sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Mais brasileiras esperam chegar aos 30 para ter primeiro filho

Estudo “Saúde Brasil” mostra que porcentagem de mães nessa faixa etária cresceu na última década, sobretudo entre as que têm mais escolaridade
Cada vez mais brasileiras estão esperando chegar até os 30 anos ou mais para ter o primeiro filho, principalmente as que possuem mais anos de estudo. A conclusão é do estudo “Saúde Brasil”, que faz um raio x da saúde do brasileiro, apontando tendências em áreas como taxa de natalidade e fecundidade, mortalidade, surtos, epidemias e doenças. Segundo a pesquisa, o percentual de mães na faixa etária de 30 anos cresceu na última década, passando de 22,5% em 2000 para 30,2% em 2012. Já o número de mulheres com menos de 19 anos que tiveram filhos caiu de 23,5% para 19,3% no mesmo período.
Outra constatação do estudo é que quanto maior a escolaridade, maior a idade da mãe no momento do parto, sobretudo as “de primeira viagem” (que informaram não ter filhos anteriormente). Entre aquelas com níveis mais elevados de escolaridade (12 anos ou mais de estudos), o nascimento do primeiro filho acontece com elevada frequência após a mãe completar 30 anos ou mais de idade (45,1%). Já entre as com menor escolaridade, com até 3 anos de estudo (51,4%) ou com 4 a 7 anos de estudo (69,4%), mais da metade foram mães com menos de 20 anos.
“O Brasil segue uma tendência observada em países desenvolvidos, com a inserção ainda mais forte da mulher no mercado de trabalho, com mais acesso aos métodos anticoncepcionais. Com isso, a mulher planeja melhor sua gravidez“, explicou a Diretora do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare. A maior quantidade de mães com 30 anos de idade ou mais está concentrada nas regiões Sudeste e Sul, representando respectivamente 34,6% e 33,6% dos nascimentos. No Centro-Oeste a taxa foi de 28,8%, seguido do Nordeste com 26,1% e o Norte com 21,2%.
Os dados revelam ainda uma tendência de queda no número de nascidos vivos, fortalecida pela diminuição das taxas de fecundidade em todas as regiões do país. Entre 2000 e 2012, houve redução de 13,3% no número total de nascimentos e, desde 2005, as taxas de fecundidade no Brasil têm sido inferiores ao nível de reposição populacional, em média mundial de 2,1 filhos/mulher. Em 2012, essa taxa foi ainda mais baixa, alcançando o valor de 1,77 filhos/mulher (redução de 22,7% em relação a 2000).
Com exceção da Região Norte (índice de 2,24 filhos/mulher), todas as demais regiões apresentaram taxas de fecundidade total inferiores ao nível de reposição. O menor valor foi encontrado no Sul, onde a taxa alcançou 1,66 filhos/mulher. Seguindo essa tendência, o processo de envelhecimento populacional deverá se intensificar e, em duas décadas, prevê-se uma estabilização do crescimento demográfico, com perspectivas de redução do tamanho da população brasileira. “O estudo aponta uma tendência já observada por outras instituições, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por isso, o governo tem investido muito em informação e políticas que promovam o envelhecimento saudável, como a própria política de doenças crônicas não transmissíveis, lançada nesta semana. Não temos dúvidas que a saúde se fortalece mais quando atrelada a ações de educação, esporte, cultura, desenvolvimento social”, finalizou a diretora.
PRÉ-NATAL - Em relação às características da gravidez e do parto, mais especificamente à atenção pré-natal, a análise evidencia que de três em cada quatro nascimentos foi realizado o número mínimo de consultas (seis ou mais) preconizado pelo Ministério da Saúde. Juntamente com estados e municípios, o Ministério da Saúde ampliou em 87% as consultas de pré-natal entre 2003 e 2012. Somente em 2012, foram realizadas 18,2 milhões de consultas pré-natais pelo (SUS).
Quanto ao tipo de parto, há uma tendência crescente de cesáreas no Brasil entre 2000 e 2012. Mais de 83% das mães com 12 anos ou mais de estudo e mais de 67% de mães com idades entre 25 e 39 anos realizaram parto cesáreo em 2012. No que diz respeito à cor da pele, enquanto 67% das mães brancas realizaram parto cesáreo, este percentual foi de 18% entre as indígenas (o índice foi de 48% entre as pretas, 59% entre as amarelas e 49% entre as pardas).
Para reduzir o número de cesáreas desnecessárias, o Ministério da Saúde busca esclarecer as mulheres em relação às vantagens do parto normal e apoia a discussão da formação em obstetrícia, inclusive incentivando o aprimoramento da formação médica – tanto nos currículos acadêmicos das faculdades de Medicina quanto na residência médica.
Por meio da estratégia Rede Cegonha, o governo federal tem incentivado o parto normal humanizado e intensificado a assistência integral à saúde de mulheres e crianças, desde o planejamento reprodutivo, passando pela confirmação da gravidez, pré-natal, parto, pós-parto, até o segundo ano de vida do filho. Atualmente, a Rede Cegonha está presente em 5.488 municípios de todos os estados do país. Desde o lançamento, já foram repassados para a estratégia mais de R$ 3 bilhões.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também tem atuado para reduzir o número de cesarianas desnecessárias no país. Recentemente, a autarquia assinou um Acordo de Cooperação Técnica com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), para desenvolver um projeto piloto de promoção ao parto normal. A ANS também faz uma consulta pública sobre novas normas para o setor, cujas contribuições podem ser enviadas até 23 de novembro.


