segunda-feira, 26 de agosto de 2013

“Aborto é questão de saúde pública e não moeda de troca eleitoral”

A Igreja Católica utilizou o momento de vinda do papa Francisco para marcar posição sobre temas polêmicos, como a questão da homossexualidade e do aborto. Kits foram distribuídos criticando o uso da expressão “interrupção da gravidez”, pois “mascara a realidade, ocultando a morte da criança”. Com o recente avanço do estatuto do nascituro, o momento sinaliza a urgência de continuarmos o debate sobre o explícito desrespeito à laicidade do Estado e sobre o aborto enquanto questão de saúde pública. Por isso, o Cebes entrevistou o coordenador do Grupo de Estudos sobre Aborto na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Thomaz Rafael Gollop, imprescindível no debate do STF e nas sociedades científicas. Segundo Gollop, houve retrocesso na discussão sobre o tema.
1. O aborto é um grave problema de saúde pública nos países da América do Sul e a magnitude de sua ocorrência no Brasil e as complicações à saúde por causa de sua clandestinidade ocasionam mortes que poderiam ser evitadas por atenção adequada e oportuna. Nesse sentido, e na sua visão, qual deveria ser o papel do SUS no acolhimento da mulher que opta pelo aborto?
Houve um programa de Saúde Pública muito bem sucedido no Uruguai apoiado pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS), denominado REDUÇÃO DE DANOS. Este programa visava orientar a mulher sobre os riscos do abortamento inseguro e como fazer para evitá-los. Além disso, a mulher retornava ao atendimento médico após o abortamento para receber orientação anticoncepcional e assim evitar uma nova gravidez indesejada. No Uruguai, o Misoprostol (Cytotec) é vendido nas farmácias e, portanto, lá os médicos podiam orientar as mulheres como utilizá-lo. No Brasil, o Misoprostol é de uso exclusivo hospitalar. Entretanto, penso que será possível, um dia, adaptar a experiência uruguaia ao Brasil e procurar assim minimizar os danos à saúde e a vida das mulheres brasileiras.
2. Como o debate sobre o aborto vem ocorrendo no Brasil e quais são, na sua avaliação, as perspectivas de legalização?
É inquestionável que houve um retrocesso na discussão sobre o aborto nos últimos anos. Em primeiríssimo lugar os legisladores e políticos no Brasil esqueceram-se, entre outros, do princípio constitucional da LAICIDADE DO ESTADO. Estado Laico significa que não há controle das Igrejas e do clero sobre o Estado. Todas as religiões e seus dogmas são respeitados, mas não há ingerência delas sobre a gestão do Estado e sobre a formulação das Leis. O que vemos hoje no Brasil é uma enorme confusão e eu diria que há uma submissão de legisladores, políticos e candidatos à representantes de diversas correntes religiosas. Mais além, não há uma discussão madura da questão do aborto com a sociedade civil. Em todas as classes sociais muito poucas pessoas sabem que o Código Penal vigente pune a mulher que pratica um aborto com 1 a 3 anos de CADEIA. A Lei vigente de 1940 é anacrônica e INEFICAZ. Felizmente, muito raramente uma mulher é presa em função de ter praticado aborto. As pessoas em geral consideram que a discussão do aborto deve obter um consenso: isto é impossível. As sociedades humanas são multiculturais. A questão do aborto insere-se no Direito Humano das Mulheres e deve ser vista dentro dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. A futura despenalização do Aborto vai depender de uma prévia discussão adequadamente realizada com a sociedade civil. As pessoas precisam saber que o aborto inseguro é a quinta causa de mortes maternas no Brasil.
3. Como avalia o avanço da aprovação do estatuto do nascituro, considerando suas implicações na questão do aborto?
O Estatuto do Nascituro é uma aberração. É um desrespeito às mulheres. É um desrespeito à vida humana. Considerar que uma mulher vai manter tranquilamente uma gravidez em função de receber “uma bolsa” é achar que a vida humana pode ser mercantilizada. Para mulheres e homens o Projeto de ter um filho é de ordem afetiva; é um projeto de vida. Gravidez após violência é desprovida de projetos e de afetividade. Gostaria de saber, caso homens engravidassem, se algum dos senhores que propõem esta aberração que é o Estatuto manteria sua gestão.
4. Quais são os impasses para uma mulher que tem uma gravidez com feto portador de patologia genética ter o seu direito assegurado ao aborto?
Desde 1989 a maioria dos juízes de primeira instância tem permitido, através de alvarás judiciais, que mulheres possam optar por interromper gestações de fetos com afecções incompatíveis com a vida. Em 12 de abril de 2012 o Supremo Tribunal Federal votou favoravelmente a Ação que discutia especificamente a interrupção em casos de fetos anencefálicos. A questão é que os avanços da biologia molecular permitiram o diagnóstico de centenas de doenças genéticas. O Projeto do Novo Código Penal, que está no Senado, prevê a permissão da interrupção de gestações com fetos portadores de doenças graves geneticamente determinadas. A questão é que as leis são atualizadas com descompasso enorme em relação aos avanços da ciência.
5. O Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres recentemente inquiriu o Ministro Padilha sobre a retirada do aborto da pauta do Ministério da Saúde, inclusive eliminando textos de documentos que eventualmente definiam ações de saúde relacionadas aos direitos sexuais e reprodutivos e ao aborto. Propostas da natureza do Estatuto do Nascituro ganham espaço no Congresso. No plano político, qual a sua visão sobre o contexto no Parlamento e na sociedade nacional?
Temos dados concretos: quando a Ministra Eleonora Menicucci assumiu a Secretaria das Políticas para as Mulheres, houve uma orientação direta da Presidente Dilma para que a questão do Aborto não fosse discutida por sua pasta. Nossos políticos olham esta questão com viés exclusivamente eleitoral. Esquecem-se que hoje a maioria dos eleitores é composta por mulheres. A questão do Aborto é vista pelos políticos não como questão de Saúde Pública e sim como “moeda de troca” eleitoral.
 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Sancionada lei que garante atendimento para vítimas

