segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Campanha Outubro Rosa busca estimular detecção precoce do câncer de mama

Divulgação/Ministério da Saúde
No Brasil, o câncer de mama é a segunda causa de morte entre mulheres
O ano de 2012 registrou crescimento de 37% na realização de mamografias na faixa prioritária – de 50 a 69 anos – em comparação com 2010, no Sistema Único de Saúde (SUS). Os procedimentos somaram 2,1 milhões no ano passado, contra 1,5 milhões em 2010. Se incluídas todas as faixas etárias, o número de exames realizados no último ano atingiu a marca de 4,4 milhões, representando um crescimento de 26% em relação a 2010.
Para estimular a detecção precoce do câncer de mama, o Ministério da Saúde dá início à campanha para conscientização das mulheres sobre o tema, reforçando as ações do movimento Outubro Rosa.
 
Outubro Rosa
O movimento popular Outubro Rosa é internacional. Em qualquer lugar do mundo, a iluminação rosa é compreendida como a união dos povos pela saúde feminina. Em Brasília, às 18h40 desta terça-feira (1º), o prédio do Ministério da Saúde e o Congresso Nacional serão iluminados com luzes cor-de-rosa. O câncer de mama é a segunda causa de morte entre mulheres. Somente no ano de 2011, a doença fez 13.225 vítimas no Brasil. O rosa simboliza alerta às mulheres para que façam o autoexame e, a partir dos 50 anos, a mamografia, diminuindo os riscos que aparecem nesta faixa etária. Para que mais mulheres possam fazer o exame, o Ministério da Saúde investiu, em 2012, R$ 92,3 milhões – um aumento de 17% em relação a 2011.
 
Assistência
Em 2011, a presidenta Dilma Rousseff lançou o Plano Nacional de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama, estratégia para expandir a assistência oncológica no País. Atualmente, o SUS tem 277 serviços na assistência oncológica que atendem a 298 unidades hospitalares distribuídas nas 27 unidades da federação para a detecção e tratamento de câncer em todo País. Com o investimento do governo federal, mais de 3,6 milhões de sessões de radioterapia e quimioterapia foram feitas pelo SUS, com investimento de R$ 491,8 milhões. As cirurgias oncológicas também representam a preocupação com o combate à doença. No ano passado, foram investidos R$ 16,8 milhões.
Para agilizar o acompanhamento dos serviços oncológicos, o Ministério da Saúde criou o Sistema de Informação do Câncer (Siscan). O software, disponível gratuitamente para as secretarias de saúde, permite o monitoramento do atendimento oncológico na rede pública por meio da inserção e processamento de dados, gerido pelo Ministério da Saúde. O sistema funciona em plataforma web e já tem a adesão dos 27 estados brasileiros, dos quais 17 já começaram a inserir os dados no sistema. O prazo para substituição dos demais sistemas pelo Siscan termina em janeiro de 2014. A cobertura das informações também se estenderá a todos os tipos de câncer. Até o momento, o sistema já recebeu mais de 104,3 mil requisições de exames, sendo 39,6 mil referentes a mamografias.
Para este ano, o Ministério da Saúde instituiu a centralização da compra do L-Asparaginase. Usado no tratamento de câncer, o medicamento era comprado pelos serviços do SUS habilitados em oncologia. A medida foi tomada após a empresa brasileira que distribuía o medicamento comunicar ao governo federal a interrupção do fornecimento por parte de uma empresa estrangeira. A partir de 2015, o L-Asparaginase passa a ser produzido no Brasil por meio de parceria firmada em junho entre a Fiocruz e os laboratórios privados NT Pharma e Unitec Biotec. Assim, o país fica livre de ser surpreendido pela suspensão da oferta por uma empresa privada internacional sem atividades produtivas no País.
Sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a Lei 12.732/12, conhecida como Lei dos 60 dias, garante aos pacientes com câncer o início do tratamento em no máximo 60 dias após a inclusão da doença em seu prontuário, no SUS. O prazo máximo vale para que o paciente passe por uma cirurgia ou inicie sessões de quimioterapia ou radioterapia, conforme prescrição médica.
Fonte:

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Rio de Janeiro terá novos serviços para assistência a pessoas com deficiência