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Ministério da Saúde propõe novo tratamento para hepatite C

Novos medicamentos garantem percentual maior de cura, tempo reduzido de tratamento (12 semanas) e a vantagem do uso oral. Medicamentos devem passar pela Anvisa e Conitec

O Ministério da Saúde propõe a incorporação de novos medicamentos para o tratamento de pacientes com hepatite C. A decisão é resultado do consenso de especialistas, que avaliaram os medicamentos sofosbuvir, daclatasvir e simeprevir. As evidências científicas apontam que os novos medicamentos apresentam um percentual maior de cura, tempo reduzido de tratamento (12 semanas) e a vantagem do uso oral. A aprovação definitiva para o uso no SUS, no entanto, dependerá da avaliação pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) e da finalização do processo de registro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O país será um dos primeiros a adotar essa nova tecnologia na rede de saúde pública.

Por solicitação do Ministério da Saúde, a Anvisa está priorizando a análise do registro de dois deles, o Sofosbuvir e o Daclatasvir. O terceiro, o simperevir, já está em processo de análise pela agência. O Ministério da Saúde solicita prioridade quando o medicamento apresenta interesse estratégico para o SUS, por se tratar de tecnologia inovadora que proporciona benefícios aos pacientes. Paralelamente a esse processo, os medicamentos também estão sendo analisados pela Conitec. Para que seja incorporado, os medicamentos devem obedecer às regras da Comissão, que garantem a proteção do cidadão quanto ao uso e eficácia do medicamento, por meio da comprovação da evidência clínica consolidada e o custo-efetividade dos produtos. Depois de registrados na Anvisa e concluída a aprovação pela Conitec, a  estimativa é que os novos medicamentos beneficiem cerca de 60 mil pacientes do SUS, nos próximos dois anos.

A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV). A transmissão se dá, dentre outras formas, por meio de  transfusão de sangue, compartilhamento de material para uso de drogas, objetos de higiene pessoal como lâminas de barbear e depilar, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam na confecção de tatuagem e colocação de piercings. Estima-se que até 3% da população mundial pode ter tido infecção por esse vírus, o que corresponde a 185 milhões de pessoas. No Brasil, a prevalência do vírus na população é em torno de 1,4% a 1,7%, principalmente entre os maiores de 45 anos. Vale ressaltar que as medidas de proteção, que hoje são adotadas para transfusões de sangue e uso de injeções, não existiam nas décadas anteriores aos anos 1990.

TRATAMENTOS – Em 2013, o Ministério da Saúde incorporou novos medicamentos considerados de ponta para o tratamento da hepatite C. Os primeiros antivirais de ação direta disponíveis no SUS são o boceprevir (BOC) e o telaprevir (TVR), que pertencem à classe dos inibidores da protease (IP). Esses medicamentos são distribuídos exclusivamente para determinados pacientes em caso mais graves. Atualmente 15,8 mil pessoas estão em tratamento para a hepatite C no SUS.