Medida adotada pelos serviços públicos de saúde agora torna-se obrigatória em todos os serviços de urgência e emergência
 
O governo federal anunciou, nesta quinta-feira (1,), a sanção, sem vetos, do projeto de lei n° 12.845 que prevê atendimento integral às vítimas de violência sexual em todos os serviços de urgência e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto, que foi aprovado por unanimidade no Congresso Nacional, transforma em lei as diretrizes já definidas pelo Ministério da Saúde, desde 2004, na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. O texto entrará em vigor após 90 dias da publicação oficial.
O atendimento a vítimas de violência deve incluir o diagnóstico e tratamento de lesões, a realização de exames para detectar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. A lei também determina a preservação do material coletado no exame médico-legal, além de prever o uso da anticoncepção de emergência (pílula do dia seguinte) em casos de estupro.
“Essas medidas já eram adotadas pelo SUS, transformando o que era uma recomendação em lei. Ou seja, os serviços passam a ter uma obrigação ainda maior de oferecer a crianças, adolescentes, pessoas com deficiência mental, homens e mulheres um atendimento humanizado, respeitoso”, esclarece o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O uso da anticoncepção de emergência é preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e visa reforçar os resultados já obtidos com o uso da pílula do dia seguinte pelo SUS. A oferta dobrou nos últimos quatro anos, passando de 513 mil cartelas em 2009 para 1 milhão em 2013. Com esta ação foi possível reduzir em 50% o número de abortos legais em cinco anos, quando em 2008 foram realizados 3.285 abortos passando para 1.626 em 2012. A estratégia do Ministério da Saúde tem como princípio a humanização do atendimento, a expansão das redes de atendimento das mulheres em situação de violência e a melhoria do acesso e da qualidade do atendimento.
A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, reforça a importância da sanção do Projeto de Lei que garante à assistência a população em casos de violência sexual. “Esse projeto contribui para assegurar o atendimento e amenizar os danos causados às vitimas de violência sexual. Nós temos que ter solidariedade, humanidade, respeito com mulheres e crianças que sofrem violência sexual”, explicou.
O governo federal também anunciou que encaminhará projeto de lei para retificar dois artigos no texto aprovado pelo Congresso. Um deles é sobre o conceito de violência sexual e o segundo que estabelece, claramente, no inciso 4 do artigo 3º o uso e a administração da medicação com eficiência para gravidez resultante de estupro. “Do jeito que o texto estava poderia excluir, por exemplo, vitimas de estupro como crianças e pessoas com deficiência mental sem capacidade de discernimento do que é certo ou errado, com isso, poderiam ficar sem assistência psicológica, além do uso da medicação no tempo adequado para evitar gravidez em vitimas de estupro”, explica o ministro Alexandre Padilha.
Para o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, esta medida assegura que mais mulheres evitem recorrer ao aborto. “Esse projeto não abre brechas para o aborto. Essa ação que garante um apoio humanitário a vitima que passou por algum tipo de tortura. Estamos evitando que as pessoas venham a aderir à prática de realizar abortos legais. Estamos corrigindo o projeto para evitar dúvidas na interpretação do projeto, investindo num apoio humanizado”.
 