Serão três centros de reabilitação com transporte gratuito e uma oficina de próteses no estado, que passará também a ofertar mais exames do teste do pezinho. Ministério da Saúde anunciou R$ 205,2 milhões por ano para atendimento especializado, inclusive oferta de cadeira de rodas motorizadas
 
As pessoas com deficiência passarão a ter acesso a novos serviços e equipamentos no Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (7), em Brasília, uma série de ações que terão aporte de R$ 205,2 milhões e vão beneficiar 944 mil pessoas por ano. Serão inaugurados 29 Centros Especializados de Reabilitação (CER) e 18 oficinas de órteses e próteses sendo três centros e uma oficina no Rio de Janeiro. O estado receberá ainda um micro-ônibus para transporte desses pacientes até os serviços de saúde de um total de 20 que serão entregues no país. Além disso, passará a oferecer mais exames no teste do pezinho para diagnóstico de doenças em recém-nascidos e receberá recursos para a qualificação do atendimento a esse público em cinco Centros de Especialidade Odontológica (CEO).
O Sistema Único de Saúde passará a ofertar mais seis novos modelos de cadeiras de rodas e o sistema FM, acessório para aparelhos auditivos. Ministério da Saúde inaugura também 18 oficinas de órteses e próteses e vai liberar recursos para qualificar o atendimento a pessoas com deficiência em 47 Centros de Especialidade Odontológica (CEO) no país, aumentando em 50% o valor para que os profissionais sejam capacitados para usar técnicas especializadas para tratamento desse público. Cada CEO terá uma cadeira de rodas 40 horas por semana para atendimento. Mais de 200 CEOs já foram qualificados.
Essas são as primeiras medidas do programa Viver Sem Limite, Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, lançado pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, em 2011. Os novos serviços e equipamentos estão voltados à inclusão social dos brasileiros com deficiência, garantindo autonomia e independência a esse público e possibilitando melhor qualidade de vida.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que “o Sistema único de Saúde está se organizando para que as pessoas com deficiência não tenham limitações. Quem impõe limites a esses brasileiros é a sociedade que não se organiza”, disse, acrescentando que "quando o governo federal lançou o programa Viver Sem Limite inaugurou um novo padrão de atendimento para essa grande população brasileira”, completou.
Padilha disse ainda que a “a presidenta Dilma Rousseff, ao lançar o Viver Sem Limite obrigou os centros de saúde a se organizar para atender esses cidadãos para que possam viver plenamente, sem limites, com qualidade de vida e autonomia”, concluiu.
Os CER são serviços de qualidade assistencial em reabilitação que atendem pessoas com deficiência física, visual, auditiva e intelectual, conforme o número de modalidades habilitadas. Os três centro do Rio de Janeiro, vão funcionar na capital do Estado para atendimento de pessoas com deficiência física, intelectual e auditiva – e receberá um micro-ônibus adaptado para pessoas que não apresentam condições de mobilidade e acessibilidade autônoma aos meios de transporte convencional ou que manifestem grandes restrições ao acesso e uso de equipamentos urbanos até os serviços de saúde. Ao todo, 20 automóveis serão doados pelo Governo Federal aos estados e municípios.
Também está prevista, até o fim de 2014, a entrega de outras 88 vans. As 18 oficinas ortopédicas, que serão inauguradas em Uberlândia (MG), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Teresina (PI) e Goiânia (GO), vão confeccionar órteses sob medida e fazer ajustes das próteses para cada usuário.
Atualmente, as unidades de reabilitação da Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência do SUS recebem recursos do Ministério da Saúde por produção. Além disso, essas unidades não ofertam serviços de reabilitação integrados, geralmente abarcam apenas uma modalidade. Com a nova política, os CER serão custeados pelo ministério mensalmente, o que dará sustentabilidade para os serviços, que também deverão ser ofertados integrando todas as modalidades. Além dos CER que estão sendo habilitados hoje, 22 CER estão em construção e 13 convênios para qualificar como CER. O Brasil já conta com 60 oficinas de órteses e próteses.
CADEIRAS DE RODAS– Serão incorporadas mais 6 tipos de cadeiras de rodas no Sistema Único de Saúde, além das cadeiras de rodas padrão – adulto e infantil – e cadeira de rodas para tetraplégico manual, que continuarão a ser ofertadas na rede pública de saúde. Com as novas incorporações, o SUS passa a ofertar, dentro de 6 meses, a cadeira motorizada, equipada com motor elétrico, que pode ser movida por controle remoto, pelo queixo ou boca. Também ofertará a cadeira monobloco, leve e portátil, que possui mecânica favorável à propulsão e manobras em terrenos acidentados. Serão incorporadas ainda cadeira de rodas para pessoas acima de 90 quilos, para banho em concha infantil, com encosto reclinável, com aro de propulsão –, adaptação postural em cadeira de rodas.
Outra nova incorporação será um dispositivo auditivo para crianças de 5 a 17 anos com deficiência auditiva (de grau leve, moderado, severo ou profundo) matriculadas no ensino fundamental I e II e ensino médio. O acessório, acoplado ao aparelho auditivo, elimina o excesso de ruídos que interferem na interpretação do aluno. Um microfone posicionado próximo a boca do professor capta a fala com boa intensidade, reduzindo os efeitos de reverberação e ruídos, e o som captado é enviado via FM diretamente para o receptor, qualificando o aprendizado do estudante. Após a publicação das portarias que incorporam as novas tecnologias, o SUS tem até 6 meses para efetivar a oferta à população.
TESTE DO PEZINHO Já a ampliação do acesso a exames do Programa Nacional de Triagem Neonatal, que realiza o Teste do Pezinho, abarcará os estados do Acre, Alagoas e Sergipe na Fase III, e São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul na Fase IV. A Fase III é capaz de identificar em recém-nascidos as doenças hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doença falciforme e fibrose cística. E a Fase IV, além dessas, identifica deficiência da biotinidase e hiperplasia adrenal primária. Com as incorporações, um total de 16 estados terá o teste do pezinho na Fase III e quatro na fase IV. Os testes são implantados nos estados em quatro fases, conforme a estruturação dos serviços – capacidade de oferta dos testes de laboratório, contratação de profissionais para o acompanhamento do paciente e a estrutura para o tratamento. Com, isso, cerca de 545 mil crianças devem ser beneficiadas por ano.
VIVER SEM LIMITE– OPlano Viver Sem Limite visa a atender os cerca de 45 milhões de brasileiros - 23,9% da população - que possuem algum tipo de deficiência. Por meio de ações estratégicas em educação, saúde, inclusão social e acessibilidade, o plano visa promover a cidadania e o fortalecimento da participação da pessoa com deficiência na sociedade, promovendo sua autonomia, permitindo o acesso e o usufruto, em bases iguais, aos bens e serviços disponíveis a toda a população. Serão investidos no plano um total de R$ 7,6 bilhões até 2014, sendo R$ 1,4 bilhão do montante destinado ao eixo da saúde.
Por Tatiana Alarcon, da Agência Saúde – Ascom/MS
(61) 3315 3580 e 3315-6249

