terça-feira, 20 de junho de 2017

A vacinação ainda é a melhor forma de prevenir contra doenças

 Olhar seu filho levar aquela picadinha nos primeiros dias de vida é uma cena nada agradável de assistir. Apesar do desconforto, mesmo em adultos, é importante entendermos que a “picadinha” deve ser parte da nossa rotina, sendo fundamental para evitar doenças graves. Receber a vacina é uma das formas mais seguras para evitar doenças. Esta proteção, tão importante em diversas fases da vida, está disponível gratuitamente nos serviços públicos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Há mais de 100 anos, em 1904, aconteceu a primeira campanha de vacinação em massa feita no Brasil. Idealizada por Oswaldo Cruz, o fundador da saúde pública no país, a campanha tinha o objetivo de controlar a varíola, que então dizimava boa parte da população do Rio de Janeiro. Porém, as ações de imunização eram caracterizadas pela descontinuidade e pela baixa área de cobertura.
Para mudar essa realidade, foi criado, em 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.  O Programa transformou o Brasil em um dos países que oferece o maior número de vacinas do mundo .
Ainda assim, muitas pessoas deixam de atualizar a caderneta de vacinação por inúmeros motivos que vão desde ao esquecimento até por decisões ideológicas, incluindo a dúvida da efetividade e segurança das vacinas. As vacinas feitas no Brasil, além de serem produzidas com alta tecnologia, atendem a todo o processo de qualidade de produção exigido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).  
As vacinas são seguras, evitam o agravamento de doenças, internações e até mesmo óbitos.  Um exemplo disso é que estudos demonstram que a imunização da gripe pode reduzir entre 32% a 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade por complicações da gripe.
As vacinas são produzidas a partir de organismos enfraquecidos, mortos ou alguns derivados, podendo ser administradas por meio de injeção ou por via oral. Quando a pessoa é vacinada, o corpo detecta a substância e produz uma defesa: os anticorpos, que permanecem no organismo e evitam que a doença ocorra no futuro.
O Programa Nacional de Imunizações tem como missão o controle, a eliminação e a erradicação de doenças. É responsável por definir o Calendário Nacional de Vacinação, de acordo com critérios epidemiológicos e o risco de adoecimento da população.
Como o programa vem sendo desenvolvido há algum tempo, a oferta das vacinas no Brasil já colhe resultados importantes para o país como a erradicação da varíola, eliminação do sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita, e a interrupção da transmissão da poliomielite.  
Apesar de muitas pessoas acreditarem que a vacina é somente para crianças, é importante atualizar a vacinação em todas as idades para evitar o retorno de doenças já erradicadas ou eliminadas.
Atualmente, são oferecidas à população brasileira 19 vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde.  São mais de 300 milhões de doses, por ano, todas adquiridas pelo Ministério da Saúde e distribuidas aos estados e municípios visando à imunização de crianças, adolescentes, adultos e idosos. Elas são disponibilizadas pela rede pública de saúde de todo o país, gratuitamente, para combater mais de 20 doenças. Há ainda outras 10 vacinas especiais para grupos em condições clínicas específicas, como pessoas que vivem com HIV, disponíveis nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
Fique atento ao calendário de vacinação e mantenha sua carteira sempre atualizada! Acesse o Calendário Nacional de Vacinação aqui!
Conheça algumas doenças que podem ser evitadas graças às vacinas disponíveis no SUS:
  • Poliomelite é uma doença contagiosa, provocada por vírus e caracterizada por paralisia súbita geralmente nas pernas. A transmissão ocorre pelo contato direto com pessoas ou contato com fezes de pessoas contaminadas, ou ainda contato com água e alimentos contaminados. Vacina poliomielite inativada -VIP e vacina oral poliomielite - VOP
  • O tétano é uma infecção, causada por uma toxina produzida pelo bacilo tetânico, que entra no organismo por meio de ferimentos ou lesões na pele (tétano acidental) ou pelo coto do cordão umbilical (tétano neonatal ou mal dos sete dias) e atinge o sistema nervoso central. Caracteriza-se por contrações e espasmos, dificuldade em engolir e rigidez no pescoço. Vacinas: Penta/DTP, Dupla adulto
  • A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma doença infecciosa, que compromete o aparelho respiratório (traqueia e brônquios) e se caracteriza por ataques de tosse seca. É transmitida por tosse, espirro ou fala de uma pessoa contaminada. Em crianças com menos de seis meses, apresenta-se de forma mais grave e pode levar à morte. Vacinas: Penta/DTP
  • O sarampo é uma doença muito contagiosa, causada por um vírus que provoca febre alta, tosse, coriza e manchas avermelhadas pelo corpo. É transmitida de pessoa a pessoa por tosse, espirro ou fala, especialmente em ambientes fechados. Facilita o aparecimento de doenças como a pneumonia e diarreias e pode levar à morte, principalmente em crianças pequenas. Vacinas: Tríplice viral e tetra viral e tetra viral Vacina: Penta/DTP
  • A rubéola é uma doença muito contagiosa, provocada por um vírus que atinge principalmente crianças e provoca febre e manchas vermelhas na pele, começando pelo rosto, couro cabeludo e pescoço, se espalhando pelo tronco, braços e pernas. É transmitida pelo contato direto com pessoas contaminadas. Vacinas: Tríplice viral e tetra viral
  • A caxumba é uma doença viral, caracterizada por febre e aumento de volume de uma ou mais glândulas responsáveis pela produção de saliva na boca e, às vezes, de glândulas que ficam sob a língua ou a mandíbula. O maior perigo é a caxumba “descer”, isto é, causar inflamação dos testículos principalmente em homens adultos, que podem ficar sem poder ter filhos depois da infecção. Pode causar ainda inflamação dos ovários nas mulheres e meningite viral. É transmitida pela tosse, espirro ou fala de pessoas infectadas. Vacinas: Tríplice viral e tetra viral
