segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Cientistas e sociedade civil unem-se contra arboviroses em Minas

Movimentos sociais feministas de Minas Gerais, profissionais de saúde que atuam no Programa de Saúde da Família (PSF) e gestores de saúde do estado são os protagonistas de um projeto que vem sendo desenvolvido por meio de uma parceria entre a Universidade de York (Inglaterra), Fundação João Pinheiro e a Fiocruz Minas. A partir de um enfoque das ciências sociais, o trabalho visa levantar e compreender as principais dificuldades enfrentadas pelos agentes comunitários, diante da tarefa de evitar a propagação das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti (dengue, zika, chikungunya, febre amarela), também conhecidas como arboviroses. Ao final do processo, pretende-se elaborar estratégias de ação no âmbito das políticas públicas, bem como fornecer novas ferramentas que, ao refletirem as reais demandas, possam gerar uma compreensão mais aprofundada dos desafios colocados pelas epidemias.
Com o título Movimentos Sociais feministas e a resposta à síndrome de zika no Brasil: mitigando negligências por meio de abordagens centradas na comunidade, o projeto tem como um dos diferenciais o envolvimento da Articulação das Mulheres do Campo de Minas Gerais, um espaço de interlocução que envolve diferentes movimentos, organizações e redes do estado. A intenção é dar voz a essas pessoas, de forma a descobrir demandas que possam refletir as interseções entre gênero e raça, desapropriação econômica, vulnerabilidade ambiental, demandas e acessos aos serviços de saúde e formas precárias de vida ligadas à produção agrícola em meio rural e urbano que interferem nos aspectos sociais ligados à epidemia.
“Nosso objetivo é ouvir esses grupos e, mais do que isso, levar as demandas apontadas por eles a outras esferas, como a dos gestores públicos.  E, sabendo do protagonismo da mulher nas questões que envolvem a família e a comunidade, nada mais eficiente do que envolvê-las nesse debate. Certamente, temos muito o que aprender com tais grupos que, historicamente, dependem de redes de apoio e de práticas de cuidado, que ultrapassam a esfera da assistência nos serviços públicos de saúde”, afirma a pesquisadora da Fiocruz Minas, Denise Nacif Pimenta.
O projeto, que foi pensado em 2016 e recebe financiamento da Universidade de York (Inglaterra), faz parte da rede “Ciências Sociais e Humanidades frente à epidemia de zika”, coordenada pela Fiocruz no Rio de Janeiro e foi aprovado pelo Institutional Links Zika, construído em parceria entre a Fiocruz e a British Council – Fundo Newton.
O projeto inclui três etapas: levantamento das demandas; promoção de debate e articulação entre a sociedade civil, profissionais de saúde e gestores políticos; e, finalmente, elaboração de materiais educativos, bem como de um documento com os principais resultados, que possam subsidiar ações e estratégia no âmbito das políticas públicas para melhorar os aspectos identificados como problemáticos.
“O objetivo principal do projeto é estabelecer o diálogo e promover a escuta de agentes comunitários de saúde, agentes de endemias e gerentes de unidades básicas de saúde”, explica a pesquisadora da Fundação João Pinheiro, Maria Nogueira. Segundo ela, esses são atores importantes para a compreensão do cenário sociocultural da epidemia, dos aspectos relacionados à gestão e execução de atividades diretamente relacionadas à prevenção e ao controle das arboviroses, bem como ao encaminhamento e acompanhamento dos grupos afetados.
Também estão sendo entrevistadas mulheres grávidas ou que tiveram bebês recentemente. De acordo com a pesquisadora, a intenção é dar voz a essas usuárias dos serviços, uma vez que o espaço de escuta e diálogo costuma ser negligenciado.
“Os dados apontam para um cenário de medo, preocupação, falta de informação e muitas dúvidas. No caso dos agentes, os relatos nos revelam um quadro preocupante de falta de informação, pouca ou nenhuma capacitação e falta de materiais informativos e educativos para auxiliá-los no trabalho com a população”, comenta Maria Nogueira.
Workshop
O projeto prevê a realização de um workshop, com a participação dos movimentos sociais feministas, profissionais de saúde, gestores estaduais e municipais da área de saúde e pesquisadores. Será uma oportunidade de promover o diálogo entre esses diversos públicos que raramente se encontram.