O Brasil é um dos únicos países em desenvolvimento no mundo que oferece diagnóstico, testagem e tratamento universal para as hepatites virais, em sistemas públicos e gratuitos de saúde. A definição do tipo de tratamento a ser seguido pelo paciente é feita pelo médico de acordo com o estágio da doença e as características de cada paciente.

Desde 2011, o Ministério da Saúde também distribui testes rápidos usados em mobilizações e campanhas, além dos testes tradicionais. Em 2013, foram distribuídos cerca de 1,1 milhão de testes rápidos para hepatite C em todo o país. Apenas nos nove primeiros meses deste ano, já foram distribuídos mais de 1,4 milhão de testes rápidos de hepatite C para todo o país.

Por Nivaldo Coelho, da Agência Saúde 
Atendimento à Imprensa 
(61) 3315-3580 e 3315-6249

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

ANS faz consulta sobre medidas para reduzir número de cesarianas


parto

A partir de amanhã (15), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) coloca em consulta pública duas resoluções que visam a reduzir o número de cesarianas desnecessárias na saúde suplementar brasileira.
As medidas preveem, por exemplo, que as beneficiárias de planos de saúde possam solicitar taxas de cesárea e partos normais por estabelecimento e por médico, independentemente de estarem grávidas.
Além da transparência de informações, as resoluções inclui a apresentação do partograma, que deverá conter anotações do desenvolvimento do trabalho de parto e das condições de saúde maternas e fetais. O documento será parte integrante do processo para pagamento do parto pelas operadoras.
Outra novidade é a distribuição, pelos planos de saúde, do Cartão da Gestante e da Carta de Informação à Gestante para registro de consultas de pré-natal, com orientações e dados de acompanhamento da gestação.
As novas normas estarão disponíveis para análise da população no site da ANS (www.ans.gov.br). O envio das contribuições poderá ser feito de 24 de outubro a 23 de novembro em formulário também disponível no portal da agência. A expectativa do governo é que as mudanças entrem em vigor em dezembro.
A gerente de Atenção à Saúde da ANS, Carla Coelho, lembrou que a cesariana, quando não há indicação médica, provoca riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê, uma vez que aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios paara o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe.
“A cesariana também é um procedimento que salva vidas. Ninguém está demonizando a cesariana. É um procedimento importante e, muitas vezes, tem que ser feito. Mas existem indicações específicas”, disse. Atualmente, no Brasil, o percentual de partos cesáreos chega a 84% na saúde suplementar.
Para o diretor-presidente da ANS, André Longo, o número de cesarianas desnecessárias no país é um problema complexo e que existe há bastante tempo. “É uma problemática que temos vivenciado, mas temos o firme propósito de tentar mudar essa realidade”, disse. “Não exitaremos em tomar todas as medidas necessárias”, completou.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, avaliou que é preciso enfrentar a dimensão cultural do parto cesáreo. Ele fez um comparativo com a situação enfrentada na década de 70, quando o aleitamento materno era visto como inadequado e substituído pelo artificial.
“Com muito esforço, conseguimos fazer a inversão dessa realidade”, explicou. “Entendemos que [essa transição] passa também por mudanças significativas no modelo de atenção à saúde, de remuneração aos serviços. Passa pela formação médica, pelo envolvimento dos profissionais de enfermagem. E passa por um estigma, um mito de que o parto normal é um parto com dor e sofrimento”, concluiu.
 Fonte: EBC

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

"Parto Normal é o mais saudável e seguro" diz Lesley Page maior parteira do Reino Unido

Lesley Page já perdeu as contas de quantos bebês ajudou a trazer ao mundo. Presidente da Faculdade Real de Parteiras do Reino Unido, a britânica, de 70 anos, soma 48 de experiência no ofício. No Rio de Janeiro para participar do congresso “Ecos da 9th Internacional Research Conference — Normal é natural: da pesquisa à ação”, organizado pela Fiocruz, Lesley recebeu um convite inusitado, no início do mês, vindo de ninguém menos do que o príncipe William. Ao entregar-lhe uma comenda, o nobre perguntou se ela gostaria de ajudar no parto do segundo filho que ele e Kate Middleton esperam.

