo da bebida como forma de prevenção da doença.
Na primeira análise global de pesquisas sobre câncer de colo do útero desde 2007, os pesquisadores examinaram as ligações entre a doença e a prática de exercícios, dieta e peso corporal.
Eles concluíram que cerca de 3,7 mil casos de câncer de colo do útero poderiam ter sido evitados se as mulheres tivessem se exercitado ao menos 38 minutos diários cinco dias por semana e mantido um peso saudável.
A autora do estudo, Teresa Norat, afirmou que se as mulheres se exercitarem regularmente e mantiverem uma boa dieta 'podem reduzir os riscos de câncer de útero e melhorar a saúde em geral'.
Karen Sadler, diretora-executiva do World Cancer Research Fund, afirmou que as evidências sobre o café 'são muito interessantes', mas que novas pesquisas devem ser feitas sobre os efeitos da bebida na prevenção do câncer.
'Temos de considerar os possíveis efeitos colaterais do café em outros tipos de câncer e na saúde em geral', afirmou Sadler.

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/09/dieta-exercicios-e-possivelmente-cafe-reduzem-riscos-de-cancer-de-utero-1.html

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Secretaria de Saúde realiza campanha de vacinação contra hepatite B no CASS

 
A Secretaria Municipal de Saúde realiza nas próximas quinta e sexta-feiras, dias 5 e 6 de setembro, Campanha de Vacinação contra Hepatite B para funcionários do Centro Administrativo São Sebastião. O imunizante é voltado para pessoas até 49 anos e será oferecido na sala 3 do subsolo do CASS, das 10 às 15 horas.
A vacina é a forma mais segura e eficaz de se prevenir contra a hepatite B. Para estar protegido, é preciso tomar três doses, sendo a segunda aplicada 30 dias após a primeira, e a terceira seis meses após a primeira.

O imunizante também é disponibilizado aos grupos prioritários, com maior risco de ter a doença, independentemente da faixa etária: manicures, pedicures, profissionais do sexo, homossexuais e outros.

A hepatite B é uma doença viral e infecciosa. Por muitas vezes, é silenciosa. É uma das principais causas de cirrose hepática e sangue no fígado. A transmissão se dá pelo sangue, por meio de compartilhamento de seringas e por relações sexuais desprotegidas.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O nascimento da inteligência

Pesquisas revelam que fatores como amamentação, suplementação de vitamina D e até a obesidade dos pais terão impacto no nível do QI da criança do seu nascimento até o resto de sua vida


