Segundo um novo relatório divulgado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), os governos devem intensificar os
esforços para controlar as doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) e
cumprir com os objetivos acordados globalmente. Isso inclui prevenir as
mortes prematuras de milhões de pessoas que vivem com essas condições.
Os progressos nacionais na luta contra as DCNTs são limitados,
especialmente no caso de doenças respiratórias crônicas e
cardiovasculares, cânceres e diabetes – que atualmente são os maiores
assassinos do mundo, tirando anualmente a vida de 15 milhões de pessoas
com idade entre 30 e 70 anos.
No entanto, o Relatório de Progresso para as doenças crônicas
não-transmissíveis(Progress Monitor, em inglês) da OMS 2017 – que
descreve as ações dos países para estabelecer metas, implementar
políticas que abordem os quatro principais fatores de risco para as DCNT
(tabaco, dieta não saudável, inatividade física e uso nocivo do
álcool), compartilhados e modificáveis, e criar capacidades para reduzir
e tratar essas enfermidades – mostra que o progresso em todo o mundo
tem sido desigual e insuficiente.
No prefácio do “Relatório de Progresso”, Tedros Adhanom Ghebreyesus,
diretor-geral da OMS, destacou os avanços na resposta às DCNT, mas pediu
novas ações. “É necessária uma ação política mais clara para lidar com
restrições, incluindo a mobilização de recursos internos e externos e
salvaguardando comunidades de interferências de operadores econômicos
poderosos".
Relatório de Progresso fornece dados sobre 19 indicadores em todos os
194 Estados Membros da OMS. Entre eles estão a definição de metas com
limite de tempo para reduzir as mortes por doenças crônicas
não-transmissíveis; o desenvolvimento de políticas em todos os governos
para lidar com essas enfermidades; a implementação de medidas-chave para
a redução da demanda de tabaco, uso prejudicial do álcool e dietas
pouco saudáveis, bem como a promoção da atividade física; e o
fortalecimento dos sistemas de saúde por meio dos cuidados de atenção
primária e cobertura universal de saúde.
Os principais destaques da edição de 2017 são:
- 93 países estabeleceram metas nacionais para abordar as doenças crônicas não-transmissíveis, mais que os 59 em 2015;
- 94 países implementaram estratégias multissetoriais operacionais para enfrentar as DCNTs, em comparação com 64 em 2015;
- 90 países desenvolveram diretrizes para gerenciar as quatro principais doenças crônicas não-transmissíveis, contra 50 em 2015;
- 100 países realizaram campanhas de conscientização sobre atividades físicas;
- Seis países não alcançaram nenhum dos indicadores de progresso, em comparação com 14 em 2015. Cinco deles são africanos;
- A Costa Rica e o Irã lideram a lista dos 10 países com melhor desempenho, cada um alcançando 15 dos 19 indicadores, seguidos do Brasil, Bulgária, Turquia e Reino Unido (cada 13); Finlândia, Noruega, Arábia Saudita e Tailândia (12).
- Nenhum país da região da OMS na África alcançou mais de oito dos indicadores de progresso.
Douglas Bettcher, diretor da OMS para a prevenção de DCNTs, diz que o
mundo não está em um bom caminho para atingir a meta estabelecida pelos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): uma redução de um terço
no número de mortes prematuras por essas enfermidades até 2030.
"Precisamos acelerar urgentemente o progresso nessa batalha para
vencer as DCNTs", acrescentou Bettcher. "A janela de oportunidade para
salvar vidas está se fechando. Isso está se manifestando diante de
nossos olhos de várias formas, inclusive no crescente número de pessoas,
particularmente crianças e adolescentes, que sofrem de obesidade,
sobrepeso e diabetes. Se não agirmos agora para proteger as pessoas,
condenaremos a juventude de hoje e do futuro a uma vida de saúde e
oportunidades econômicas reduzidas".
As descobertas do Relatório de Progresso vão apoiar um relatório da
OMS que será apresentado ao Secretário-Geral das Nações Unidas ainda
este ano, antes da terceira reunião de alto nível da ONU sobre DCNTs, em
2018.
Nota aos editores
Os Estados Membros solicitaram à OMS, em janeiro de 2015, a produção
do Relatório de Progresso para doenças crônicas não-transmissíveis. Em
maio de 2015, a Organização publicou uma nota técnica detalhando os
indicadores a serem utilizados. A Assembleia Mundial da Saúde reiterou,
em 2016, que o relatório será usado para a elaboração de um documento
para a Assembléia Geral das Nações Unidas, neste ano, sobre os esforços
dos países para desenvolver respostas nacionais que abordem abordar as
quatro principais DCNT.
O relatório da OMS também documenta os esforços dos países para
implementar o chamado conjunto de "melhores compras" e outras
intervenções que podem prevenir ou atrasar a maioria das mortes
prematuras por DCNTs – aprovadas durante a Assembleia Mundial da Saúde
deste ano.
Tais medidas, que são viáveis economicamente e facilmente
implementáveis, incluem o aumento da tributação e da embalagem simples
nos produtos derivados do tabaco; a redução do teor de sódio nos
alimentos; o fornecimento de terapia medicamentosa e aconselhamento para
pessoas com diabetes e hipertensão; e triagem e vacinação de meninas e
mulheres para protegê-las do câncer do colo do útero.
Brasil está entre os 10 países com melhor desempenho
O Brasil é o terceiro país com melhor desempenho em termos de
progresso, ficando atrás apenas da Costa Rica e do Irã. O país alcançou
13 dos 19 indicadores estabelecidos pela OMS, entre eles a implementação
de medidas para a redução das dietas não saudáveis e a conscientização
sobre a importância de atividades físicas.
Com uma população de 206 milhões de habitantes, o Brasil registra 928
mil mortes por doenças crônicas não-transmissíveis – 73% das mortes no
país acontecem devido a essas enfermidades. O risco de morte prematura
por DCNTs é de 17%.
Fonte: OPAS/OMS
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