  • A febre amarela é uma doença infecciosa, causada por um vírus transmitido por vários tipos de mosquito. A forma da doença que ocorre no Brasil é a febre amarela silvestre, que é transmitida pelos mosquitos Haemagogus e o Sabethes, em regiões fora das cidades. É uma doença grave, que se caracteriza por febre repentina, calafrios, dor de cabeça, náuseas e leva a sangramento no fígado, no cérebro e nos rins, podendo, em muitos casos, causar a morte. Vacina: febre amarela
  • A difteria é causada por um bacilo, produtor de uma toxina que atinge as amídalas, a faringe, o nariz e a pele, onde provoca placas branco-acinzentadas. É transmitida, por meio de tosse ou espirro, de uma pessoa contaminada para outra. Vacinas: Penta/DTP, Dupla adulto e DTPadTpa
  • Hepatite B é uma doença causada por um vírus e que provoca mal-estar, febre baixa, dor de cabeça, fadiga, dor abdominal, náuseas, vômitos e aversão a alguns alimentos. O doente fica com a pele amarelada. A Hepatite B é grave, porque pode levar a uma infecção crônica (permanente) do fígado e, na idade adulta, levar ao câncer de fígado. Vacina: Hepatite B
  • A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões. O principal sintoma é a tosse (seca ou produtiva). Por isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório (pessoa com tosse por três semanas ou mais) seja investigado para a tuberculose. Há outros sinais e sintomas, além da tosse que podem estar presentes, tais como febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e cansaço/fadiga. Vacina: BCG
  • A hepatite A é uma doença contagiosa, causada pelo vírus A (VHA) e também conhecida como “hepatite infecciosa”. Sua transmissão é fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus. Geralmente, não apresenta sintomas. Porém, os mais frequentes são: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
  • O câncer do colo do útero, também chamado de cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos (chamados oncogênicos) do Papilomavírus Humano -  HPV. A infecção genital por este vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que poderão evoluir para o câncer. Vacina: HPV
  • Meningite C – Meningites são inflamações nas membranas que recobrem o sistema nervoso central (as meninges). Podem ser causadas por vários microorganismos como bactérias, fungos, vírus e parasitas, além de alguns agentes não infecciosos. A bactéria Neisseria meningitidis (meningococo) é um dos agentes mais importantes, por apresentar incidência e letalidade consideráveis, além de ser capaz de produzir surtos. A infecção pelo meningococo (doença meningocócica) pode manifestar-se de várias formas, com ou sem acometimento das meninges, e pode ou não determinar sequelas. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça intensa, vômitos, prostração, convulsões e sinais de irritação meníngea, estes muitas vezes ausentes em lactentes. A Introdução da vacina meningocócica C con¬jugada, no Calendário Nacional de Vacinação representou um enorme avanço no controle da doença meningocócica causada pelo sorogrupo C.
  • Pneumonias, meningintes, otites e até sinusites. Vacina: Pneumocócia 10v. As infecção por Streptococcus pneumoniae é uma importante causa de da pneumonia e mortes pela doença  em todo o mundo. A vacinação da criança com  a vacina pneumocócica 10-valente (conjugada), em todo o território nacional tem contribuído para a redução da doença.
  • Gripe - A influenza (gripe) é uma doença respiratória infecciosa de origem viral, que pode levar ao agravamento e ao óbito, especialmente nos indivíduos que apresentam fatores ou condições de risco para as complicações da infecção.  Grupos prioritários para a vacinação contra influenza: indivíduos com 60 anos ou mais de idade, serão vacinadas as crianças na faixa etária de 6 meses a menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias), as gestantes, as puérperas (até 45 dias após o parto), os trabalhadores da saúde, os povos indígenas, os grupos portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, os adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, a população privada de liberdade e os funcionários do sistema prisional. Também forão incluídos para a vacinação, neste ano, os professores das escolas públicas e privadas.
  1. World Health Organization. Media centre. Influenza (seasonal). Fact sheet. November 2016 [Internet]. 2016 [atualizado 2016 Nov; citado 2017 Fev 06]. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs211/en/
  2. FIORE, A.E.; SHAY, D.K.; HABER, P.; ISKANDER, J.K.; UYEKI, T.M.; MOOTREY, G.; BRESEE, J.S.; COX, N.J. Prevention and control of influenza. Recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP), 2007. Morbidity and Mortality Weekly Report, Atlanta, n. 56 (RR06), p. 1-54, 2007.   
  3. MICHIELS, B.; GOVAERTS, F.; REMMEN, R.; VERMEIRE, E.; COENEN, S. A systematic review of the evidence on the effectiveness and risks of inactivated influenza vaccines in different target groups. Vaccine, Amsterdam , v.29, n.49, p.9159-9170, 2011.
  4. TRICCO, A.C.; CHIT, A.; SOOBIAH, C.; HALLET, D.; MEIER, G.; CHEN, M.H.; TASHKANDI, M.; BAUCH, C.T.; LOEB, M. Comparing influenza vaccine efficacy against mismatched and matched strains: a systematic review and meta-analysis. BMC Medicine, Londres, doi: 10.1186/1741-7015-11-153, 2013.
  5. VACCINES against influenza WHO position paper – November 2012.Weekly Epidemiological Record, Genebra, v. 87, n. 47, p. 461-476, 2012.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Infectologista alerta para o uso de repelentes em crianças

