“Foi um enorme privilégio sediar este evento tão importante”, disse na última quinta-feira (16/04) o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DDAHV) do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, ao fim do terceiro e último dia da consulta regional Estratégias Globais da área da saúde para HIV, IST e Hepatites Virais e plano de ação da Opas para Hepatites Virais: definindo a agenda pós-2015.
Promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e o Ministério da Saúde, por meio do DDAHV, a consulta foi a primeira de uma série de seis que a OMS irá realizar em diferentes regiões do planeta para abordar e subsidiar três estratégias globais de saúde (global health sector strategies/GHSS, na sigla em inglês) referentes a estes agravos no período 2016-2021. Em pauta, portanto, as estratégias globais da OMS para DST, HIV e hepatites virais; a estratégia global pós-2015 do Unaids para HIV e aids; e a estratégia regional da Opas para hepatites virais na América Latina e no Caribe.
Estavam presentes representantes dos Estados Unidos, do Canadá e dos países da América Latina e do Caribe, entre membros de organismos internacionais e agências de cooperação, de governos e da sociedade civil. “Esta mobilização abre o debate e os caminhos, para que o que ajudamos a construir aqui possa ser implementado nos próximos seis anos – e para que o mundo possa cumprir estas metas até 2030”, disse Mesquita.
A escolha do Brasil para sediar a consulta foi da própria OMS. Para o diretor de DST/Aids, Hepatites e Tuberculose da Opas, Massimo Ghidinelli, a escolha se deu em reconhecimento à contribuição histórica do país no enfrentamento às DST, ao HIV/aids e às hepatites virais. “O Brasil continua a ser uma grande referência na resposta a estes três agravos”, reiterou Ghidinelli.
TRÊS ESTRATÉGIAS – Um dos maiores destaques da consulta foi o debate em torno do primeiro plano global para as hepatites virais – hoje, a oitava entre todas as causas de mortes no mundo. Para fazer frente a esta realidade, o grupo de discussão focado na GHSS para as hepatites virais debruçou-se sobre a tarefa de discutir as bases deste primeiro plano de ação global para o agravo, a ser apresentado ao mundo na 69ª Assembleia Geral da OMS, em 2016.
“A meta da eliminação das hepatites começou aqui", disse o diretor do departamento de HIV/Aids da OMS, Gottfried Hirnschall, ao comentar a estratégia global para as hepatites virais – a primeira da história da OMS. O coordenador-geral de Hepatites Virais do DDAHV, Marcelo Naveira, lembrou que, “diferentemente da aids, ainda não existe uma estratégia global de acesso universal aos medicamentos para hepatites”. O Brasil será o primeiro país em desenvolvimento do mundo a implementar este acesso universal aos mais modernos medicamentos da hepatite C, livres de Interferon.
Reduzir o preço dos medicamentos, alcançar o tratamento universal e ampliar o acesso a ambos são algumas das estratégias. Foram estabelecidas metas intermediárias para 2020, para que seja possível chegar a 2030 com ampliação de diagnóstico, tratamento, redução de mortalidade, supressão de carga viral da hepatite B e a cura da hepatite C. Também foi ressaltada a urgência do enfrentamento da discriminação de pessoas vivendo com HIV, IST e hepatites virais.
IST – Segundo a diretora adjunta do DDAHV, Adele Benzaken, o campo das IST é ainda “internacionalmente negligenciado”. “O desafio priorizado na consulta regional foi a eliminação da sífilis congênita, com ênfase para a vacinação do HPV e a possibilidade concreta de impactar o câncer de colo do útero, que é uma das principais causas de mortalidade em mulheres no mundo todo”, disse Adele.
HIV – Quanto ao HIV/aids, tanto as estratégias globais do Unaids quanto a da OMS propõem eliminar a epidemia até 2030.
Entre os objetivos traçados está diminuir as novas infecções para 200 mil por ano. O desafio dos países é garantir que, de todas as pessoas que vivem com HIV, 90% sejam testadas e conheçam seu diagnóstico; que 90% destas pessoas entrem em tratamento antirretroviral; e que 90% destas tenham a carga viral suprimida.
“Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – em vigor até o final de 2015 – colocaram a aids, a tuberculose e a malária no mesmo patamar de importância; agora, na pauta que está sendo discutida na Organização das Nações Unidas para depois de 2015 – as Metas de Desenvolvimento Sustentável –, a aids, a tuberculose, a malária e as hepatites passaram a ter o mesmo status”, celebrou o diretor Fábio Mesquita.
Qualquer cidadão do planeta pode participar, até 30 de abril, da pesquisa online aberta pela OMS sobre a consulta das Estratégias Globais da área da saúde para HIV, IST e Hepatites Virais.