Iniciativa é fruto de parceria público-privada entre a
Fiocruz e a empresa Orygen Biotecnologia. O projeto é um dos priorizados
pela Organização Mundial da Saúde para garantir o acesso da população
dos países pobres a tecnologias de última geração
O Brasil inicia neste ano a nova fase de estudos clínicos para a
vacina de esquistossomose, chamada de Vacina Sm14. O anúncio foi feito
esta sexta-feira (26), no Rio de Janeiro pela Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz). Os testes acontecerão entre setembro e dezembro
de 2016, período que corresponde à mais alta endemicidade da doença em
território africano. A produção e desenvolvimento da vacina é uma
parceria público-privada (PPP) entre a Fiocruz e a empresa Orygen
Biotecnologia S.A. O projeto é um dos priorizados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS).
Ao longo das três etapas de Fase II, está prevista a
participação de 350 voluntários, entre adultos, inicialmente, e em
criança. A Vacina Sm14 será administrada em três doses, com intervalos
de um mês entre cada uma. A conclusão e os resultados dos estudos estão
previstos para 2017. “É a primeira vez no mundo que uma vacina
parasitária produzida com tecnologia brasileira de última geração chega à
Fase II de estudos clínicos. Um importante passo para o enfretamento
desse problema de saúde que atinge principalmente populações pobres de
diferentes países”, comemorou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Desenvolvida e patenteada pelo Instituto Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz), a vacina utiliza a proteína Sm14, sintetizada a partir do
Schistosoma mansoni, verme causador da esquistossomose na América
Latina e na África. Será produzida a partir de um antígeno – substância
que estimula a produção de anticorpos, evitando que o parasita causador
da doença se instale no organismo ou que lhe cause danos. “Esse tipo de
iniciativa fortalece o Brasil como uma base tecnológica capaz de
assegurar o atendimento das demandas do sistema público de saúde”,
afirmou o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.
Nessa fase do estudo, os testes serão realizados em adultos
moradores da região endêmica no Senegal, na África, local atingido
simultaneamente por duas espécies do parasito Schistosoma, causador da
doença. Essa característica, que não existe em nenhuma região
brasileira, é muito importante para que se possa verificar a segurança
da Vacina Sm14.
ESQUISTOSSOMOSE - Os casos da
doença acontecem em ambientes onde não há infraestrutura adequada de
saneamento básico: fezes de pessoas infectadas com o verme Schistosoma,
quando despejadas inapropriadamente em rios e outros cursos de água
doce, podem infectar caramujos do gênero Biomphalaria. Por sua vez, os
caramujos liberam larvas do verme na água, podendo infectar outras
pessoas por meio do contato com a pele, reiniciando o ciclo da doença. A
vacinação terá potencial de interromper o ciclo de transmissão,
induzindo uma imunidade duradoura.
Por Agência Saúde, com informações da Fiocruz
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