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

HPV é o tema do Ligado em Saúde

O Ministério da Saúde ampliou a faixa etária de vacinação contra o vírus do papiloma humano, o HPV. Em 2014, meninas dos 11 aos 13 anos vão receber, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), as duas primeiras doses necessárias para a imunização contra o vírus responsável pela maioria dos casos de câncer do colo do útero. A terceira dose deverá ser aplicada cinco anos após a primeira. A partir de 2015, a vacinação vai abranger também as pré-adolescentes dos 9 aos 11 anos.

E nesta segunda-feira (14), o Ligado em Saúde vai falar sobre o HPV. No estúdio, a apresentadora Marcela Morato conversa com o ginecologista, professor e chefe do setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Mauro Romero Leal Passos. O programa vai ao ar às 11h.

Na entrevista, Passos vai tirar dúvidas sobre o vírus, explicar os diferentes tipos de HPV e os diferentes sintomas e problemas que eles podem provocar, quais têm relação com o câncer e como o Ministério da Saúde vai oferecer as doses da vacina a partir do ano que vem. Também serão abordadas outras formas de prevenção e a importância de as famílias aderirem ao programa de vacinação do governo.

Mauro Romero Leal Passos é um militante pela inclusão das vacinas contra o vírus do papiloma humano no sistema público de saúde e é autor de livros como Doenças Sexualmente Transmissíveis, da Editora Biologia e Saúde, e HPV que bicho é esse?, da RQV Editora.