Um estudo da Fiocruz divulgado este ano mostrou que 52% dos partos no Brasil são cesarianas. Esse dado é preocupante?
Sim, o número é muito alto, mas não se trata só de diminui-lo. É preciso humanizar o parto, dar suporte às mulheres e evitar intervenções desnecessárias no parto normal, que são comuns. Por exemplo, permitir que a gestante tenha movimentação livre durante o parto, massagens e palavras de encorajamento podem substituir a anestesia peridural.

O que seria um parto digno?
Ele começa com a mulher tendo sua autonomia respeitada e participando das decisões sobre os cuidados que lhe serão dados. Uma das características mais chocantes dos nascimentos no Brasil é que só 5% das mulheres têm oportunidade de ter parto normal sem intervenção. O parto fisiológico é o mais saudável e seguro.

E qual a razão disso?
O corpo humano tem um equilíbrio fino entre os sistemas. Qualquer intervenção traz uma instabilidade. O parto fisiológico ativa uma série de reações que facilitam a amamentação e a relação da mãe com o recém-nascido, ou seja, como os dois vão se ligar no amor. Ele também ajuda o corpo materno a se adaptar à chegada do neném, atuando principalmente nos receptores cerebrais.

Do que uma mulher que quer ter parto normal precisa?
Primeiro, ela deve ter confiança no profissional que está cuidando dela e tirar todas as dúvidas. Ter uma gravidez saudável, comer bem e fazer atividade física. Saber que ter acesso a uma piscina ou banheira auxilia no processo, ter um acompanhante em que ela confia, não se deitar o tempo todo (só em alguns momentos para descansar), amamentar logo após o nascimento e colocar o bebê em contato pele com pele também é essencial.

O parto normal pode ser realizado em casa com segurança?
Na Inglaterra, temos evidências científicas de que ele é igualmente seguro quando feito em casa, no hospital ou no centro de parto normal. A exceção é para mães de primeira viagem. Nesse caso, a situação está ligada a alguns resultados adversos.



Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/parto-normal-o-mais-saudavel-seguro-diz-lesley-page-maior-parteira-do-reino-unido-14248789.html#ixzz3GEfTl4zD

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Outubro Rosa - Câncer de Mama, é preciso falar disso!


Chikungunya é tema de Seminário Internacional

Realizado pelo Ministério da Saúde, evento promove troca de experiências para aperfeiçoamento de ações de prevenção e combate da doença no país
Buscando aperfeiçoar as ações para o enfrentamento e controle da febre Chikungunya no Brasil, o Ministério da Saúde realiza nesta semana, em Brasília, o 1º Seminário Internacional de Chikungunya. O evento conta com apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) e reúne especialistas internacionais, além de representantes de países que enfrentam epidemia da doença. A troca de experiência com outros países servirá para fortalecer as ações implantadas no Brasil, desde a confirmação de casos no Caribe, no final de 2013.
Também participam do evento, representantes das secretarias estaduais de saúde e da sociedade médica. Na abertura do Seminário, o Secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, enfatizou que é fundamental redução do mosquito transmissor. “O nome da doença é novo, é complicado, mas a maneira de prevenir é simples e conhecida: diminuir a população dos mosquitos Aedes aegypti e, para isso, precisamos agir”, afirmou Jarbas Barbosa.
Uma das principais ações para o enfrentamento da doença no Brasil é o engajamento das prefeituras nas ações de vigilância. O Secretário destacou que uma das ferramentas mais importantes para o controle do vetor é o LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti). “A partir das informações sobre a população de mosquitos, fornecidos pelo LIRAa, as prefeituras devem realizar mutirões de limpeza urbana, mobilizações sociais e de todas as secretarias”, enfatizou o Secretário.
O envolvimento da população também é imprescindível para a prevenção da febre Chikungunya no Brasil, principalmente no período do verão que sempre vem acompanhado de chuva e muito calor, ambiente favorável para a proliferação do mosquito. “A responsabilidade é de todos nós. Cada família deve vistoriar sua casa, verificando se a caixa-d'água está tampada, se a calha não está entupida com folhas, se não há garrafa, pneu ou outro objeto que possa conter água parada”, observou.
Durante a abertura do evento, o representante da OPAS no Brasil, Joaquin Molina, destacou a importância da realização do seminário para a preparação ao enfrentamento da doença. "Esse encontro, que conta com a presença de autoridades e especialistas, é uma prova do interesse de todos os envolvidos na prevenção e combate à doença”, afirmou.
A DOENÇA - A febre Chikungunya é uma doença causada por vírus do gênero Alphavirus, transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o Aedes Aegypti (transmissor da dengue) e o Aedes Albopictus os principais vetores. Os sintomas da doença são febre alta, dor muscular e nas articulações, cefaleia e exantema e costumam durar de três a 10 dias.
Em 2010, quando o Brasil registrou três casos importados (contraídos no exterior) da doença, o Ministério da Saúde passou a acompanhar e monitorar continuamente a situação do vírus causador da Febre Chikungunya. Os sintomas são tratados com medicação para a febre (paracetamol) e as dores articulares com anti-inflamatórios. Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido ao risco de hemorragia. Recomenda-se repouso absoluto ao paciente, que deve beber líquidos em abundância.
Neste ano, o Ministério da Saúde confirmou, por meio de exames laboratoriais, 79 casos de Febre Chikungunya no Brasil, até 27 de setembro. Desse total, 38 são importados de pessoas que viajaram para países com transmissão da doença, como República Dominicana, Haiti, Venezuela, Ilhas do Caribe e Guiana Francesa. Os outros 41 foram diagnosticados em pessoas sem registro de viagem internacional para países onde ocorre a transmissão. Destes casos, chamados de autóctones, oito foram registrados no município de Oiapoque (AP) e 33 no município de Feira de Santana (BA). O novo boletim com dados atualizados da doença deverá ser divulgado nesta quinta-feira (9).

