terça-feira, 29 de novembro de 2016

Memórias destaca estudo sobre arbovírus em mosquitos

A edição de outubro da revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz está disponível online. Entre os destaques, um estudo realizado por pesquisadores da Colômbia, que identificou a presença de arbovírus em diferentes espécies de mosquitos, incluindo os Aedes (Stegomya) aegypti e Culex spp., na região do caribe Colombiano. Em outro estudo, pesquisadores apontam a presença do vírus zika em mosquitos Aedes aegypti coletados no Rio de Janeiro e reforçam o papel do Aedes na transmissão da doença. O periódico traz ainda o primeiro artigo de revisão sobre leishmaniose tegumentar americana, que reúne e analisa publicações de epidemiologia e imunologia sobre a doença. Todos os artigos publicados na revista ‘Memórias’ podem ser acessados gratuitamente online.
Arbovírus e mosquitos no Caribe colombiano
Considerando a possibilidade de surtos e epidemias de vírus emergentes e reemergentes – como o caso recente do vírus zika, pesquisadores da Universidade de Antioquia e da Universidade Nacional da Colômbia investigaram a presença de patógenos em 22.180 mosquitos coletados em uma área no litoral do país. Por meio de testes moleculares, os pesquisadores identificaram insetos de diferentes espécies contendo flavivírus e alphavírus. Os resultados mostraram a presença do vírus dengue em Aedes (Stegomya) aegypti, de febre amarela em Haemagogus sp., e do vírus do Oeste do Nilo em Culex spp.. A análise sugere a possível circulação desses patógenos na região. Os resultados obtidos integram um estudo multidisciplinar conduzido entre 2011 e 2013, em San Bernardo del Viento, na região de Córdoba. Apesar de apresentar condições propícias para a reprodução de arbovírus, como a presença de aves migratórias e influência da ação humana, a região ainda é pouco estudada. Leia mais.
Em busca de respostas para leishmaniose assintomática
Em estudo de revisão, pesquisadores da Universidad Autónoma de Yucatá, no México, analisaram dados relacionados à leishmaniose tegumentar americana (LTA). Com base em informações epidemiológicas, os especialistas indicaram que a forma assintomática da doença é a mais comumente detectada em áreas endêmicas e apontaram o biomarcador ‘Montenegro Skin Tes’ como uma ferramenta útil para identificar as características da resposta imunológica provocada em pacientes que não apresentam sintomas da enfermidade. Já a partir de dados imunológicos, a revisão apontou os mecanismos responsáveis por controlar a infecção pelo parasito causador da leishmaniose e evitar danos aos tecidos. Acesse o artigo.
Transmissão de zika
Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) identificou pela primeira vez a presença de mosquitos Aedes aegypti naturalmente infectados com o vírus zika na América do Sul. Os resultados foram obtidos durante atividade de vigilância e monitoramento realizada pelo Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, por meio de coleta de mosquitos em localidades onde foram identificados casos de zika, no Estado do Rio de Janeiro. Entre junho de 2015 e maio de 2016, foram coletados 1683 mosquitos das três espécies: Aedes albopictus, Culex quinquefasciatus, popularmente conhecido como pernilongo ou muriçoca, e Aedes aegypti. Em Laboratório, os insetos foram identificados, separados e analisados por meio da técnica de RT-PCR. O achado confirma que o mosquito Aedes aegypti é o principal vetor do patógeno no Rio de Janeiro. Nenhum mosquito das outras duas espécies foi encontrado naturalmente infectado. Confira o estudo.
Lucas Rocha e Max Gomes (IOC/Fiocruz)

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

OMS recomenda 29 maneiras de acabar com infecções cirúrgicas e evitar microrganismos multirresistentes