Sobre o Ligado em Saúde
É um programa de entrevista e serviço sobre temas de saúde voltado para o público em geral, apresentado por Marcela Morato. O ponto de partida são sugestões de pauta do público e o programa vai ao ar às segundas e quartas-feiras, de 11h às 11h30. Os assuntos abordados referem-se à promoção da saúde, prevenção e esclarecimento sobre doenças.

Participação do público
O público pode participar do programa, que é gravado, sugerindo pautas e enviando perguntas antecipadamente para a produção através do e-mail ligado@canalsaude.fiocruz.br ou ligando, gratuitamente, para 0800 701 8122. Você pode ainda interagir com o programa com comentários na Fan Page do Canal Saúde (facebook/canalsaudeoficial).

Como assistir
Internet: acesse www.canalsaude.fiocruz.br e clique na WEB TV, na página principal.
Televisão: parabólica digital (freqüência 3690) ou TVs parceiras de veiculação. Consulte a página Como Assistir no site do Canal Saúde. Os conselheiros de saúde em todo o Brasil podem assistir pela Oi TV, canal 910.

Saiba mais: www.canalsaude.fiocruz.br
Curta: http://www.facebook.com/canalsaudeoficial
Siga: https://twitter.com/canalsaude

Acesse o site www.canalsaude.fiocruz.br, acompanhe a programação completa da TV e assista também aos vídeos em nosso acervo. Faça a sua busca e programe-se para assistir quando quiser.

Mais informações:
Canal Saúde/Fundação Oswaldo Cruz
Assessoria de Comunicação – Gabriel Cavalcanti gabrielcfonseca@gmail.com - 55 21 3194-7743

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Dia das Crianças: Transmissão vertical zerada. Chegaremos a isso quando?


Na Semana da Criança, a melhor notícia que poderíamos ter é a de que a transmissão vertical (TV) do HIV/aids, ou seja, a infecção de bebês pelas mães durante a gravidez, o parto ou a amamentação, está totalmente zerada. Ou estará em 2015, como prevê a meta do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV/Aids (Unaids). Mas, embora a incidência da TV venha diminuindo significamente ao longo dos anos, ainda vamos levar mais tempo para chegar lá. É o que preveem gestores, médicos e ativistas ouvidos pela Agência Aids. Eles apontam a dimensão do país, a diversidade e a falta de investimento no combate à doença como fatores que impedirão o país de chegar à meta.

Segundo dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, a incidência de aids em menores de 5 anos em 2011 ficou em 5,4 para cada 100 mil habitantes, o que representa 745 casos notificados. A média se mantém mais ou menos estável desde 2006. O mesmo relatório mostra que em 2011 foram 386 casos de aids notificados na categoria TV. Número bem menor do que os 867 de 2001. Outro dado positivo é a redução da mortalidade: em 2011 foram 45 óbitos por aids em menores de 5 anos contra 212 no ano 2000.

“Embora seja uma meta que a gente queira alcançar, não será possível se chegar a ela até 2015”, diz Fábio Mesquita, diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. “Há cidades em que a meta foi atingida muito antes de o compromisso do Unaids ser assinado, como é o caso de São Paulo, de Santos. Mas será impossível chegar ao sucesso absoluto em todo o Brasil.”

Diversas influências

Marinella Della Negra, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, diz que, embora tenha muito a melhorar, o Brasil está evoluindo na questão da TV. “Temos muitos recursos disponíveis: os antirretrovirais, o consenso de normas. Mas o Brasil é muito grande, o que torna difícil, inclusive, a análise dos dados”, diz Marinella. Para a médica, a gestante ter consciência da importância do teste de HIV/aids e os serviços de saúde pedirem que ela o faça são dois fatores que podem levar, não ao cumprimento da meta de 2015, mas para bem perto dele.

A infectologista acrescenta que as falhas que impactam nas transmissões dificilmente estão isoladas. E, se a prevenção, o diagnóstico e o atendimento andam bem, só pode haver uma diminuição na transmissão. “Se os números aumentam, é sinal de que algo não está funcionando, mas a análise é mais complexa, os dados são influenciados por muitos fatores. O desafio é que, em cada local, se faça uma autocrítica e um estudo para ver o que está acontecendo, onde está o erro”, aconselha.