Data de Cadastro: 08/10/2014 as 16:10:42 alterado em 08/10/2014 as 16:10:31
Por Carlos Américo, da Agência Saúde
Atendimento à imprensa – Ascom/MS(61) 3315-2577/6258/3580

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mulher que recebeu transplante de útero dá à luz na Suécia

Ela nasceu sem útero e recebeu o órgão de uma doadora viva, de 61 anos.
Nove mulheres receberam útero na Suécia, em técnica experimental.

Imagem de abril de 2012 mostra testes realizados por pesquisadores da Universidade de Gotemburgo antes das cirurgias com nove mulheres, realizadas em 2013 (Foto: University of Goteborg/Johan Wingborg/AP)
Imagem de abril de 2012 mostra testes realizados por pesquisadores da Universidade de Gotemburgo antes das cirurgias com nove mulheres, realizadas em 2013 (Foto: University of Goteborg/Johan Wingborg/AP)

Em um feito inédito da medicina, uma mulher da Suécia deu à luz depois de receber um transplante de útero. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (3) pelo médico que realizou o procedimento pioneiro.

A mãe, de 36 anos, recebeu o útero de uma amiga próxima de sua família no ano passado. Seu bebê, um menino, nasceu prematuro, mas saudável em setembro. Mãe e filho já estão em casa e passam bem. A identidade do casal não foi revelada.
"O bebê é fantástico", disse o médico Mats Brannstrom, professor de obstetrícia e ginecologia na Universidade de Gotemburgo, que liderou a pesquisa e fez o parto com a ajuda de sua mulher, uma obstetra. "Mas é ainda melhor ver a alegria nos pais e o quanto eles estão felizes com o bebê."
Bebê nasceu em Gotemburgo, na Suécia (Foto: The Lancet/AP)
Bebê nasceu em Gotemburgo, na Suécia (Foto: The Lancet/AP)

O feito abre uma alternativa nova, mas ainda experimental, para milhares de mulheres que a cada ano não podem ter filhos porque perderam o útero para o câncer ou porque nasceram sem o órgão. Antes de esse caso ter provado que o conceito funciona, alguns especialistas questionaram se um útero transplantado poderia manter um feto.
Outros questionaram se um procedimento tão extremo - caro e cheio de riscos - poderia ser uma opção realista para muitas mulheres.