“Faremos a apresentação dos dados coletados, estimulando a discussão entre os participantes. Sem dúvida, será um momento bastante produtivo, pois pessoas de campos diferentes e com papéis tão distintos poderão dialogar”, conta Denise Pimenta.
Os materiais informativos e educativos serão produzidos até o fim deste ano. O formato e o conteúdo serão definidos depois de finalizada a fase de coleta de dados, uma vez que a tônica do projeto é gerar produtos que dialoguem com a realidade sociocultural dos atores envolvidos.
“Não queremos trabalhar na lógica da produção vertical que desconsidera as especificidades dos sujeitos sociais e o contexto no qual estão inseridos. A produção compartilhada da criatividade, aspectos lúdicos e contextualização serão ingredientes fundamentais para que possamos nos comunicar de forma mais eficaz”, destaca Maria Nogueira.
Por meio de uma parceria com a TV Minas, também serão produzidos materiais audiovisuais, que poderão ser usados em atividades de ensino a distância. Outro importante produto será um documento elaborado com base nas conclusões do workshop, que poderá ser utilizado para nortear as políticas públicas relacionadas às arboviroses.
Projeto integrador
Ao promover interação entre os movimentos sociais feministas ligados à agroecologia, profissionais de saúde, pesquisadores e gestores políticos, o projeto preenche uma lacuna importante, que é promover um melhor conhecimento do contexto social das arboviroses e maior participação coletiva na definição de políticas públicas.
“Essa melhor compreensão e interação entre os diferentes atores podem contribuir para um conhecimento mais aprofundado do problema muldimensional das arboviroses, além de uma identificação mais precisa das necessidades dos grupos mais vulneráveis, permitindo assim a definição de políticas públicas mais eficazes e inclusivas”, destaca o pesquisador da Universidade de York, João Nunes.
Segundo o pesquisador, a recente epidemia de zika trouxe algumas lições importantes não apenas para os gestores, mas também para os pesquisadores na área de saúde. Para ele, a situação demonstrou, primeiramente, as insuficiências de políticas centradas no controle químico do vetor, que abordam o problema como uma questão meramente pela via biomédica, focadas no desenvolvimento e aplicação de instrumentos técnicos ou farmacológicos, independentemente do contexto político, econômico e social.
Ainda de acordo com o pesquisador, a resposta à epidemia de zika também demonstrou os limites de uma estratégia voltada para a responsabilização individual, ou seja, uma estratégia que se baseia na alteração de comportamentos individuais, sem considerar o ambiente e contexto social no qual as decisões individuais são tomadas. Para Nunes, a epidemia de zika revelou ainda até que ponto a vulnerabilidade às arboviroses é condicionada por determinantes econômicos e de gênero.
“As populações economicamente mais carentes e, principalmente, as mulheres e seus filhos em situação de extrema carência estão não apenas particularmente vulneráveis às doenças, mas também numa situação de difícil acesso aos mecanismos de resposta a estas doenças, em especial o acesso aos serviços de saúde. Essa dimensão social e política tem sido negligenciada pelas atuais políticas de controle das arboviroses, o que se repete para a epidemia de zika”, avalia.
Para a pesquisadora Denise Pimenta, as ciências biomédicas e as ciências sociais e humanas tendem a não dialogar entre si. Dessa forma, as ciências sociais têm sido sistematicamente excluídas da discussão e delineamento das políticas e campanhas de prevenção e controle das arboviroses.
“Os campos científicos não se falam nem trocam experiências, não participam dos mesmos eventos científicos, não leem nem publicam nas mesmas revistas, não participam dos mesmos comitês científicos e de delineamento de políticas públicas”, afirma. Na opinião da pesquisadora, isso agrava ainda mais a dificuldade de produção mais ampla do conhecimento social necessário para compreensão integrada da problemática da prevenção e controle das arboviroses.
“Esse projeto busca exatamente atuar nessa questão: unir esforços e conhecimento científico, bem como da ciência biomédica e das ciências sociais e humanas”, diz.