ASSISTÊNCIA – Nos últimos anos, o número de serviços de atenção à violência sexual vem apresentou aumento em 760%, passando de 82 serviços, em 2002, para 625 em 2012. O Ministério da Saúde também vem intensificando a qualificação dos profissionais de saúde que atuam nos serviços de atendimento aos agravos decorrentes de violência sexual. Entre as ações do governo federal deste ano, está o decreto que integra o atendimento às vitimas de violência sexual realizado por profissionais da segurança pública e do SUS.
A iniciativa humaniza o atendimento, além de agilizar a emissão de laudos periciais. As ações são realizadas em parceria entre os ministérios da Saúde e da Justiça, com apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, e integram o programa federal “Mulher: Viver sem Violência”, lançado em março. Até 2014, serão investidos R$ 265 milhões na integração e melhoria de serviços de proteção as vitimas de violência sexual.
O Programa garante desde o atendimento à atenção psicossocial, defensoria, procuradoria, atendimento humanizado, espaço de convivência, brinquedoteca (para as crianças da mulher que é atendida) e orientação profissional para a autonomia econômica.
 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Até 73% dos erros cometidos em hospitais no país são evitáveis

Esse é o título da notícia veiculada no jornal Folha de São Paulo dessa segunda-feira, 29 de julho de 2013. A matéria, a seguir, apresenta dados do estudo realizado pelo professor Walter Mendes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de comentários feitos por ele, pela Dra. Angela paz da Gerência-Geral de tecnologias em serviços de saúde (GGTES) da Anvisa e outros profissionais de referência no assunto.
Até 73% dos erros que acontecem dentro de hospitais brasileiros, como medicações trocadas ou operação de membros errados, poderiam ser evitados.
É o que apontam estudos da Fiocruz apresentados no QualiHosp (congresso de qualidade em serviços de saúde) e que ajudaram o Ministério da Saúde a criar novas normas de segurança hospitalar que passam a valer a partir de 2014.
As pesquisas, feitas em dois hospitais públicos do Rio, encontraram uma incidência média de 8,4% de eventos adversos, semelhante aos índices internacionais.
No Brasil, no entanto, é alto o índice de problemas evitáveis: de 66,7% a 73%. Em outros países, a incidência variou de 27% (França) a 51% (Austrália).
 