O Boletim Epidemiológico de 2012 indica também uma tendência de aumento na taxa de detecção do HIV em gestantes nos últimos 10 anos. Será que as mulheres soropositivas estão engravidando conscientemente, agora mais confiantes no sucesso dos tratamentos? Marinella Della Negra não acredita nisso. “ Elas já chegam grávidas no serviço de saúde e depois descobrem que têm HIV. O aumento na taxa de detecção nos faz pensar: foi o diagnóstico que melhorou ou os casos aumentaram? Todos os fatores devem ser analisados se quisermos chegar a uma real melhora.”

Fábio Mesquita diz que o fato de ter mais mães soropositivas querendo engravidar não tem associação com o aumento de gestantes infectadas. “Hoje, temos técnicas de controle que são muito mais efetivas quando a mulher já sabe que é soropositiva antes do que quando descobre no meio da gravidez”, explica Mesquita. “Evidentemente, as ações de aumento de diagnóstico levadas a cabo na atenção básica (pré-natal) através da estratégia da Rede Cegonha podem levar a um aumento na notificação de casos em gestantes.”

José Araújo Lima, diretor do Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (EPAH), ressalta que a meta de zerar a TV está ameaçada em todo o Brasil e no mundo. “No estado de São Paulo, fizemos grandes avanços, estamos muito próximos de atingir a meta do Unaids. Ou estávamos, porque passamos por um gargalo no sistema de saúde.” Araújo aponta a dificuldade de as mulheres terem acesso ao pré-natal como um impedimento. “ E não é só no Brasil, não. Todo o mundo vai estender a meta por mais uma década, pois não há uma política consistente para cumpri-la.”

Incidências inexplicáveis

Os dados da TV no Brasil mostram significativas diferenças regionais. O Rio Grande do Sul apresenta a maior taxa de incidência em menores de 5 anos, com 16,5 casos a cada 100 mil habitantes, número que é mais que o triplo da média nacional. Depois, vêm Espírito Santo (12,6), Santa Catarina (10,5), Rio de Janeiro (10,1) e Rondônia (10,1). O estado com a incidência mais baixa é o Tocantins, com 1,6 casos a cada 100 mil habitantes.

Os estados da região sul, especialmente o Rio Grande do Sul, se destacam no cenário nacional da epidemia por suas altas taxas de incidência e de mortalidade por aids, o que também reflete nos dados relativos à TV. Por exemplo, a média nacional de detecção de HIV em gestantes é de 2,3 a cada mil nascidos vivos. No Rio Grande do Sul, o número é de 8,4. Em Santa Catarina, de 6.

Sempre reforçando a complexidade de se ler os dados da doença no Brasil, a infectologista Marinella Della Negra questiona. “O sul não é uma das regiões mais carentes. Então, o que explica essa taxa alta de TV? Temos lá um problema de gestão? De diagnóstico? É difícil analisar. O que é certo é que algo lá não está funcionando.”

Fatores do sul

O coordenador do Programa Estadual de DST/Aids do Rio Grande do Sul, Ricardo Charão, assume que a situação no estado é preocupante. Segundo ele, a capital Porto Alegre apresenta índices consideravelmente maiores que os nacionais e do que o resto do estado há cerca de 10 anos.

“As causas são multifatoriais. Temos, principalmente, a dificuldade de acesso da população às redes de atenção. As mulheres chegam tarde nos serviços, sem terem feito pré-natal e, sendo HIV positivas, é claro que a chance da TV é maior”, diz ele.

Charão conta que a qualidade do pré-natal também é um problema no estado. “Os dados mostram que as gestantes fazem em média seis ou sete consultas no pré-natal, o que é um número bom. Mas, aparentemente, a quantidade não é acompanhada da qualidade”. Segundo o gestor, o investimento agora é no sentido de garantir que etapas fundamentais, como o teste rápido para o HIV e a sífilis, o monitoramento durante a gestação e o cumprimento de todos os protocolos sejam cumpridos.