Pessoas que se preparam para cirurgias devem sempre tomar banho, mas não serem depiladas, e antibióticos só devem ser usados para prevenir infecções antes e durante o procedimento, não depois. Essas recomendações fazem parte das novas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de salvar vidas, reduzir custos e impedir que microrganismos multirresistentes se propaguem.
O documento “Global Guidelines for the Prevention of Surgical Site Infection”, disponível em inglês, apresenta uma lista com 29 maneiras concretas para prevenir as infecções cirúrgicas – elaborada por 20 dos principais especialistas mundiais a partir de 26 revisões das evidências mais recentes. As recomendações também foram publicadas nesta quinta-feira (3) na “The Lancet Infectious Diseases” e foram desenhadas para abordar a carga crescente dos cuidados de saúde associados a infecções nos pacientes e nos sistemas de saúde pelo mundo.
“Ninguém deveria ficar doente enquanto procura ou recebe cuidados”, afirmou Marie-Paule Kieny, Diretora-Geral Assistente para Sistemas de Saúde e Inovação da OMS. “Prevenir infecções cirúrgicas nunca foi tão importante, entretanto é algo complexo e requer uma série de medidas de prevenção. Essas diretrizes são uma ferramenta valiosa para proteger os pacientes.”
As infecções cirúrgicas são causadas por bactérias que penetram no corpo através de incisões feitas durante a cirurgia. Elas colocam a vida de milhões de pacientes em risco a cada ano e contribuem para a propagação da resistência aos antibióticos. Em países de baixa e média renda, 11% dos pacientes que passam por cirurgias sofrem infecções no procedimento. Na África, até 20% das mulheres submetidas a cesáreas contraem infecção na ferida, comprometendo sua própria saúde e sua habilidade de cuidar dos bebês.
Entretanto, infecções cirúrgicas não são um problema apenas para países pobres. Nos Estados Unidos, as infecções contribuem para que os pacientes passem 400 mil dias a mais no hospital, com um custo adicional de US$ 900 milhões a cada ano.

Prevenindo infecções antes, durante e depois da cirurgia
As diretrizes contêm 13 recomendações para o período pré-cirúrgico e outras 16 para prevenir infecções durante e depois do procedimento. Elas vão desde simples precauções, como assegurar que os pacientes tomem banho antes da cirurgia e a melhor maneira de higienizar as mãos para as equipes cirúrgicas, até orientações sobre quando usar antibióticos para prevenir infecções, quais desinfetantes usar antes da incisão e quais suturas utilizar.
“Mais cedo ou mais tarde, muitos de nós precisarão de cirurgia, mas nenhum de nós quer pegar uma infecção na mesa de operação”, disse Ed Kelley, Diretor do Departamento de Prestação de Serviços e Segurança da OMS. “Aplicando essas novas diretrizes, as equipes cirúrgicas podem reduzir danos, melhorar a qualidade de vida e fazer a sua parte para acabar com a resistência a antibióticos. Nós também recomendamos que os pacientes que se preparam para cirurgias perguntem a seus médicos se eles estão seguindo as orientações da OMS.”
Até o momento, não havia diretrizes internacionais baseadas em evidências e a interpretação das evidências e recomendações das diretrizes nacionais não era uniforme. As novas diretrizes da OMS são válidas para qualquer país, adaptáveis a circunstâncias locais, e levam em conta a consistência das evidências científicas, os custos e recursos necessários e os valores e as preferências dos pacientes. A oferta de orientações mais detalhadas sobre a prevenção das infecções complementa a popular Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da OMS.

Interrompendo a propagação da resistência aos antibióticos
Outro ponto importante é que as diretrizes recomendam o uso de antibióticos apenas antes e durante a cirurgia, com o objetivo de prevenir as infecções. Trata-se de uma medida crucial para interromper a propagação da resistência a esses medicamentos. Ao contrário do habitual, antibióticos não devem ser usados após a cirurgia.
Antibióticos são medicamentos usados para prevenir e tratar infecções bacterianas. A resistência ocorre quando a bactéria se modifica em resposta ao uso desses medicamentos e se desenvolve naturalmente com o tempo. Entretanto, o uso inapropriado em humanos e animais pode acelerar rapidamente o processo.
A resistência aos antibióticos está colocando em risco as conquistas da medicina moderna. Sem antibióticos eficazes para prevenir e tratar infecções, transplantes de órgãos, quimioterapia e cirurgias como cesárea e próteses do quadril se tornam muito mais perigosas e podem aumentar o tempo de internação no hospital, os custos médicos e a mortalidade.
Muitos estudos revelam que a implementação de uma série de medidas preventivas reduz significantemente os danos das infecções cirúrgicas. Um estudo piloto em quatro países africanos mostrou que a aplicação de algumas das novas recomendações poderia reduzir as infecções cirúrgicas em 39%. Com base nesses exemplos, a OMS está desenvolvendo um guia e uma série de ferramentas que ajudarão as autoridades nacionais e locais a colocar as recomendações em prática.