Editoria de Arte/Folhapress
 
Em números absolutos, isso significa que, em 2008, dos 11,1 milhões de internados no SUS, 563 mil foram vítimas de erros evitáveis.
Para Walter Mendes, pesquisador da Fiocruz e consultor do comitê do programa de segurança do paciente, embora haja limitações metodológicas ao extrapolar os resultados para o resto do país, os estudos indicam a magnitude do problema.
"É um quadro barra pesada. Nos países desenvolvidos, existem políticas de segurança bem consolidadas. Aqui estamos acordando com um pouco de atraso", diz ele.
Segundo Mendes, a política de segurança do paciente não pode ser vista em separado do "imenso caos" que vive a maioria dos hospitais.
"A questão é adotar mecanismos impeçam que o erro chegue ao doente", afirma.
A morte da menina Stephanie Teixeira, 12, que em dezembro de 2010 recebeu vaselina em vez de soro nas veias, é um exemplo de erro evitável. Os frascos eram idênticos, e os nomes dos produtos estavam em etiqueta de mesma cor.
Para Angela Maria da Paz, gerente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), esses casos acontecem porque as instituições não seguem protocolos. "Existem ferramentas capazes de prevenir esse tipo de erro."
No Brasil, diz ela, os eventos adversos são subnotificados e, em geral, só se tornam visíveis quando viram caso de polícia. "Existe a cultura do castigo, as pessoas escondem, têm medo. O erro deve ser aproveitado como aprendizado, não para punição."
Para o professor Jesús María Aranaz Andrés, chefe do serviço de medicina preventiva do hospital Sant Joan d'Alacant (Espanha), a reparação do erro pode ser resolvida de várias formas, como pela compreensão e correção ou por indenização.
"Só não pode haver culpabilização porque isso leva à ocultação. Se escondermos a cabeça na areia feito avestruz, não vamos aprender."
O pesquisador Paulo Santos Sousa, professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), diz que as mudanças devem ser de cultura.
"Bactéria não tem asas. Ela passa de paciente para paciente porque alguém a carregou nas mãos. Sempre se soube que lavar as mãos é importante, mas continua sendo um desafio."
Segundo Angela Paz, da Anvisa, a agência construirá uma ferramenta eletrônica para monitorar os eventos adversos e agir na prevenção.
Um dos pontos da política, segundo ela, é uma negociação com o Ministério da Educação para que as faculdades de medicina coloquem em seus currículos o tema de segurança do paciente.
Outra ideia é disseminar essas informações ao paciente para que ele se torne atuante no processo, e não um mero espectador
Até 73% dos erros que acontecem dentro de hospitais brasileiros, como medicações trocadas ou operação de membros errados, poderiam ser evitados.
É o que apontam estudos da Fiocruz apresentados no QualiHosp (congresso de qualidade em serviços de saúde) e que ajudaram o Ministério da Saúde a criar novas normas de segurança hospitalar que passam a valer a partir de 2014.
As pesquisas, feitas em dois hospitais públicos do Rio, encontraram uma incidência média de 8,4% de eventos adversos, semelhante aos índices internacionais.
No Brasil, no entanto, é alto o índice de problemas evitáveis: de 66,7% a 73%. Em outros países, a incidência variou de 27% (França) a 51% (Austrália).
 