“O caminho é reforçar a saúde básica para melhorar o atendimento à gestante com o vírus diz diz Carlos Alberto Duarte, vice-presidente do Grupo de Apoio a Prevenção à Aids (Gapa). Mas, de maneira nenhuma, vamos cumprir a meta em 2015, até porque o estado, historicamente, investe pouco em saúde. Isso traz consequências. Desmantelar serviços é rápido, mas reerguê-los e reestruturá-los leva tempo. Não vamos reverter esse quadro em um ou dois anos.”

O coordenador estadual Ricardo Charão concorda que houve um “desinvestimento” na aids e um certo abandono institucional. “Mas não foi só no Rio Grande do Sul, vemos essa situação no Brasil e nos outros países”, defende Ricardo. Charão frisa que os indicadores do estado são resultado de um processo histórico e as taxas de hoje, reflexo de políticas de muitos anos. “Não vivemos num paraíso, mas o Rio Grande do Sul tem sim compromisso com a política de aids”, diz ele. “A meta da coordenação estadual é reduzir a transmissão vertical no mínimo 10% a cada ano.”

Risco na amamentação

Já em Santa Catarina, o problema foi o uso de estratégias que não deram certo, segundo Vanessa Vieira da Silva, da gerência do Programa Estadual de DST/Aids. Ela diz que de 2004 para a frente a linha adotada pelo Programa não foi produtiva. “Em 2012, houve a percepção disso e a mudança.” Vanessa diz que, para os gestores do estado, embora os números de transmissão do HIV sejam preocupantes, a sífilis congênita preocupa mais. Segundo ela, a doença é totalmente evitável, tem tratamento barato e, mesmo assim, apresenta números altos, com tratamento inadequado no pré-natal.

“Quanto à transmissão vertical, estamos inserindo o teste rápido como diagnóstico precoce para diminuir o número de casos”, continua Vanessa. Ainda no que diz respeito ao HIV, ela Vanessa conta que, em Santa Catarina, a transmissão na amamentação vem desenhando um cenário preocupante. “Os serviços têm identificado mulheres soropositivas que fizeram tratamento e não transmitiram o HIV durante a gestação e o parto, mas houve uma transmissão posterior, pois elas amamentaram o bebê.”

Vanessa também diz perceber o aumento do número de mulheres soropositivas querendo engravidar, confiantes no avanço da terapia antirretroviral e destaca a melhora na qualidade do diagnóstico. “Tanto é que a nossa previsão para 2013 é de que a transmissão tenha diminuído, mas o número de novos casos venha a aumentar.” Ainda assim, admite não ser possível zerar a TV em 2015. “Nossa meta é diminuir esse número para 5 a cada 100 mil habitantes.”

Possíveis mudanças

“Duas regiões em particular, o Norte e o Rio Grande do Sul, a partir do segundo semestre, terão ações focalizadas do Departamento”, promete Fábio Mesquita. “Essas ações poderão dar mais clareza para entender por que essas regiões têm uma disparidade em relação às outras e como nós podemos intervir na TV e em outros indicadores.”

Para finalizar, Mesquita conta que a versão atualizada em 2012 do documento “Recomendações Para Terapia Antirretroviral em Adultos Infectados pelo HIV” traz uma nova recomendação de tratamento para gestantes, que é a de indicação de tratamento independentemente do nível de CD4 (contagem das células que protegem o organismo de doença) e a manutenção da terapia após o parto. “Isso vai em direção ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está chamando de B-Plus, a alternativa de começar o tratamento e não interromper nunca mais. Não apenas pensando na criança, mas também na mãe”, conclui Mesquita.

Nana Soares


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Secretaria de Saúde comemora Outubro Rosa

Secretaria Municipal de Saúde (SMS) promoveu quarta-feira, dia 02, ação em comemoração ao Outubro Rosa na estação do bondinho do Cosme Velho e no Corcovado. Os jovens do RAP da Saúde e profissionais da SMS estiveram no local para promover ações de conscientização sobre o câncer de mama e do colo de útero, entre outras atividades.
Em parceria com a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia e o Inca, a SMS também vai promover uma série de exibições de filmes nas Naves do Conhecimento, além de uma exposição virtual retratando a história do controle do câncer de mama no Brasil. Quem for aos locais, vai poder participar do quiz "Mitos e verdades sobre câncer de mama", que, com a presença de técnicos do INCA, vai proporcionar atividades de educação e informação.