Esse é o título da notícia veiculada no jornal Folha de
São Paulo dessa segunda-feira, 29 de julho de 2013. A matéria, a seguir,
apresenta dados do estudo realizado pelo professor Walter Mendes da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de comentários feitos por ele, pela Dra. Angela
paz da Gerência-Geral de tecnologias em serviços de saúde (GGTES) da Anvisa e
outros profissionais de referência no assunto.
Até 73% dos erros que
acontecem dentro de hospitais brasileiros, como medicações trocadas ou
operação de membros errados, poderiam ser evitados.
É o que apontam estudos da
Fiocruz apresentados no QualiHosp (congresso de qualidade em serviços de
saúde) e que ajudaram o Ministério da Saúde a criar novas normas de segurança
hospitalar que passam a valer a partir de 2014.
As pesquisas, feitas em
dois hospitais públicos do Rio, encontraram uma incidência média de 8,4% de
eventos adversos, semelhante aos índices internacionais.
No Brasil, no entanto, é
alto o índice de problemas evitáveis: de 66,7% a 73%. Em outros países, a incidência
variou de 27% (França) a 51% (Austrália).
Em números absolutos, isso
significa que, em 2008, dos 11,1 milhões de internados no SUS, 563 mil foram
vítimas de erros evitáveis.
Para Walter Mendes,
pesquisador da Fiocruz e consultor do comitê do programa de segurança do
paciente, embora haja limitações metodológicas ao extrapolar os resultados
para o resto do país, os estudos indicam a magnitude do problema.
"É um quadro barra
pesada. Nos países desenvolvidos, existem políticas de segurança bem
consolidadas. Aqui estamos acordando com um pouco de atraso", diz ele.
Segundo Mendes, a política
de segurança do paciente não pode ser vista em separado do "imenso
caos" que vive a maioria dos hospitais.
"A questão é adotar
mecanismos impeçam que o erro chegue ao doente", afirma.
A morte da menina Stephanie
Teixeira, 12, que em dezembro de 2010 recebeu vaselina em vez de soro nas
veias, é um exemplo de erro evitável. Os frascos eram idênticos, e os nomes
dos produtos estavam em etiqueta de mesma cor.
Para Angela Maria da Paz,
gerente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), esses casos
acontecem porque as instituições não seguem protocolos. "Existem
ferramentas capazes de prevenir esse tipo de erro."
No Brasil, diz ela, os
eventos adversos são subnotificados e, em geral, só se tornam visíveis quando
viram caso de polícia. "Existe a cultura do castigo, as pessoas
escondem, têm medo. O erro deve ser aproveitado como aprendizado, não para
punição."
Para o professor Jesús
María Aranaz Andrés, chefe do serviço de medicina preventiva do hospital Sant
Joan d'Alacant (Espanha), a reparação do erro pode ser resolvida de várias
formas, como pela compreensão e correção ou por indenização.
"Só não pode haver
culpabilização porque isso leva à ocultação. Se escondermos a cabeça na areia
feito avestruz, não vamos aprender."
O pesquisador Paulo Santos
Sousa, professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), diz que as
mudanças devem ser de cultura.
"Bactéria não tem
asas. Ela passa de paciente para paciente porque alguém a carregou nas mãos.
Sempre se soube que lavar as mãos é importante, mas continua sendo um
desafio."
Segundo Angela Paz, da
Anvisa, a agência construirá uma ferramenta eletrônica para monitorar os
eventos adversos e agir na prevenção.
Um dos pontos da política,
segundo ela, é uma negociação com o Ministério da Educação para que as
faculdades de medicina coloquem em seus currículos o tema de segurança do
paciente.
Outra ideia é disseminar
essas informações ao paciente para que ele se torne atuante no processo, e
não um mero espectador
Até 73% dos erros que
acontecem dentro de hospitais brasileiros, como medicações trocadas ou
operação de membros errados, poderiam ser evitados.
É o que apontam estudos da
Fiocruz apresentados no QualiHosp (congresso de qualidade em serviços de
saúde) e que ajudaram o Ministério da Saúde a criar novas normas de segurança
hospitalar que passam a valer a partir de 2014.
As pesquisas, feitas em
dois hospitais públicos do Rio, encontraram uma incidência média de 8,4% de
eventos adversos, semelhante aos índices internacionais.
No Brasil, no entanto, é
alto o índice de problemas evitáveis: de 66,7% a 73%. Em outros países, a
incidência variou de 27% (França) a 51% (Austrália).
Em números absolutos, isso
significa que, em 2008, dos 11,1 milhões de internados no SUS, 563 mil foram
vítimas de erros evitáveis.
Para Walter Mendes,
pesquisador da Fiocruz e consultor do comitê do programa de segurança do
paciente, embora haja limitações metodológicas ao extrapolar os resultados
para o resto do país, os estudos indicam a magnitude do problema.
"É um quadro barra
pesada. Nos países desenvolvidos, existem políticas de segurança bem
consolidadas. Aqui estamos acordando com um pouco de atraso", diz ele.
Segundo Mendes, a política
de segurança do paciente não pode ser vista em separado do "imenso
caos" que vive a maioria dos hospitais.
"A questão é adotar
mecanismos impeçam que o erro chegue ao doente", afirma.
A morte da menina Stephanie
Teixeira, 12, que em dezembro de 2010 recebeu vaselina em vez de soro nas
veias, é um exemplo de erro evitável. Os frascos eram idênticos, e os nomes
dos produtos estavam em etiqueta de mesma cor.
Para Angela Maria da Paz,
gerente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), esses casos
acontecem porque as instituições não seguem protocolos. "Existem
ferramentas capazes de prevenir esse tipo de erro."
No Brasil, diz ela, os
eventos adversos são subnotificados e, em geral, só se tornam visíveis quando
viram caso de polícia. "Existe a cultura do castigo, as pessoas
escondem, têm medo. O erro deve ser aproveitado como aprendizado, não para
punição."
Para o professor Jesús
María Aranaz Andrés, chefe do serviço de medicina preventiva do hospital Sant
Joan d'Alacant (Espanha), a reparação do erro pode ser resolvida de várias
formas, como pela compreensão e correção ou por indenização.
"Só não pode haver
culpabilização porque isso leva à ocultação. Se escondermos a cabeça na areia
feito avestruz, não vamos aprender."
O pesquisador Paulo Santos
Sousa, professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), diz que as
mudanças devem ser de cultura.
"Bactéria não tem
asas. Ela passa de paciente para paciente porque alguém a carregou nas mãos.
Sempre se soube que lavar as mãos é importante, mas continua sendo um
desafio."
Segundo Angela Paz, da
Anvisa, a agência construirá uma ferramenta eletrônica para monitorar os
eventos adversos e agir na prevenção.
Um dos pontos da política,
segundo ela, é uma negociação com o Ministério da Educação para que as
faculdades de medicina coloquem em seus currículos o tema de segurança do
paciente.
Outra ideia é disseminar
essas informações ao paciente para que ele se torne atuante no processo, e
não um mero espectador.
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terça-feira, 13 de agosto de 2013
Até 73% dos erros cometidos em hospitais no país são evitáveis
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