Uma safra de novos estudos realizados em todo o mundo está apresentando revelações surpreendentes sobre o processo de desenvolvimento da inteligência humana. As pesquisas apontam, pela primeira vez, fatores importantíssimos associados ainda à vida uterina e aos primeiros anos de vida que serão decisivos para a evolução do intelecto. Reunidos, esses trabalhos traçam o mais completo retrato científico do nascimento da inteligência.
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E se trata de um retrato belíssimo. Ele deixa claro o quanto essa habilidade depende de uma combinação complexa de circunstâncias para que atinja seu ápice na vida adulta. Condições que surgem antes mesmo da fecundação, como evidencia uma pesquisa realizada no Centro Médico Forest Baptist (Eua). O trabalho apontou que filhos de mães com Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 30 (já classificado como obesidade) têm maior chance de desenvolver limitações cognitivas. Eles manifestaram três pontos a menos de QI (quociente de inteligência) em relação aos nascidos de mulheres de peso normal. Ainda se estuda de que maneira o excesso de peso da mãe impacta a inteligência do filho, mas há algumas hipóteses. “O acúmulo de peso pode contribuir para um maior número de células anormais do sistema imunológico, capazes de atacar outras estruturas”, disse à ISTOÉ Jennifer Helderman, uma das autoras do estudo. “O mecanismo resulta em uma maior predisposição à inflamação, que poderia afetar o tecido neurológico da mãe e do feto”, especula.
Nas primeiras semanas após a fecundação, inicia-se uma etapa-chave: é quando começa a se formar o tubo neural, a estrutura que dará origem ao cérebro. Diversos trabalhos relacionam o sucesso desse processo à presença em concentração adequada de ácido fólico (vitamina B). Caso contrário, uma das extremidades do tubo não se fecha, originando, por exemplo, a anencefalia (ausência parcial do encéfalo e da calota craniana). “Pesquisas confiáveis apontam forte conexão entre déficit de ácido fólico e essa anomalia”, explica o médico Luiz Celso Villanova, chefe do setor de neurologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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Outras duas substâncias despontam com igual importância para a formação da inteligência: o iodo e a vitamina D. Estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido, analisou as concentrações de iodo na urina de 1.040 mães em estágio inicial da gestação. Depois, aos filhos nascidos dessas gestantes foram administrados testes de inteligência aos 8 anos e de leitura, aos 9. As crianças com piores desempenhos foram as geradas por mães que apresentaram ingestão de iodo menores do que 150 mg por dia. “Sua deficiência em gestantes deve ser tratada como um assunto de saúde pública”, escreveram os autores da pesquisa. No Canadá, uma análise de vários trabalhos sobre o tema feito pela Universidade McGill concluiu que crianças nascidas de mães que receberam suplementação do composto na gravidez e após o nascimento tiveram QI entre 12 a 17 pontos mais alto do que as demais.
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ALIMENTOS
O neuropediatra Villanova alerta para a importância da suplementação de
alguns nutrientes como forma de garantir a formação correta das estruturas cerebrais
Igual influência apresenta a vitamina D, segundo pesquisas recentes. Pesquisadores do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Epidemiologia Ambiental de Barcelona, na Espanha, acompanharam 1.820 mães e verificaram que os filhos daquelas com níveis adequados do composto na gravidez tiveram melhor desempenho em testes de inteligência do que filhos de mães com déficit da substância. Embora os cientistas não apontem uma razão específica para a associação, explicam que a literatura científica é vasta quanto ao peso da vitamina na saúde geral do bebê. “Há diversos estudos demonstrando relação entre o composto e o desenvolvimento do sistema imunológico, por exemplo. É natural supor que exista impacto também no funcionamento cerebral”, afirmou à ISTOÉ a epidemiologista Eva Morales, autora do estudo.
Por volta da 20ª semana, estruturas indispensáveis para a boa comunicação entre os neurônios estão em formação. Entre elas os dentritos (projeções que permitem essa comunicação) e a bainha de mielina (que assegura a eficácia dessa interação). Grande parte da bainha é constituída de moléculas de DHA, um gênero de ácido ômega 3. Trata-se de um composto fabricado pelo corpo, mas uma suplementação é indicada. Ela pode ser feita por meio da alimentação pela mãe. Uma das melhores fontes são os peixes de água fria, como salmão e sardinha. Também é importante que a mulher aumente o consumo de proteínas, base para a produção dos neurotransmissores, as substâncias que levam a informação de um neurônio a outro.
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Da mesma forma que a ciência está identificando o que aumenta a chance de um QI mais elevado, as pesquisas começam a apontar o que, ainda na vida uterina, pode prejudicar o potencial intelectual. A poluição é um desses elementos. Estudo do Centro de Desenvolvimento do Cérebro, da Universidade de Colúmbia (Eua), revelou que a exposição a hidrocarbonetos aromáticos policíclicos – substâncias produzidas durante a queima incompleta de combustíveis – sofrida pelo feto fará com que a criança apresente cerca de quatro pontos a menos em testes de inteligência. A hipótese é que os poluentes atravessam a placenta e danificam o tecido cerebral do feto.
Outra constatação nesse sentido é a de que o estresse materno na gestação impacta negativamente a inteligência da criança. “Ele causa danos ao desenvolvimento do córtex pré-frontal”, explica o neurocientista Antonio Pereira, do Instituto do Cérebro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O cientista brasileiro se refere à área do cérebro associada ao processamento do raciocínio. “Se a mãe tiver uma gestação sem estresse, será melhor para o desenvolvimento cognitivo da criança.”
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Há ainda achados como o da Universidade de Colúmbia (Eua), segundo o qual crianças nascidas de 37 semanas apresentaram pior desempenho de leitura e matemática do que as nascidas de 41 semanas. A conclusão foi feita com base em uma análise de 138 mil crianças de escolas públicas de Nova York (Eua) e poderia ser explicada pelo fato de que o tempo maior dentro do útero favoreceria a formação de mais redes neurais por onde as informações trafegam e são armazenadas.