Em foto de arquivo, especialistas Andreas Tzakis, Pernilla Dahm-Kahler, Mats Brannstrom, Michael Olausson e Liza Johannesson participam de coletiva de imprensa em Gotemburgo, sobre técnica de transplante de útero (Foto: AP Photo/Adam Ihse)
O médico Glenn Schattman, que foi presidente da Sociedade de Tecnologias para Reprodução Assistida e especialista em fertilidade da Universidade Cornell disse que transplantes de útero provavelmente permanecerão bastante incomuns.
"Isso não seria feito a menos que não houvesse outras opções", disse. "Requer uma cirurgia muito longa e não isenta de riscos e complicações."
Para os pais orgulhosos, os anos de pesquisa e experimentação fizeram a espera valer a pena. "Foi uma jornada muito difícil ao longo dos anos, mas agora temos o bebê mais incrível", disse o pai, em uma entrevista por telefone. "Ele é muito, muito bonitinho, e nem grita, apenas resmunga." O pai diz que ele e sua esposa, que são atletas profissionais, estavam confiantes de que o procedimento funcionaria, apesar de sua natureza experimental.
Brannstrom e sua equipe transplantaram úteros em nove mulheres ao longo dos últimos dois anos como parte de um estudo, mas complicações fizeram com que dois desses órgãos precisassem ser removidos. No início do ano, Brannstrom começou a transferir embriões em sete mulheres. Segundo ele, há duas outras mulheres grávidas no momento.
Antes desses casos, tinha havido duas tentativas de transplante de útero - na Arábia Saudita e na Turquia - mas nenhuma das mulheres conseguiu dar à luz. Médicos no Reino Unido, França, Japão, Turquia e em outros países estão planejando tentar operações similares, mas usando útero de mulheres que tenham morrido, em vez de órgãos de doadoras vivas.
A mulher sueca que deu à luz tem ovários saudáveis, mas nasceu sem útero, uma síndrome que aparece em uma a cada 4.500 meninas. Ela recebeu o útero de uma mulher de 61 anos, amiga de sua família.
Alguns críticos têm dito que pegar o útero de uma pessoa viva é anti-ético e um risco muito grande para o doador por uma operação que não tem o intuito de salvar uma vida. Mas Brannstrom diz que há poucos doadores mortos na Suécia para considerar essa opção.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Cientistas conseguem traçar origem da pandemia global de Aids

Cesar Baima - O Globo


RIO - Berço do ebola, onde o vírus foi identificado pela primeira vez em 1976, a região Centro-Oeste da África também é a origem da pandemia de Aids que se espalhou pelo mundo na segunda metade do século XX, aponta estudo publicado na edição desta semana da revista “Science”. Segundo os pesquisadores liderados por Oliver Pybus, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e Philippe Lemey, da Universidade de Leuven, na Bélgica, a linhagem do vírus HIV, causador da síndrome, que saltou dos macacos para começar a infectar humanos nas selvas de Camarões no fim do século XIX, chegou com migrantes à atual Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC), de onde começou a se alastrar para o resto do planeta a partir do início dos anos 1920.

Transporte ferroviário, um fator

Então conhecida como Léopoldville, Kinshasa era capital do Congo Belga e um importante centro comercial do período colonial, tendo reunido na época fatores que criaram o que os cientistas classificaram como uma “tempestade perfeita” para que o HIV se espalhasse. De acordo com eles, entre esses fatores estavam uma rápida urbanização, uma extensa rede de transporte ferroviário pela qual circulavam cerca de 1 milhão de pessoas anualmente e mudanças culturais relacionadas ao sexo e à prostituição, incluindo a contaminação involuntária de prostitutas com seringas mal esterilizadas em campanhas de saúde voltadas para elas.

— Depois da transmissão original do vírus de animais a humanos, provavelmente por meio da caça ou manuseio da sua carne, houve apenas uma pequena “janela” durante a era colonial belga para que esta linhagem particular do HIV emergisse e provocasse uma pandemia — diz Pybus. — Já nos anos 1960, os sistemas de transporte, como as ferrovias — que permitiram que o vírus se alastrasse por grandes distâncias —, estavam menos ativos, mas aí as sementes da pandemia já tinham sido plantadas na África e além.