Fonte: BRASIL, Ministério da Saúde, 2016.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Ministério da Saúde vai distribuir teste rápido de Zika

Foram adquiridas 3,5 milhões de unidades produzidas pelo laboratório público Bahiafarma. A previsão é que os testes cheguem a partir de novembro 

O Ministério da Saúde anunciou, nesta terça-feira (25/10), a compra de 3,5 milhões de teste rápido para identificar o vírus Zika. Está prevista a distribuição de dois milhões de kits até o final deste ano e o restante até fevereiro de 2017. A tecnologia confirma, em 20 minutos, se o paciente está ou já foi infectado pelo vírus Zika em algum momento da vida. Ou seja, com a tecnologia será possível identificar o vírus no organismo, independente do tempo de infecção. A produção do insumo será feita pelo laboratório público Bahiafarma. Atualmente, o teste ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS) é o PCR (biologia molecular), que só detecta a doença durante no período de viremia, quando o vírus está presente na corrente sanguínea.
Ao todo, foram investidos R$ 119 milhões para a aquisição dos testes sorológicos, com projeção para garantir o abastecimento da rede por um ano. A negociação com a Bahiafarma permitiu a compra no valor unitário de R$ 34,00, quase quatro vezes menor que o valor proposto por outra empresa do mercado, de R$ 131,75 por teste. A compra foi feita por meio de licitação dispensável, quando é permitida à administração pública a contratação de produtos ou serviços em que a transferência de tecnologia é estratégica ao SUS. A medida está prevista na Lei nº 8.666/93. O desenvolvimento do teste rápido contra o Zika é fruto da parceria entre o Governo da Bahia e a empresa sul-coreana Genbody Inc., que firmaram um acordo de transferência de tecnologia para a Bahiafarma.

O teste será realizado em pessoas que tiverem sintomas da doença e com indicação médica, sendo que as gestantes e crianças terão preferência. “Além de ser rápido, este é o primeiro teste de Zika que permite a detecção pregressa da infecção pelo vírus. Isso é muito importante para cuidar da população que mais precisa por isso a prioridade são as gestantes e as crianças”, enfatizou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Ouça aqui a matéria da rádio saúde.

O diagnóstico produzido pela Bahiafarma é composto por duas tiras portáteis em que são depositadas as amostras de soro dos pacientes a serem analisadas. A primeira tira vai identificar infecções recentes, de até duas semanas, anteriores à realização do exame. A segunda vai identificar se a pessoa foi infectada há mais tempo, tudo isso dentro de 20 minutos. Com essa maior agilidade no resultado, o tratamento pode ser iniciado imediatamente, se tornando mais eficaz, já que o contágio pode ser confirmado assim que surgem os sintomas da doença. “Os parâmetros obtidos pelo teste da Bahiafarma na Anvisa e no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde foram acima de 90%. Isso assegura a qualidade do teste que traz um diagnóstico mais complexo já que é possível detectar tanto a infecção imediata quanto a passada”, explicou Ronaldo Dias, presidente da Bahiafarma.

AÇÕES PERMANENTES A compra do teste rápido faz parte da estratégia permanente do Ministério da Saúde de enfrentamento ao Aedes aegypti e chega antes do verão, período de maior circulação do vetor e, consequentemente das doenças transmitidas por ele, como Zika, dengue e chikungunya.
Desde a identificação do vírus Zika no Brasil e sua associação com os casos de malformações neurológicas, que aconteceu no segundo semestre de 2015, o Ministério da Saúde tem tratado o tema como prioridade.
Os recursos federais destinados à Vigilância em Saúde, Piso Fixo de Vigilância em Saúde (PFVS), para a transferência aos estados, municípios e Distrito Federal que incluem as ações de combate ao Aedes aegypti cresceram 39% nos últimos anos (2010-2015), passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão em 2015. E, no ano de 2016, teve um incremento de R$ 580 milhões, chegando o valor a R$ 1,87 bilhão. Além disso, o Ministério da Saúde contou com apoio extra do Congresso Nacional, por meio de emenda parlamentar, no valor de R$ 500 milhões.
DADOS ZIKA O Brasil registrou, até 17 de setembro, 200.465 casos prováveis de Zika, o que representa uma taxa de incidência de 98,1 casos a cada 100 mil habitantes. Foram confirmados laboratorialmente, em 2016, três óbitos por vírus Zika no país. Em relação às gestantes, foram registrados 16.473 casos prováveis em todo o país. A transmissão autóctone do vírus no país foi confirmada a partir de abril de 2015, com a confirmação laboratorial no município de Camaçari (BA). O Ministério da Saúde tornou compulsória a notificação dos casos de Zika em fevereiro deste ano. Desde então, estados e municípios vinham preparando seus sistemas de registros para encaminhar estas notificações ao Ministério da Saúde. Antes disso, o monitoramento do vírus Zika era realizado por meio de vigilância sentinela.
A região Sudeste teve 83.151 casos prováveis da doença, seguida das regiões Nordeste (74.190); Centro-Oeste (29.875); Norte (11.928) e Sul (1.321). Considerando a proporção de casos por habitantes, a região Centro-Oeste fica à frente, com incidência de 193,5 casos/100 mil habitantes, seguida do Nordeste (131,2); Sudeste (97,0); Norte (68,3); Sul (4,5).

Por Amanda Mendes e Victor Maciel da Agência Saúde
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