A preocupação com o combate ao mosquito Aedes aegypti já é antiga, mas o recente surto de casos do vírus zika e suas possíveis consequências, como a microcefalia, aumentaram a atenção das pessoas com relação à prevenção da doença. Além das barreiras mecânicas, como roupas e telas, o uso de repelente tem sido um ponto forte levantado por médicos e especialistas. No entanto, a população deve ficar atenta com o produto correto, principalmente aqueles destinados às crianças.

De acordo com o infectologista pediátrico do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Marcio Nehab, a norma do Ministério da Saúde (MS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária em Saúde (Anvisa) é que bebês abaixo dos seis meses não devem utilizar nenhum tipo de repelente, usando apenas as barreiras de proteção – roupas de manga comprida em ambientes onde existam menor chance de circulação do mosquito –, crianças entre seis meses e dois anos de idade podem usar repelentes a base de IR 3535. Já crianças entre 2 e 12 anos, repelentes a base de DEET com concentração de 10% ou então a Icaridina, também de uso infantil. “Deve-se ficar atento à faixa etária e ao produto. A idade e a concentração dos produtos que são liberados pela Anvisa são os mais importantes”, afirma o infectologista.

As mães devem ficar atentas também ao intervalo entre uma aplicação e outra do produto nos filhos e nos adultos. “A frequência da aplicação em crianças não deve passar de três vezes por dia e em adultos a orientação é que não se passe mais de três a quatro vezes por dia”, explicou Nehab. Caso o produto seja utilizado junto com outro, como o filtro solar, os médicos orientam o uso do filtro solar antes do repelente, com um intervalo de pelo menos 15 minutos para que o filtro seja absorvido pela pele com posterior aplicação do repelente.

O médico também alerta sobre os cuidados que se deve ter na hora de passar o repelente nas crianças. “A recomendação é que não se aplique nas mãos, pois elas podem levá-las à boca e, com isso, podem causar algum dano. O ideal é passar em todas as áreas expostas do corpo, como também em cima da roupa”, disse Nehab.

Com as diversas opções nas gôndolas dos mercados, são muitas as dúvidas sobre qual tipo de produto escolher. Segundo Nehab, não existe comprovação científica de que uma marca seja melhor do que outra ou que haja diferença entre as formas aerossol, creme ou líquido.

O pediatra realça que as barreiras mecânicas (roupas de manga comprida, telas de proteção, etc.), ventiladores e aparelhos de ar condicionado são mais eficazes na prevenção à picada do vetor do que aqueles produtos usados para repelir insetos em casa. Segundo ele, as pessoas devem ficar a mais de dois metros de distância de repelentes elétricos ou de fumaça, que liberam substâncias no ar, principalmente em ambientes fechados. “Se está dormindo em um ambiente fechado, onde exista um produto liberado pelo governo que possa ser utilizado para colocar na parede, que esteja a mais de dois metros da cabeça da pessoa”, esclareceu.

Fonte: Nara Boechat /IFF/Fiocruz