Quando nasce, cada neurônio da criança faz aproximadamente 2,5 mil sinapses – as conexões entre os neurônios por meio das quais as informações são passadas de um a outro. Esse número pode chegar a 15 mil aos 3 anos de idade. Para que isso ocorra é vital que outros fatores nutricionais e ambientais sejam respeitados. Afinal, eles proverão as condições necessárias para que essas conexões se multipliquem e neurônios não sejam descartados por falta de uso. “Após alguns meses depois do nascimento, o volume cerebral quadruplica”, explica Solange Jacob, coordenadora pedagógica da organização Pupa, que desenvolve atividades com pais e crianças para melhor desenvolver o intelecto infantil na primeira infância. “Aos 3 anos, uma criança já fez um quatrilhão de conexões cerebrais.”
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Neste mês, um importante estudo publicado na revista da Associação Médica Americana confirmou de forma contundente o papel da amamentação nessa construção do intelecto. “Mostramos uma conexão direta entre o aleitamento materno e a inteligência”, disse à ISTOÉ Mandy Belfort, professora de pediatria da Escola de Medicina de Harvard (Eua) e uma das líderes do estudo. Ela e sua equipe seguiram 1.312 bebês entre 1999 e 2010. Entre os principais achados, o grupo descobriu uma relação interessante. Nas crianças de 3 anos, a cada mês adicional de amamentação foi registrada uma média de 0,21 ponto a mais em testes de QI em comparação às que não tiveram o tempo extra. A mesma influência positiva permanece aos 7 anos, em que os participantes contabilizavam um acréscimo de 0,35 ponto em testes orais e 0,29 em exames não verbais.
No Brasil, um trabalho da PUC de Pelotas (RS) encontrou a mesma relação. Em 2002 e 2003, os cientistas acompanharam 616 bebês para avaliar a permanência e a frequência com que eram amamentados. Quando as crianças completavam 8 anos de idade, elas foram submetidas a testes de QI. “Os bebês que mamaram por mais de seis meses obtiveram desempenho 30% superior”, explica a pediatra Elaine Albernaz, responsável pela pesquisa. De acordo com o pediatra carioca Daniel Becker, do Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o benefício transcende o potencial de raciocínio. “O aleitamento contribui tanto para a inteligência do ponto de vista cognitivo como social e afetivo”, afirma.
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As explicações para o benefício não repousam somente em um mecanismo. Primeiro, há o estímulo do próprio contato entre mãe e filho. “Quando o bebê é amamentado, a mãe toca nele, olha e fala com ele. Esse vínculo é fundamental para o desenvolvimento cognitivo”, assegura a médica Elaine. Depois, há o impacto de substâncias presentes no leite materno que atuam na formação e no crescimento dos neurônios, como as gorduras e o ácido araquidônico.
Um trabalho da PUC do Rio Grande do Sul chama a atenção para a importância de cuidados especiais aos prematuros também no que diz respeito à cognição. Durante oito anos, os pesquisadores acompanharam 200 crianças nascidas prematuramente, mas não consideradas de risco (não apresentavam sequelas neurológicas). Apresentavam apenas baixo peso (menos de 2,5 quilos) ao nascer. Em teste de avaliação de inteligência aplicado quando elas chegaram aos 8 anos, manifestaram pontuações inferiores ao esperado. “Acreditamos que a questão está mais relacionada ao baixo peso de nascimento do que com a prematuridade. Isso é um aspecto associado à desnutrição intrauterina”, explicou a neurologista infantil Magda Nunes, professora de neurologia da Faculdade de Medicina da PUC/RS e autora do experimento. Em animais, a pesquisadora constatou que a falta de nutrientes corretos torna menor o hipocampo, estrutura do cérebro que participa do processamento de funções cognitivas e da memória.
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MAPA
O cientista Aron Barbey, dos Estados Unidos, investiga
como a inteligência emerge dos circuitos de neurônios
Informações desse gênero são alvo de investigação em todo o mundo. “Nosso desafio é estudar de que maneira a inteligência emerge de sistemas neurais e o estudo da arquitetura do cérebro ajuda a entender alguns padrões de pensamento e comportamento”, afirmou à ISTOÉ o pesquisador Aron Barbey, do Laboratório de Neurociência da Universidade de Illinois (Eua). O cientista é um dos mais respeitados estudiosos dos caminhos neuronais associados à cognição. Com base em seu conhecimento, também se coloca como um dos principais defensores de que o desenvolvimento inicial de habilidades como os raciocínios concreto e abstrato tem raízes em uma interação que une, entre outros elementos, uma boa nutrição cerebral, como se viu, herança genética e ambiente.
Na fundação desses pilares, está cada vez mais consolidado, por exemplo, o poder do afeto. “A criança deve ter pelo menos uma relação afetiva significativa para desenvolver a empatia, capacidade que vai determinar muitos aspectos do processamento cognitivo”, explica o médico e psicoterapeuta João Augusto Figueiró, fundador do Instituto de Zero a Seis, entidade que tem por objetivo estimular a consciência sobre a importância da primeira infância para o desenvolvimento do indivíduo. Nesse sentido, algo banal como o convívio com um animal de estimação ajuda muito. Uma revisão de 69 pesquisas realizadas por cientistas de várias instituições europeias mostrou que pela interação entre um bicho de estimação e crianças se verifica o desenvolvimento de habilidades importantes – respeito, confiança e empatia entre elas.
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Efeito oposto promove o uso de aparelhos como smartphones e tablets. Apesar do apelo educacional desses aparelhos, a Academia Americana de Pediatria recomendou recentemente que os pais não ofereçam esses recursos a seus filhos antes que eles completem 2 anos de idade. Num artigo intitulado “Crianças devem aprender da brincadeira – e não do monitor”, a entidade cita pesquisas que associam o uso de mídias eletrônicas a um pior desempenho da linguagem e ao atraso no desenvolvimento emocional, entre outros prejuízos.
 
Autores: Monique Oliveira e Wilson Aquino - Fonte: Revista Istoé