Para identificar o local e a época que representam o “marco zero” da pandemia de Aids, os pesquisadores analisaram o genoma do vírus da linhagem conhecida como HIV-1 grupo M (HIV-1M), retirado de várias amostras de tecidos e sangue coletadas ainda na era colonial. Eles então puderam montar uma árvore filogenética desta linhagem, sobre a qual aplicaram um “relógio molecular” com base na conhecida taxa de mutação de retrovírus como o HIV para datar a origem de suas ramificações. Segundo os pesquisadores, de Kinshasa o vírus viajou junto com o trabalhadores da mineração por rios e trens centenas de quilômetros para Sudeste até a cidade de Lubumbashi, onde chegou em 1937, e para Nordeste até Kisangani, onde foi registrado em 1953. No estudo, eles também puderam determinar que o subtipo B do HIV-1M, o principal causador da pandemia global, surgiu em Kinshasa em 1944 e alcançou os EUA nos anos 1960 com imigrantes do Haiti que levaram a doença da África para seu país.




quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Mortalidade materna cai 55% no Brasil, aponta relatório sobre Objetivos do Milênio

Publicada em 
Há menos de 500 dias para o fim do prazo para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), melhorar a saúde materna, o quinto dos oito objetivos, é o grande desafio do Brasil e do mundo. De 1990 a 2011, o país reduziu em 55% a taxa de óbitos das gestantes – ou seja, a taxa caiu de 141 para 64 óbitos por 100 mil nascidos vivos em duas décadas.

Isso reflete um avanço maior do que as médias da América Latina e do mundo, cujas reduções foram de apenas 45%, de acordo com o 5º Relatório Nacional de Acompanhamento dos ODM, lançado em maio de 2014, na Arena da Participação Social, em Brasília.
Para reduzir ainda mais a mortalidade materna, os governos federal, estaduais e municipais e a sociedade civil precisam intensificar os esforços para que o país alcance os 3/4 do nível observado em 1990.
 
Ieva Lazareviciute, oficial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), faz um alerta sobre as mortes maternas que ocorrem, muitas vezes, por causas que poderiam ter sido evitadas durante as consultas pré-natais ou no atendimento médico. “O trabalho para a redução da mortalidade materna merece todo nosso esforço e atenção e passa, sobretudo, pela prevenção. Como mãe, fico mais triste ainda quando uma mulher chega a falecer num momento que poderia ser o mais feliz da sua vida”, declarou.
 
Ana Paula de Andrade Viana, enfermeira e coordenadora do Grupo Curumim, de Recife (PE), responsável pela ‘Inclusão e Reconhecimento das Parteiras Tradicionais ao Sistema Único de Saúde’, uma das práticas vencedoras da 5ª Edição do Prêmio ODM, reforça a necessidade da humanização da assistência obstétrica e o fortalecimento das parteiras tradicionais como elo importante entre a comunidade e os serviços de saúde.
 
“Nossa prática atua na formação de redes e promoção do intercâmbio de políticas de atenção à saúde materna”, explica a enfermeira. “O nosso público-alvo são as parteiras tradicionais e profissionais de saúde, como enfermeiros, médicos e gestores públicos, respeitando as tradições e culturas locais, melhorando assim, os indicadores relacionados à saúde da mulher e da criança”, complementa.
 
A prática, desenvolvida há quase 25 anos, já foi implantada em 17 estados, atingindo diretamente mais de 1.500 parteiras tradicionais, incluindo as comunidades indígenas e quilombolas, e cerca de 1,3 mil profissionais de saúde.
 
De acordo com o Plano de Ação do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), cerca de 95% da mortalidade materna na América Latina e Caribe poderia ser evitada com os conhecimentos que os países têm hoje em dia. As causas mais frequentes dos óbitos maternos são hipertensão, hemorragias, aborto inseguro e infecção puerperal (período de até 42 dias após o parto). A violência contra a mulher é outro fator de risco de morte materna.
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que mais de meio milhão de mulheres no mundo morrem por causas maternas a cada ano e as implicações sociais são devastadoras, como a desestrutura familiar e a orfandade de um número desconhecido de crianças. Estima-se que estes órfãos têm um risco 5 a 10 vezes maior de morrer antes de completar dois anos do que as crianças que vivem com os pais.

Fonte(s): ONU Brasil