Keila Maia (Fiocruz Minas)
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/27482-ministerio-da-saude-divulga-novos-dados-de-febre-amarela 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Saiba quem deve se vacinar contra a febre amarela

 A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da saúde, explica sobre o número de doses necessário, como a vacina deve ser administrada, além da recomendação para viajantes e população em áreas de risco.

Nesta entrevista ao Blog da Saúde, a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, esclarece que não há mudança no esquema vacinal da febre amarela. A estratégia de duas doses, adotada no Brasil, é segura e garante proteção durante toda a vida. A população que não vive na área de recomendação ou não vai se dirigir a essas áreas não precisa buscar a vacinação neste momento.

Confira também:
Ministério da Saúde amplia a proteção à vacinação contra a febre amarela
Perguntas e respostas sobre a Febre Amarela


A coordenadora explica que a vacina contra febre amarela é a medida mais importante para prevenção e controle da doença e apresenta eficácia de aproximadamente 95%, além de ser reconhecidamente eficaz e segura.  Entretanto, assim como qualquer vacina ou medicamento, pode causar eventos adversos como febre, dor local, dor de cabeça, dor no corpo, entre outros. Portanto, mesmo em um momento de intensificar as ações de vigilância da febre amarela, é necessário orientar a população quanto à necessidade de se vacinar.

Qual o esquema vacinal recomendado pelo Ministério da Saúde para a febre amarela?

Carla Domingues: O esquema da febre amarela é de duas doses, tanto para adultos quanto para crianças. As crianças devem receber as vacinas aos nove meses e aos quatro anos de idade. Assim, a proteção está garantida para o resto da vida. Para quem não tomou as doses na infância, a orientação é de uma dose da vacina e outra de reforço, dez anos depois da primeira. As recomendações são apenas para as pessoas que vivem ou viajam para as áreas de recomendação da vacina. A população que não vive na área de recomendação ou não vai se dirigir a essas áreas não precisa buscar a vacinação neste momento.

No momento, com os casos confirmados no estado de Minas Gerais, há mudança na indicação da vacina contra a febre amarela?

Carla Domingues: Não há mudança no esquema de vacinação. Devem se vacinar contra a febre amarela apenas pessoas que moram nas áreas de recomendação da vacina ou que viajam para essas localidades e que estão com o esquema de vacinação incompleto, ou seja, quem não tomou as duas doses recomendadas pelo Ministério da Saúde. Para adultos que tomaram a primeira dose há menos de dez anos, também não há necessidade de adiantar a dose de reforço.

Leia a entrevista para Web Rádio Saúde do diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, sobre as dúvidas mais comuns da população a respeito da 

Febre Amarela:

Confira os lugares que são classificados como áreas de risco:


Lista de Municípios com recomendação para Vacinação contra a Febre Amarela. 

Para quem já tomou duas doses da vacina e mora nas áreas de recomendação, uma terceira dose significa mais proteção?

Carla Domingues: As duas doses são o suficiente para proteger durante toda a vida. Uma terceira dose não vai criar nenhuma proteção adicional. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma única dose para toda a vida. O Brasil, buscando uma maior segurança, adota o esquema de duas doses. Portanto, quem recebeu duas doses, na infância ou na fase adulta, já está devidamente protegido e não precisa buscar o serviço de saúde.

E para quem perdeu o cartão de vacinação e não tem conhecimento da própria situação vacinal, qual a orientação?