Editoria de Arte/Folhapress
Em números absolutos, isso significa que, em 2008, dos 11,1 milhões de internados no SUS, 563 mil foram vítimas de erros evitáveis.
Para Walter Mendes, pesquisador da Fiocruz e consultor do comitê do programa de segurança do paciente, embora haja limitações metodológicas ao extrapolar os resultados para o resto do país, os estudos indicam a magnitude do problema.
"É um quadro barra pesada. Nos países desenvolvidos, existem políticas de segurança bem consolidadas. Aqui estamos acordando com um pouco de atraso", diz ele.
Segundo Mendes, a política de segurança do paciente não pode ser vista em separado do "imenso caos" que vive a maioria dos hospitais.
"A questão é adotar mecanismos impeçam que o erro chegue ao doente", afirma.
A morte da menina Stephanie Teixeira, 12, que em dezembro de 2010 recebeu vaselina em vez de soro nas veias, é um exemplo de erro evitável. Os frascos eram idênticos, e os nomes dos produtos estavam em etiqueta de mesma cor.
Para Angela Maria da Paz, gerente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), esses casos acontecem porque as instituições não seguem protocolos. "Existem ferramentas capazes de prevenir esse tipo de erro."
No Brasil, diz ela, os eventos adversos são subnotificados e, em geral, só se tornam visíveis quando viram caso de polícia. "Existe a cultura do castigo, as pessoas escondem, têm medo. O erro deve ser aproveitado como aprendizado, não para punição."
Para o professor Jesús María Aranaz Andrés, chefe do serviço de medicina preventiva do hospital Sant Joan d'Alacant (Espanha), a reparação do erro pode ser resolvida de várias formas, como pela compreensão e correção ou por indenização.
"Só não pode haver culpabilização porque isso leva à ocultação. Se escondermos a cabeça na areia feito avestruz, não vamos aprender."
O pesquisador Paulo Santos Sousa, professor da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), diz que as mudanças devem ser de cultura.
"Bactéria não tem asas. Ela passa de paciente para paciente porque alguém a carregou nas mãos. Sempre se soube que lavar as mãos é importante, mas continua sendo um desafio."
Segundo Angela Paz, da Anvisa, a agência construirá uma ferramenta eletrônica para monitorar os eventos adversos e agir na prevenção.
Um dos pontos da política, segundo ela, é uma negociação com o Ministério da Educação para que as faculdades de medicina coloquem em seus currículos o tema de segurança do paciente.
Outra ideia é disseminar essas informações ao paciente para que ele se torne atuante no processo, e não um mero espectador.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Maternidade da prefeitura inaugura posto de leite, no Rio - MMABH

Unidade vai registrar e doar leite para bancos da cidade.

Objetivo é orientar mães e diminuir o uso de leite artificial.

 


Maternidade Municipal Maria Amélia Buarque de Hollanda inaugurou um posto de coleta de leite humano, após a Semana Mundial da Amamentação 2013, no Centro do Rio. A iniciativa pretende orientar mães com dificuldade de amamentação e diminuir o uso de leite artificial. A unidade também vai colher leite materno para ser registrado e doado aos bancos. O posto de coleta vai reforçar a Maternidade Maria Amélia Buarque, que tem capacidade para realizar 1.200 atendimentos e 500 partos por mês. A unidade foi inaugurada em 2012.


 

 

 



 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Obesidade Infantil - uma questão de saúde pública

 
Cinquenta e seis por cento dos bebês tomam refrigerante frequentemente antes do primeiro ano de vida. Trinta e três por cento das crianças sofrem de sobrepeso e obesidade. Crianças com sobrepeso aumentam o consumo de alimentos junk food em 134% quando expostas à publicidade desse tipo de alimento. A cada cinco crianças obesas, quatro permanecerão obesas quando adultas. Os dados alertam para a situação brasileira frente a um dos maiores problemas de saúde pública do século XXI a serem enfrentados: a obesidade infantil. Relacionada entre as mais graves pandemias modernas, a obesidade e o sobrepeso são o quinto principal fator de risco de disfunção global. As afirmações foram expostas pela advogada do Instituto Alana e membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Ekaterine Karageorgiadis, na tarde de quarta-feira (7/8), em mais uma atividade do Centro de Estudos da ENSP.

Coordenado pela pesquisadora do Departamento de Ciências Sociais da Escola, Rosana Magalhães, o Ceensp abordou a questão da publicidade de alimentos relacionada à obesidade e sobrepeso infantil, aliada a uma discussão do documentário Muito Além do Peso. A advogada apresentou o projeto Criança e Consumo, que está no âmbito da defesa, uma das quatro linhas de atuação do Instituto Alana – as outras três são: comunidade, educação e futuro. Essa linha objetiva desenvolver políticas públicas voltadas para crianças e consumo. O projeto Criança e Consumo têm como missão promover a conscientização e a defesa dos direitos da criança frente à comunicação mercadológica.
Ekaterine abordou a vulnerabilidade infantil e o apelo mercadológico em sua apresentação. Segundo ela, somente por volta dos 8 a 10 anos é que as crianças conseguem diferenciar publicidade de conteúdo da publicidade de entretenimento, e somente após os 12 anos é que todas elas são capazes de entender o caráter persuasivo da publicidade e fazer uma análise crítica sobre a mensagem comercial. A advogada citou como exemplo os tradicionais comerciais e o merchandising, utilizado para inserir conteúdo de propaganda em programas.

