Detecção precoce, busca ativa e acompanhamento adequado contribuíram para o avanço ao enfretamento da doença no país
No Dia Mundial de Luta contra Hanseníase, celebrado em 31 de janeiro,
novos dados divulgados pelo Ministério da Saúde apontam redução de
34,1% no número de casos novos diagnosticados no Brasil, passando de
43.652, em 2006, para 28.761 no ano de 2015. Essa redução está associada
à queda de 39,7% da taxa de detecção geral do país, que passou de 23,37
por 100 mil habitantes, em 2006, para 14,07/100 mil habitantes em 2015.
A redução é resultado das ações implantadas no país para o
enfrentamento da doença, com foco na busca ativa de casos novos para o
diagnóstico na fase inicial; tratamento oportuno e cura, bem como a
prevenção de incapacidades e deformidades físicas, principal causa do
estigma e preconceito associados à doença.
Em menores de 15 anos, o número de casos novos da doença
diagnosticados em 2015 foi de 2.113, sinalizando, assim, focos de
infecção ativos e transmissão recente. Contudo, a taxa de detecção geral
nessa parcela da população apresentou uma redução acumulada de 28,2% na
última década, passando de 6,22 por 100 mil habitantes em 2006, para
4,46 por 100 mil habitantes em 2015.
O número de pacientes em tratamento no país também caiu, passou de
26,3 mil pacientes em 2006 para 20,7 mil em 2015, demonstrando uma queda
de 21,3%. “A busca ativa de casos e exame dos contatos proporciona a
redução na cadeia de transmissão. Identificando precocemente o doente, é
possível iniciar o tratamento, diminuir a contaminação de pessoas
sadias e avançar no processo de eliminação da doença, que é um problema
de saúde pública no Brasil”, explica a Coordenadora-Geral de Hanseníase e
doenças em eliminação, Carmelita Ribeiro Filha.
BUSCA ATIVA EM CRIANÇAS – O Ministério tem
intensificado a busca ativa de casos em crianças, a fim de diagnosticar e
iniciar o tratamento contra a doença o mais cedo possível, reduzindo a
transmissão e as incapacidades decorrentes do diagnóstico tardio.
Para isso, deste 2013, realiza, nas escolas a Campanha Nacional de
Hanseníase, Geo-helmintíases e Tracoma, para identificar casos suspeitos
de hanseníase, tratamento coletivo para geo-helmintíases e detecção e
tratamento de casos de tracoma nos escolares e seus contatos
domiciliares. A quarta edição da Campanha iniciou em agosto de 2016 e
será realizada até o dia 17 de abril deste ano.
Na terceira edição, realizada em 2015, participaram 2.292 municípios,
totalizando um aumento de 269% em relação ao primeiro ano da Campanha
(852 mun/2013). Nas três primeiras edições da Campanha, cerca de 16
milhões de escolares receberam a ficha de autoimagem. Destes, 1,3
milhões foram examinados para hanseníase e 917 tiveram diagnóstico
confirmado, além de 121 casos novos entre os contatos. A quarta edição
da Campanha, iniciada em agosto de 2016, será realizada até 17 de abril
deste ano. Até o momento, 431.436 escolares foram examinados para
hanseníase e 58 casos novos diagnosticados.
DIA MUNDIAL DE LUTA – O Ministério da Saúde tem
promovido, em parcerias com estados e municípios, ações de educação em
saúde para alertar a população sobre os sinais e sintomas da doença,
incentivando a procura pelos serviços de saúde.
Também há uma mobilização de profissionais de saúde à busca ativa de
casos novos de hanseníase com foco para o diagnóstico precoce da doença,
exame dos contatos e a prevenção das incapacidades e deformidades
físicas.
Ainda para marcar a data de luta contra a doença, o edifício sede do
Ministério da Saúde receberá projeção de luz na cor roxa, entre os dias
31 de janeiro há 28 de fevereiro.
DETECÇÃO E TRATAMENTO – A Hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação e investigação compulsória, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, capaz de infectar grande número de pessoas.
A transmissão se dá de uma pessoa doente sem tratamento para outra,
após um contato próximo e prolongado, especialmente os de convivência
domiciliar. A doença, que atinge pele e nervos tem cura. Se não
diagnosticada e tratada precocemente, pode causar incapacidades e
deformidades físicas.
Por isso, a recomendação do Ministério da Saúde é que as pessoas
procurem o serviço de saúde ao aparecimento de manchas em qualquer parte
do corpo, principalmente se essa mancha apresentar alteração de
sensibilidade ao calor e ao toque, configurando como um dos sinais e
sintomas sugestivos da doença.
O tratamento ofertado pelo SUS nas unidades públicas de saúde de todo
o país é feito por via oral, com a Poliquimioterapia (PQT), uma
associação de três antibióticos. O esquema de tratamento depende da
classificação da doença: Paucibacilar (PB) com seis doses em até nove
meses, ou Multibacilar (MB), com 12 doses em até 18 meses. Além do exame
dermatológico, os pacientes deverão ser submetidos a uma avaliação
neurológica simplificada, orientados quanto aos cuidados com olhos, mãos
e pés para prevenção de incapacidades.
Por Ana Cláudia e Nivaldo Coelho, da Agência Saúde
Atendimento à Imprensa - (61) 3315-3580/2861
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