Ainda não há estudos suficientes, na opinião do psiquiatra, que relacionem esse contato precoce da droga, sozinho, com uma maior propensão de esses indivíduos se tornarem um dia dependentes químicos --assim como foram suas mães.
Bebês que tiveram contato com o crack durante sua gestação têm elevadas as chances de, no futuro, desenvolver transtorno de hiperatividade e desatenção, de acordo com o psiquiatra infanto juvenil Erikson Furtado, da USP de Ribeirão Preto, especialista em álcool e drogas.
Além de muitos nascerem com baixo peso, diz ele, há casos de bebês com irritabilidade e imaturidade neurológica. O uso de drogas na gestação pode provocar ainda um retardo no crescimento.
"Mas combinado com fatores genéticos e até ambientais, pode contribuir com o vício [futuro], sim", disse.
Os bebês estão ainda mais vulneráveis no ventre das mães que, além do crack, combinam o uso de outras drogas como o álcool --cena muito comum entre jovens grávidas nas cracolândias.
Furtado chama a atenção para a maior tolerância que a sociedade tem com a bebida alcoólica, se comparado a outras drogas como o crack.
Para o feto, o álcool pode ser mais devastador que o próprio crack, afirma ele.
Isso porque o uso abusivo do álcool pode gerar má formação da cabeça, coração, rins e medula, entre outros --o que o crack, sozinho, não produz.
"Mais do que o crack, nesse caso, o álcool deixa a criança já muito cedo com sérios prejuízos", diz Furtado.
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