“Crianças absorvem informação muito mais rápido, são receptoras e emissoras de informação. Não têm raciocínio abstrato para entender a mensagem, mas referenciam as marcas por meio de personagens, ídolos e programas. Isso representa um triplo impacto; são influenciadas, influenciam os responsáveis e são cativadas como futuros consumidores”, alertou a advogada a respeito do consumo diário de mídia pelas crianças brasileiras. Segundo ela, 85,50% das crianças assistem TV diariamente; 85,40% ouvem rádio; 58,80% vão ao cinema; 54,30% leem revistas; e 41,40 jogam videogame. O alcance da mídia no Brasil é de 97% da população.

A advogada citou ainda um conjunto de consequências da publicidade infantil, além do sobrepeso e da obesidade, como o consumismo, a formação de valores materialistas, os distúrbios alimentares, a erotização precoce, o estresse familiar, a diminuição de brincadeiras criativas, a violência pela busca de produtos caros, o consumo precoce de álcool e tabaco, o encorajamento do egoísmo, passividade e conformismo, além do enfraquecimento dos valores culturais e democráticos. Ela enfatizou que a responsabilidade deve ser compartilhada por todos: governo, família, escola, mercado e movimentos do terceiro setor. “A publicidade não vende apenas produtos e serviços, vende também valores”, destacou ela. Por fim, a advogada entrou na questão da legislação e autorregulação da publicidade infantil no Brasil e no mundo.

Ekaterine descreveu que existe um conjunto de leis que protege crianças contra as práticas de mercado. Apesar disso, infelizmente não é o que se observa na prática, pois é necessário pensar na autorregulação por parte das empresas. Ela explicou que a autorregulação, por exemplo, aponta como não permitido fazer, para crianças abaixo de 12 anos, publicidade de alimentos e bebidas, com exceção de produtos cujo perfil nutricional atenda a critérios específicos baseados em evidências científicas. Finalizando sua apresentação, a advogada afirmou que não devemos construir uma infância em que os valores de mercado estejam acima de tudo.

Fonte: ENSP

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

28 de julho - Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais na MMABH



Na MMABH, a Epidemiologia e a Coordenação de Enfermagem do Ambulatório estão realizando neste mês de agosto, uma campanha de vacinação contra a Hepatite B, ao público que frequenta nossa maternidade, sejam homens ou mulheres, de 19 à 49 anos.
Além disso, a Epidemiologia desenvolveu um folder de divulgação para população da MMABH, com finalidade de informar os meios de transmissão, sinais e sintomas, as prevenções e promoções em saúde, e o próprio conceito das hepatites virais.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Faltam bancos de leite no país