Carla Domingues:
Quem perdeu o cartão de vacinação deve procurar o serviço de saúde que costuma frequentar e tentar resgatar o histórico. Caso isso não seja possível, a recomendação é iniciar o esquema normalmente. Portanto, pessoas a partir de cinco anos de idade que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação devem receber a primeira dose da vacina e um reforço, dez anos depois. Essa recomendação é apenas para as áreas de recomendação da vacina. Vale destacar a situação de saúde deve ser informada ao profissional de saúde, para que seja possível avaliar se há contraindicação.

Quais são as contraindicações para a vacina da febre amarela?

Carla Domingues:
A vacina é contraindicada para crianças menores de seis meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até seis meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas. Em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação para estes grupos, levando em conta o risco de eventos adversos.
- Qual a orientação para turistas estrangeiros que visitam as áreas de recomendação de vacina no Brasil?
Carla Domingues: Para turistas que forem se dirigir a uma área com recomendação de vacina - tanto estrangeiros quanto brasileiros – e que não completaram o esquema de duas doses, a recomendação é que seja vacinado pelo menos dez dias antes da viagem, que é o tempo que a vacina leva para criar anticorpos e a pessoa estar devidamente protegida. Quem tomou a primeira dose há menos de dez anos não precisa adiantar o reforço.

No caso das crianças que vão iniciar o esquema, existe algum risco em receber a febre amarela junto com outras vacinas?

Carla Domingues: A vacina para febre amarela não deve ser aplicada ao mesmo tempo que a vacina tríplice viral (que protege contra sarampo, rubéola e caxumba) ou tetra viral (que protege contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Se a criança tiver alguma dose do Calendário Nacional de Vacinação em atraso, ela pode tomar junto com a febre amarela, com exceção da tríplice viral ou tetra viral. A criança que não recebeu a vacina para febre amarela nem a tríplice viral ou tetra viral e for atualizar a situação vacinal, a orientação é receber a dose de febre amarela e agendar a proteção com a tríplice viral ou tetra viral para 30 dias depois.

Por Camila Bogaz, da Agência Saúde/Ascom-MS

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Banco de Leite Humano no Sergipe precisa de doações


“Precisamos de doação de leite humano o ano inteiro, mas é neste período que necessitamos, ainda mais, pois os estoques caem consideravelmente”. Essa afirmação é de Anésia Guedes, gerente interina do Banco de Leite Humano (BLH) Marly Sarney, setor ligado à Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL).
A gerente revela que os estoques estão baixos. Em dezembro de 2016 foram doados apenas 12.186 litros de leite. “Esse nível é considerado baixo para a demanda. Nós precisamos suprir as necessidades de alimentação dos bebês prematuros e de alto risco nascidos na maternidade Nossa Senhora de Lourdes”, ressaltou.
Em 2016, o BLH Marly Sarney teve um total de 625 mães doadoras, enquando o número de receptores correspondeu a 1.542.

Assistência
O BLH presta assistência ao binômio mãe-bebê. A unidade funciona de segunda a sexta-feira, e conta com um ambulatório de amamentação para mães que estão em aleitamento materno exclusivo. No local, o bebê pode ser acompanhado até os 6 meses de vida.
Segundo a Anésia Guedes o leite materno é a principal fonte de nutrientes para os recém-nascidos. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que esse seja o único alimento consumido por todos os bebês até os seis meses de vida.
“Diante disso, a doação, além de beneficiar os recém- nascidos, também é uma forma de ajudar as mães que não conseguem amamentar seus bebês que estão internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIN’S) do Estado, atendendo ,principalmente, as demandas da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, que é a referência em alto risco”, explica.
Como doar
O Estado conta com três Bancos de Leite Humano que estão localizados nos municípios de Aracaju, Lagarto e Itabaiana .
“Vale ressaltar que as mães que doadora não correm risco de ficar sem leite para os seus bebês. Quanto mais a mulher dá de mamar, mais leite ela vai produzir. O ato que estimula a produção de leite humano é a sucção do bebê”, complementa Anésia Guedes.
Para esclarecer dúvidas ou para se tornar uma doadora é possível entrar em contato através do Disque Amamentação pelos telefones: (79) 3226-6335 e o (79) 3226-6337.