Na Semana Mundial de Aleitamento Materno, o chefe de um dos principais bancos de leite do país, o Instituto Fernandes Figueira do Rio de Janeiro, Franz Reis Novak, disse que há no Brasil 211 serviços do tipo em funcionamento para atender 1,5 milhão mulheres com problemas relacionados ao aleitamento materno. Segundo ele, o número é muito pequeno.
A presidenta do Comitê de Aleitamento Materno da Sociedade Paulista de Pediatria, vinculado à Sociedade Brasileira de Pediatria, Marisa da Mata Aprile, ressaltou que a criança amamentada no peito é beneficiada pela proteção afetiva e física.
“Além do contato com a mãe, que desenvolve o emocional desde criança, há a proteção contra doenças na infância. Os riscos são menores por conta dos anticorpos que a mãe passa para o filho”, destacou Marisa Aprile. Ela reforça que o “leite materno tem um sistema de imunização para a criança porque tem células vivas que protegem. São vários fatores que diminuem o número de infecções.”
O pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros, autor do livro Seu Bebê em Perguntas e Respostas, informa que ao amamentar a mulher previne contra o câncer de mama. “Estatisticamente a mãe que amamenta está se protegendo do câncer. A amamentação é uma forma de prevenção, isso é comprovado e visível. A mãe que amamenta previne o câncer de mama”, disse.
O chefe do Instituto Fernandes Figueira do Rio, Franz Novak, lembrou que as mulheres que têm excesso de produção de leite devem contribuir com os bancos de leite. “Antigamente as mães jogavam o leite fora, porque o leite precisa ser drenado, para terapia da mama da mulher. Agora, com os bancos de leite, nós pedimos às mulheres que façam a doação. O leite doado é transportado ao banco para pasteurização e controle de qualidade, para alimentar crianças prematuras”, ressaltou.
Sylvio Renan alerta que o leite industrial tem sua contribuição, mas está longe de ser o substituto para o leite materno. As mães que não podem amamentar, quando o bebê for ainda muito pequeno, devem procurar um banco de leite para alimentar a criança”.
Fonte: Da Agência Brasil

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

02 de agosto de 2013 - Encontro Obstétrico na MMABH: Nascimento e Impacto Social das formas de Nascer - com Ricardo Chaves e Michel Odent


Em uma parceria com Instituto Fernandes Figueira, a MMABH realizou hoje (02/08) o Encontro Obstétrico na MMABH: Nascimento e Impacto Social das Formas de Nascer, pela manhã, no Auditório Dr. Zilda Arns. Este encontro contou com a presença do Dr. Ricardo Chaves, que discutiu os mecanismos envolvidos na transição da vida intra para extra uterina, e Dr. Michel Odent com a influência de disciplinas emergentes e em desenvolvimento sobre o parto e nascimento, epidemiologia, epigenética e microbiologia. As falas transitaram nas formas culturais que influenciam o parto e as maneiras de ver das pessoas para assistência à mulher e à criança no nascimento
O evento contou com a presença de profissionais da SMS-RJ, da SES-RJ, do Hospital Mariska Ribeiro, Casa de Parto, Residentes de Enfermagem e Médica Obstétrica da SMS-RJ, da UFRJ, da UERJ, Hospital Maternidade Carmela Dutra, Maternidade Escola da UFRJ, Hospital Maternidade Fernando Magalhães, Hospital Maternidade Alexander Fleminng, CETRIN, entre outros.
A abertura foi realizada pelo diretor técnico da MMABH - Dr. Wallace Mendes, e pelos coordenadores médicos obstétricos da MMABH e IFF, Marcos Nakamura e Fernando Maia , respectivamente.

01 à 07 de agosto - Semana Mundial de Aleitamento Materno na MMABH

Da esquerda para direita: Carla Beatriz (Educação Permanente - Enfermagem), Carla Navarrete (Coordenação Nutrição Clínica), Mercedes Neto (Coordenação Epidemiologia) e Roberta Rebello (Coordenação Nutrição Ambulatorial)

Ontem (01/08), os Serviços de Epidemiologia, Nutrição e de Enfermagem abriram a Semana Mundial de Aleitamento Materno na MMABH, com divulgação da própria semana, e também com reforço nas orientações às mães em relação ao Aleitamento Materno.
Esta ação conjunta entre os serviços visa problematizar o assunto na maternidade entre alguns dos pilares da assistência na MMABH, sendo pelo perfil assistencial (Epidemiologia), técnicas nutricionais (Nutrição) e pelo cuidado materno infantil (Enfermagem).
O produto desta ação está no foco da Educação Permanente, que por meio de folderes divulgarão as informações que despertam mais dúvidas às mulheres que na MMABH são assistidas, no que tange a amamentação.