Fonte: Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Saúde treina equipes para tratamento da chikungunya

A Secretaria Municipal de Saúde fez nesta quarta-feira, 4 de janeiro, treinamento para reforçar os protocolos clínicos para diagnóstico e tratamento das arboviroses – dengue, zika e chikungunya. O trabalho faz parte dos esforços da Prefeitura do Rio para preparar a cidade para o risco de uma epidemia de chikungunya, com a possibilidade de a metade da população carioca ser infectada. Participaram do treinamento cerca de 300 profissionais, entre direções gerais, médicas e de enfermagem da rede hospitalar, coordenadores de policlínicas, clínicas da família e centros municipais de saúde, que têm prazo até o dia 31 de janeiro para transmitir as informações para as equipes de suas unidades e capacitá-las para a correta identificação, cuidados e notificação das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

"O perfil de imunidade das pessoas em relação à chikungunya é muito baixo, então elas ficam mais suscetíveis ao vírus. Essa doença pode cronificar em até 40% dos casos, durando até dois anos. Isso significa que a pessoa contaminada com a chikungunya pode visitar as unidades de saúde durante dois anos com dor crônica", explica o secretário municipal de Saúde, Carlos Eduardo de Mattos, alertando para a importância do trabalho conjunto do poder público com a comunidade no combate aos focos do mosquito transmissor das arboviroses: "Temos que fazer essas campanhas de conscientização, porque 82% dos focos do Aedes aegypti estão dentro dos domicílios. Então é importante conscientizar a população para eliminar esses focos."

Material técnico com os sintomas típicos e atípicos da chikungunya, estudos de casos ocorridos em todo o Brasil e os protocolos clínicos do Ministério da Saúde foi preparado pela Subsecretaria de Atenção Hospitalar, Urgência e Emergência e distribuído aos diretores das unidades, para ser replicado para suas equipes. O modelo do Cartão de Acompanhamento de Arboviroses, que está sendo implantado em toda a rede, também foi distribuído e deverá ser preenchido com a evolução dos pacientes pelos médicos que fizerem o primeiro atendimento – nas emergências ou unidades de Atenção Primária – e pelos que fizerem o acompanhamento ambulatorial na Atenção Primária. Toda a rede estará preparada para o diagnóstico e para o possível aumento de demanda com a ocorrência da epidemia e, em caso de necessidade, serão montados polos de hidratação.

A integração da Atenção Primária com a rede de urgência e emergência é um dos pontos-chaves da estratégia de combate à epidemia de chikungunya. Um panorama das arboviroses na cidade foi apresentado durante o treinamento pela Superintendência de Vigilância em Saúde, da Subsecretaria de Atenção Primária. No caso da dengue – a primeira das três arboviroses a surgir no país – o acompanhamento vem sendo feito desde 2000, com experiências acumuladas pelas epidemias dos anos de 2002, 2008 e 2012. Nos casos de zika e chikungunya, o município do Rio faz o acompanhamento dos casos desde 2015, antes mesmo dos alertas do Ministério da Saúde para as complicações resultantes dessas doenças.

Relatos de casos de chikungunya acompanhados pela Vigilância em Saúde e que agravaram devido à não identificação da virose no primeiro atendimento foram apresentados aos diretores dos hospitais, como exemplos da importância da atenção aos sintomas e da notificação epidemiológica dos casos. Por se tratar de doença nova no país e cujos sintomas iniciais podem ser confundidos com diversas outras viroses – inclusive com a dengue e a zika – a atenção aos sinais e aos algoritmos assistenciais é fundamental e a condução dos cuidados dentro dos protocolos técnicos preconizados pelo Ministério da Saúde pode evitar a letalidade da doença.